Alexandre Sampaio é presidente da FBHA

A hotelaria é um dos mais importantes segmentos do turismo brasileiro e, em 2019, deverá viver um período de grandes desafios. Depois de dois anos seguidos de encolhimento generalizado na economia, o que se espera a partir de agora é uma fase de importantes – e positivas – transformações. Para que o país saia de vez da crise e volte a crescer, o novo governo federal precisa criar medidas que incrementem o setor, responsável no ano passado, apesar de todas as dificuldades, pela injeção de R$ 163 bilhões de recursos no Brasil. Está também no DNA do turismo e, em especial, da rede hoteleira gerar postos de trabalho: foram sete milhões de empregos em todo território nacional.

Mas, então, o que é preciso para tornar o setor ainda mais competitivo mundialmente, aumentar a movimentação turística e, consequentemente, hoteleira nos estados e melhorar as condições de investimento no país? Não bastam os atrativos e belezas naturais para alçar um país a destino turístico internacional. É preciso garantir acesso, infraestrutura básica, qualificação e saneamento para os moradores locais. É preciso tecnologia, inovação e segurança.

Tive dois encontros com o presidente eleito Jair Bolsonaro. O primeiro no início da campanha eleitoral, quando foram apresentados os pleitos das entidades e associações empresariais nacionais do turismo, reunidas no Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade (Cetur), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O documento com as demandas – Turismo: +Desenvolvimento +Emprego +Sustentabilidade – reúne as principais reivindicações do setor, que está disposto a trabalhar em conjunto com o novo governo e colaborar com o que for necessário.

Entre as providências que esperamos para o próximo ano a flexibilização na concessão de vistos de entrada para um maior número de países é uma das prioridades. Outras medidas importantes e urgentes são a licitação para novos aeroportos, a aprovação do projeto de lei que propõe que companhias aéreas brasileiras possam ter até 100% de participação de capital estrangeiro, a volta da desoneração da folha de pagamento, a reforma tributária para melhorar o ambiente fiscal e a burocracia e a maior agilidade na concessão de licenças ambientais.

Para empreender no Brasil, o empresariado necessita de um ambiente que traga segurança jurídica, estímulo para investimento e geração de empregos e uma melhor mensagem para estimular turistas, internos e estrangeiros. Também é fundamental capacitar os funcionários da rede hoteleira.

Para o setor desenvolver todas as suas potencialidades, ele precisa ser encarado como estratégico, atuar com criatividade, fazer uso da tecnologia, ter profissionalismo e seriedade. Gargalos históricos precisam ser atacados de frente: marcos regulatórios devem ser revistos e estruturas institucionais, modernizadas. A modernização da Embratur também será essencial para a retomada do setor, assim como a abertura de cassinos.

Somos, segundo o Fórum Econômico Mundial, o país número 1 em recursos naturais do mundo. Precisamos mostrar isso ao mundo. Sim, há muito trabalho para frente, mas estamos motivados a construir um novo país. Que neste Dia do Hoteleiro e em tantos outros que virão, tenhamos realmente motivos para celebrar.

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Empresário com mais de 30 anos de atuação no mercado hoteleiro do Rio de Janeiro, Alexandre Sampaio é presidente da FBHA (Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação), diretor da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) e presidente do Conselho de Turismo da mesma CNC. Também é responsável pelo cb54 (Comitê Brasileiro de Normalização em Turismo da ABNT) e membro do conselho gestor do SindRio (Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro). 

(*) Crédito da foto: divulgação/FBHA/C.Bocayuva