Vista do Ariaú Amazon Towers
(foto: arquivo HN)

O Ariaú Amazon Towers, localizado no meio da selva amazônica, recebeu uma multa de aproximadamente R$ 88 mil por desrespeitar cinco normas ambientais impostas pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) – cada infração implica em débito de aproximadamente R$ 17 mil.

 
“Universitários hospedados no hotel fizeram uma denúncia ao Ministério Público, que nos designou para uma inspeção. Cada licença ambiental expedida pelo Ipaam tem prazo máximo de dois anos e, como a do hotel estava vencida, mandamos dois técnicos ao local – um engenheiro civil e uma bióloga. Eles constataram uma série de agressões, como indícios de incineração de resíduos sólidos, detectado pela escavação de áreas para queimadas, além de restos de eletrodomésticos, latas de tintas, armazenamento de combustível de forma inadequada e até criação de animais, para a qual é necessária uma autorização do Ibama”, explica Aldenira Rodrigues Queiroz, diretora técnica do Ipaam.

Ela ainda informa que o hotel tem 20 dias para elaborar e apresentar sua defesa, que será encaminhada ao Conselho Estadual do Meio Ambiente do Amazonas (Cemaam). No caso do empreendimento não se adequar ou deixar de prestar contas, há a possibilidade de uma nova punição. “O hotel poderá ser embargado ambientalmente. Se isso ocorrer, o caso será encaminhando ao Ministério Público, que tem poder de decisão para caçar o alvará de funcionamento do local”, esclarece.

O outro lado
A reportagem Hôtelier News entrou em contato com Ribamar Mendes, diretor executivo do hotel, o qual afirma que “a mídia está alardeando o caso”.

“Podemos não nos enquadrar nos efeitos de normas, porém o problema é mais burocrático do que realmente físico”, justifica. “Os indícios de queimadas foram encontrados a um raio 2,5 km de distância do hotel, ou seja, não estavam em nossas dependências. É inconcebível a acusação de criarmos porcos e galinhas dentro de um hotel, ainda mais o nosso, que é um produto dedicado à Amazônia”, afirma.

O executivo também discorre sobre as outras acusações. “Nunca tivemos problemas com poluição no rio. É inconcebível, uma vez que qualquer pessoa veria isto e os hóspedes seriam os primeiros a denunciar”, diz.
 

Sobre o valor a ser pago e a possiblidade do hotel ser embargado, ele dispara que “não há problema nenhum em relação a multa, visto que o hotel tem liquidez suficiente para pagar”. E completa. “O Ipaam não tem elementos para aplicar uma multa significativa ou lacrar o hotel. Além disso, estamos abertos à imprensa e ao público em geral para que todos possam fazer qualquer tipo de verificação”, encerra.

Regulamentação
Sérgio Carvalho, presidente da Associação da Hotelaria de Selva da Amazônia Brasileira, comentou o caso, lamentando pelo ocorrido e propondo uma regulamentação. “Este é um assunto que nos preocupa, visto que a associação foi criada justamente para apoiar e ajudar os hotéis a se adequarem às normas ambientais. Além disso, isto pode atingir o setor de forma comercial”, analisa.

“Acredito que a comunidade, o Ipaam e o Ministério Público Federal agiram certo ao denunciar e punir o hotel. Porém, vale salientar que, na época que o Ariaú foi inaugurado, não havia uma regulamentação e tanta consciência na questão do policiamento ambiental”, conta. “É preciso punir os infratores, mas o foco deve ser a regulamentação do setor, ajudando estes empreendimentos a entrarem nos padrões ambientais de funcionamento”, explica. “Para isso, se faz necessária uma discussão ampla entre os poderes público e privado, que podem ajudar a classe por meio de parcerias”, propõe.

Ao falar sobre as infrações cometidas pelo empreendimento, Carvalho dá um exemplo de gestão sustentável. “O Tiwa Amazonas Eco Resort, por exemplo, desembolsou R$ 500 mil na aquisição de equipamentos para tratamento de esgoto. Este é um investimento muito significativo e extremamente necessário”, comenta. “Já convidamos o Ariaú para fazer parte de nossa associação, no entanto eles ainda não se manifestaram”, conta.

Por fim, ele fala sobre um novo projeto criado para ajudar os hotéis de selva. “Estamos finalizando um estudo para colocar uma espécie de cartilha em nosso site, que terá todas as informações necessárias para hoteleiros ou investidores interessados em construir um hotel de selva”, encerra.
(Fernando Chirotto)

Serviço
www.ariau.tur.br
www.ipaam.am.gov.br