Claudio Bedicks

 

Hoje muitos hoteleiros independentes estão considerando pertencer a uma cadeia de hotéis consolidada no mercado nacional e internacional. Abrindo mão da administração do empreendimento, deixando a gestão do negócio para uma empresa especializada, que se ocupará não só do setor administrativo e comercial, mas principalmente da adaptação física do imóvel, o “RETROFIT”. Dessa forma, o empreendimento se beneficia do poder de uma grande marca e aumenta sua vantagem competitiva junto aos concorrentes.

“Os hotéis independentes representam hoje 87,9% da oferta hoteleira do Brasil, um número muito expressivo, muito relevante e que merece um olhar especial. (..) Estamos falando de aproximadamente 9,2 mil hotéis que oferecem mais de 250 mil quartos, frente a 1,2 mil hotéis de marcas nacionais e internacionais.”
Fonte: 3º Fórum de Hotéis Independentes 2019

 

Porém há desafios. Os empresários necessitam fazer uma avaliação profunda do que realmente esperam, pois a maior transformação, junto a implantação dos padrões de rede de médio/grande porte, será a retirada da alma do empreendimento, muitas vezes relacionada a história construída pela familia e pelo proprietário. A decisão, muitas vezes, depende do fôlego financeiro para permanecer competitivo, os investimentos aumentam gradativamente com a idade do empreendimento. Além do fato da empresa necessitar de gestores multifuncionais, para tomarem decisões sem o aporte de um ambiente corporativo. 

Esse dilema esbarra também na percepção do hóspede, que esperam cada vez mais que o hotel se incline para seus desejos e necessidades. E essa é uma das vantagens de um hotel independente – a flexibilidade de fornecer serviços especiais e personalizados, moldados ao hóspede.

Perceberam que os dois tipos de administração oferecem desafios? Se por um lado ganham-se padrões de qualidade, canais de venda diversificados, aporte financeiro e marketing, do outro as mudanças e adaptações sãos ágeis e as negociações são diretas, facilmente você tem contato com o proprietário do hotel, enquanto na rede hoteleira há necessidade do consentimento de várias cabeças.

A grande lição para duas partes é complexa, porém viável. Os hotéis independentes, caso queiram seguir em voo solo necessitam investir em qualificação contínua, formar parcerias com outros empreendimentos, ampliar a estrutura tecnológica, criar laços e estudar permanentemente o mercado consumidor e concorrencial, ou seja, manter-se atualizado. E as redes hoteleiras compreenderem a alma do empreendimento, o legado da família fundadora, adaptar-se aos comportamentos dos clientes fiéis ao empreendimento, a mão de obra engajada nesse contexto do serviço individualizado. 

Por isso há administradoras oferecendo uma solução mista, mantém a administração nas mãos do proprietário, agregando sistemas integrados de reservas, vendas, padrões básicos de serviços e valores de uma marca. Novamente, há necessidade de aporte financeiro do empresário para atualização do empreendimento. 

OYO Rooms: mais de 18 mil hotéis no mundo e meio milhão de UH’s

A vinda de um novo conceito, a marca OYO, serve como mais uma alternativa, concilia conceito de rede hoteleira mantendo a alma do hotel independente no mesmo empreendimento. Investe numa fatia de Unidades Habitacionais, em estrutura física, padrões de serviços, garantia de venda e qualidade de atendimento. É por assim dizer, dois tipos de hotéis num mesmo empreendimento. 

Aparentemente apresenta-se como uma das principais soluções para harmonizar esse dilema. O proprietário continua com o seu empreendimento, recebe garantias financeiras, uma marca internacional na fachada e quem sabe não serve para uma degustação sobre como trabalhar num sistema de rede. 

Acredito que esse modelo encontrará facilidades de adesão. É possível que outras administradoras sigam o mesmo sistema. Criando universo de empreendimentos mistos. Porém, quem decidirá o sucesso, novamente, serão os clientes. 

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Claudio Bedicks é formado em Administração de Empresas e especialização em Hospitality Business & Management nos EUA, tem mais de 25 anos de experiência na hotelaria nacional e internacional. Há mais de 15 anos atua com retrofit, trocas de bandeiras e várias gerencias gerais, operacionais e corporativas direcionadas a hotelaria independente. 

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