Do lado de fora é possível ter dimensão do enorme
espaço que o novo centro de convenções irá ocupar
(fotos: Thais Queiroz)
 
O som do mar e dos pássaros preenchem as 24 horas do dia. Os coqueiros e piscinas formam uma visão próxima da imagem comum, há quem diga, do que é um paraíso. É num lugar como este que funcionará, no segundo semestre, uma das maiores estruturas de eventos de grande porte da Bahia.
 
Frequentado pela classe A – entre celebridades, políticos, executivos e famílias tradicionais -, o Transamérica Ilha de Comandatuba encabeça este projeto, anunciado em setembro passado. O investimento já subiu alguns dígitos e está na casa dos 30 milhões, para que o espaço se transforme na cereja do bolo – e o resort ganhe a insígnia de completo.
 
Os números são altos: 50 mil m² para o complexo hoteleiro em mais de 21 km de praia com coqueiros centenários e jardins tropicais. Por alto, a grandiosidade pode ser considerada parte dos atributos do complexo hoteleiro – o que também será regra no centro de convenções.
 
Situada ao sul da Bahia, no município de Una, a 60 minutos de Ilhéus, a ilha de Comandatuba reúne uma das maiores biodiversidades do mundo. Nela, os proprietários do resort construíram um dos poucos aeroportos privados do País – com capacidade para receber aviões de grande porte e voos fretados.
Falando em voos, o local é próximo de grandes capitais, tais como São Paulo (2h), Rio de Janeiro (2h45), Salvador (40 min), e Brasília (3h).
 
Hôtelier News foi conferir in loco a efusão que esta nova fase vem trazendo ao Transamérica Ilha de Comandatuba.
 
Por Thais Queiroz*
 
Duas quadras de tênis foram realocadas, próximo aos campos
de futebol, para dar lugar ao novo centro de eventos
 
Apesar de ter inúmeros itens a oferecer, o Transamérica Comandatuba, no momento, está com os holofotes voltados ao centro de eventos. O anúncio, de fato, roubou a cena.
 
E não seria para menos num projeto tão grandioso. A administração já tem sido procurada para a realização de solenidades no espaço, que deverá ser entregue no início do segundo semestre. São 8m de pé-direito, 8 mil m² de área total e 6.548 m² de área construída. A estrutura se divide em: salão principal (1.760 m²), 14 salas de apoio (40 m² cada), foyer (1.144 m²), área de eventos (3.464 m²) e vão livre (1.760 m²).
 
As obras, iniciadas em 31 de outubro passado, tomaram o lugar antes ocupado por quadras de tênis, que foram realocadas para outro lado do resort, perto dos campos de futebol. Segundo José Nelson Baraúna, engenheiro responsável pelo projeto, no local trabalham cerca de 100 homens.
 
“Pegamos o terreno bruto, começamos do zero e em quatro meses já finalizamos os alicerces. Em março, começaremos a parte de estrutura metálica e alvenaria”, adianta Baraúna.
 
José Nelson Baraúna, engenheiro
responsável pelas obras
 
Como em muitos centros de convenções construídos mais recentes, o salão principal é modular, permitindo assim a configuração de até quatro salões – de 440 m² cada -, de acordo com o pedido do cliente, sem que haja interferência. Isto é possível por conta do sistema de isolamento acústico. No mais, o local conta com ar-condicionado central, dois acessos exclusivos de carga e descarga, dois camarins, dois vestiários e duas salas de TI.
 
Hoje o resort dispõe de nove salas que, juntas, reúnem mais de 1 mil pessoas – a maior delas comporta 600 usuários de uma única vez. Os eventos também podem ser realizados ao ar livre, nos terraços e em outros espaços, assim como no Spa Comandatuba by Clarins.
 
A nova estrutura modificará este cenário, dando lugar a eventos para até 1,8 mil pessoas no salão principal, em formato de auditório. “Este é um projeto que realmente passou por aprovação. Ouvimos a opinião não só da diretoria, mas também da equipe que trabalha aqui e dos clientes. Assim chegamos neste modelo e todos aprovaram”, diz Thomas Humpert, diretor da unidade.
 
 
Os alicerces já estão postos. Em março os
trabalhadores começam a segunda etapa da obra
 
Construção responsável
As obras do novo centro são tão silenciosas que muitas vezes passam desapercebidas pelos hóspedes. Um cuidado que a administração tem tomado é o de não causar incômodo algum a eles.
 
Carlos Struckas, engenheiro e gerente Técnico da unidade, diz que grande parte do material utilizado é manufaturado, evitando assim o uso de equipamentos que causam, costumeiramente, bastante transtorno – como as temidas britadeiras.
 
O meio ambiente também recebe atenção. Struckas alega que cuidados básicos como o reúso de água da chuva e o reaproveitamento de material são características adotadas na operação. “Desta forma, deixamos de gastar litros de água, e toda madeira – devidamente certificada – que sobra é doada para a nossa pizzaria”, garante.
 
Carlos Struckas, gerente Técnico, explica
os recuros sustentáveis na maquete
 
Toda construção gera gases poluentes, alguns deles, inclusive, podem se acumular no solo causando riscos de explosão.
 
Para tanto, o Transamérica Comandatuba conta com uma equipe técnica ambiental que avalia diariamente os níveis e a periculosidade destes gases, convertendo-os, por meio de alguns processos, em gases ecológicos, ou seja, quando não emitem CFCs (clorofluorcarbonos). Estes são agentes extremamente prejudiciais à saúde do homem e ao meio ambiente, além de causarem danos à camada de ozônio, responsável por proteger a Terra contra a radiação solar.
 
