Alexandre Sampaio é presidente da FBHA

Está na hora de superar de vez a distância entre o potencial do turismo no Brasil e a realidade. O setor, um dos mais relevantes da economia nacional, retoma o crescimento gradualmente, embalado não só pelo esforço incansável de suas entidades, mas pelo apoio demonstrado pelo MTur a medidas de incremento. O trabalho conjunto ainda pode render mais ações positivas, com a aprovação de medidas prioritárias capazes de destravar gargalos e criar mais oportunidades.

A expansão da isenção de exigência de visto para o ingresso de turistas vindos de países considerados estratégicos, como o que já foi feito com EUA, Japão, Austrália e Canadá; a criação de Áreas Especiais de Interesse Turístico (AEITs) e a ampliação da conectividade aérea no país, para expandir os mercados doméstico e internacional, são medidas que farão a atividade deslanchar. Menos burocracia, com setor atualizado às exigências dos novos tempos e em dia com os avanços tecnológicos.

É urgente, portanto, repensar e reorganizar o setor para ajudar o Brasil crescer.

A abertura do MTur para ouvir as propostas do setor tem animado as entidades, que buscam elaborar novas propostas e projetos que tornem a gestão do turismo no Brasil mais simples e dinâmica. O Brasil já apresentou números positivos no fim de 2018, com crescimento de 1,86% nos gastos dos estrangeiros no Brasil. De janeiro a dezembro do ano passado, os turistas internacionais injetaram US$ 5,92 bilhões na economia, frente aos US$ 5,81 bilhões registrados no mesmo período de 2017.

E as boas novas não param por aí, evidenciando que estamos na direção certa. De acordo com o ICV-Tur, elaborado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), com dados da Cielo, os cinco principais grupos de atividades turísticas faturaram, em abril de 2019, R$ 18 bilhões, sendo os maiores responsáveis alimentação (R$ 9,4 bilhões) e transporte de passageiros (R$ 4,8 bilhões).

Segundo o mesmo estudo, o faturamento anual das atividades de turismo soma um total de R$ 221 bilhões, sendo o setor de alimentação o mais expressivo, com R$ 118 bilhões (53% do total). O Sudeste é a região que concentra o maior faturamento: R$ 134 bilhões. Em seguida, figuram a região Sul, com R$ 36 bilhões; o Nordeste, com R$ 26 bilhões; Centro-Oeste com R$ 15 bilhões; e Norte, com R$ 7 bilhões.

O desempenho do turismo reflete positivamente também na empregabilidade. Os serviços turísticos se caracterizam pelo grande uso de mão de obra e consequente geração de postos de trabalho.

Segundo dados da CNC, o setor empregou em abril de 2019, formalmente, 2.935.043 trabalhadores, distribuídos da seguinte maneira: hospedagem e alimentação (1.929.791; 66% do total); transporte de passageiros (859.974; 29%); cultura e lazer (74.600; 3%) e agentes de viagem (70.678; 2%).

Em abril de 2019, as citadas atividades criaram 3.714 novos empregos, com contratações ocorridas em hospedagem e alimentação (+2.550) e transporte de passageiros (1.006).   Atualmente, o turismo brasileiro representa 8% do emprego formal.

Estamos orgulhosos de nossos resultados, mas sabemos que podemos fazer mais. Com o bem-vindo apoio do MTur, na figura do ministro, Marcelo Álvaro Antônio, estamos certos de que teremos ainda mais motivos para comemorar neste e nos próximos anos. Temos vocação para o diálogo e encontramos portas abertas e disposição para o trabalho conjunto. Que os próximos números sejam ainda mais animadores. Para nós do setor e para a totalidade dos brasileiros. 

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Empresário com mais de 30 anos de atuação no mercado hoteleiro do Rio de Janeiro, Alexandre Sampaio é presidente da FBHA (Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação), diretor da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) e presidente do Conselho de Turismo da mesma CNC. Também é responsável pelo cb54 (Comitê Brasileiro de Normalização em Turismo da ABNT) e membro do conselho gestor do SindRio (Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro). 

(*) Crédito da foto: divulgação/FBHA/C.Bocayuva