Tecnologia e investimentos
Projetos grandes envolvem investimentos ainda maiores. No entanto, eles devem ter base em retorno. Segundo Heber Garrido, diretor do THG (Transamérica Hospitality Group), em meados de 2010 a demanda por festas e cerimônias corporativas ou não na unidade Comandatuba já se mostrava crescente. Em suas contas, ele deduz que, de 2010 para 2011, foi registrado o aumento exorbitante de 95% no setor.
 
“Até então [no ano de 2010], tínhamos uma média equivalente a 70% para lazer e 30% para eventos. Hoje chegamos ao 50 por 50 e queremos que se mantenha assim. Por isso, a decisão de investir nesta estrutura”, esclarece.
 
 
Na projeção, o salão principal, que por ser modular,
pode abrigar mais de um evento ao mesmo tempo
 
Garrido afirma que o resort não pretende deixar de oferecer o que há de melhor e mais luxuoso em questão de lazer. Para ele, o equilíbrio dos números apenas reflete uma tendência: “É ótimo saber que diversos públicos optam pelo nosso serviço”. Isto reflete também no aumento de ocupação, já que mesmo em épocas de baixa temporada acontecimentos diversos deverão movimentar o local.
 
Tamanho projeto não poderia deixar a desejar no uso de recursos tecnológicos. Neste quesito, Garrido promete que até mesmo os experts se surpreenderão. “Tomamos muito cuidado na escolha de cada equipamento de som, de isolamento, de ar, de redes e computadores, enfim, pesquisamos muito e selecionamos tudo a dedo para que tenhamos aqui os melhores recursos em tecnologia”, assegura o executivo, alegando que o alto nível de exigência da clientela fez com que todo cuidado fosse pouco.
 
O mercado
“Vamos conseguir receber bem os dois públicos – o de lazer e o de eventos – ao mesmo tempo num ambiente harmônico”. É assim que Thomas Humpert resume parte do objetivo do novo projeto. Ele diz que, até o momento, as políticas do resort são respeitar épocas de férias e de feriados prolongados – quando os clientes costumam se hospedar com o intuito de descansar – e não receber cerimônias, reuniões, encontros etc.
 
A Bahia em geral recebe muitos estrangeiros que procuram pelas belíssimas praias e paisagens naturais que o Estado tem a oferecer. Apesar de pertencer ao território baiano, Comandatuba não atende a esta demanda. Segundo Humpert, 96% dos hóspedes são brasileiros. “Ilhéus – cidade mais próxima da ilha – não recebe voos internacionais, o aeroporto de lá não comporta, a pista é pequena demais”, explica.
 
Este empecilho faz com que estrangeiros procurem por outros destinos praianos para descansar, o que, para o diretor do Transamérica Comandatuda, é lamentável. “Alguns europeus acabam vindo para cá passar finais de semana e, quando conhecem, costumam voltar para passar as férias, cerca de um mês inteiro. Eles definitivamente se encantam com a ilha e com o resort”.
 
Espaço de convivência do Centro de Eventos Comandatuba

(imagem: divulgação)
 
Estudando o perfil de clientes que visitam o Transamérica Comandatuba, o diretor da unidade buscou informações sobre o impacto que a falta de um aeroporto internacional causa. Ele concluiu que o turista não volta ao destino caso tenha que realizar mais de uma escala e caso o transfer, do aeroporto até o destino final, dure mais de 1h30.
 
“Enquanto não resolverem este impasse de aeroportos não vamos ter turistas estrangeiros, o que é uma pena. Mas se isto mudar, teremos certamente que ampliar o número de acomodações – porque esta será com certeza uma nova demanda de grande fluxo”, alega.
 
Para poucos
Com serviço cinco estrelas, o hotel divide o mérito da qualidade com toda a equipe – a começar pela simpatia e pela simplicidade dos colaboradores. Os que lidam diretamente com o público são, em grande parte, moradores dos arredores da ilha.
 
Este detalhe dá à palavra hospitalidade o tom correto. Desde os pequenos mimos até os pedidos mais difíceis a regra é atender com exclusividade e deixar o cliente satisfeito.
 
E num lugar como este, histórias curiosas acontecem. “Já tive que atender a muitos pedidos inusitados. Acho que o mais difícil deles foi conseguir fogos de artifício de última hora” menciona Geraldo Araújo, concierge em Comandatuba.
 
Uma das piscinas do resort e o mar ao fundo
 
Ele conta que era início de tarde quando hóspedes pediram para que os fogos fossem estourados na noite daquele dia. “E não era qualquer um não. Exigiram cores e formatos”, lembra. Como um bom profissional que está ali para atender a todos os pedidos dos clientes, o concierge explica que, por sorte, tinha contatos em Salvador e conseguiu acioná-los para que então uma equipe do Transamérica pudesse buscar o material.
 
Neste contexto fica fácil entender por que o Transamérica Comandatuba reúne, entre os “clientes fidelidade”, a seleta camada de brasileiros que se enquadram nos padrões de altíssimo poder aquisitivo. Isto faz com que a administração do resort não canse de apresentá-lo como “a única opção de lazer e luxo do País”. No geral, os hóspedes parecem concordar com o slogan.
 
Serviço
 
*A equipe Hôtelier News viajou à Ilha de Comandatuba a convite do resort.