Climaco Nardi
(foto: arquivo pessoal)

“A experiência não é o que nos acontece; é o que fazemos com aquilo que nos acontece”. 
Aldous Huxley

Esta frase me inspira a pensar na minha própria experiência diária, desde quando acordo até o momento de dormir. Poderia ainda incluir o período de sono, mas como os sonhos nem sempre são claros os deixo para falar deles em outro momento.

Até algum tempo atrás quando me despertava pela manhã surgia em minha mente à agenda do dia, tudo o que eu tinha que fazer e decidir projetava-se em uma grande tela. Dentro deste espaço imaginário eu já começava a viver o meu dia, conversando com as pessoas que encontraria, pensando nas soluções para os problemas, tendo idéias novas, recapitulando memórias, etc. Até aqui tudo bem, muitas pessoas tem a disciplina de se preparar mentalmente para o seu dia, o problema é que eu fazia este processo enquanto realizava a atividade física matinal, durante o banho, conversando com a minha esposa e dirigindo para o trabalho. Confesso que quando chegava a um cliente ou mesmo no escritório eu estava cansado, pois já havia trabalho por um dia inteiro em poucas horas.

O que destaco é que enquanto me encontrava mentalmente fixado no que deveria ou não fazer, as coisas práticas da vida eram realizadas automaticamente, afetando de maneira drástica a qualidade dos relacionamentos e do que eu entregava. Muitos detalhes se perdiam, coisas que eu me comprometia a fazer eram esquecidas, eu frustrava as pessoas com as quais me relacionava e a mim. 

Com o passar do tempo isto gerou um sentimento de sempre estar devendo algo a alguém. E isto é algo que sutilmente se instala e se manifesta através de um comportamento ansioso, que nos faz refazer trabalhos, mandar um e-mail e telefonar a seguir para saber se foi recebido, falar do mesmo assunto com a mesma pessoa procurando detalhes que talvez tivessem passado despercebidos. 

Ao longo dos anos isto se transformaria em síndrome de Burnout, que é definido como um esgotamento, uma síndrome psicológica decorrente da tensão emocional crônica no trabalho. Esta experiência subjetiva interna gera sentimentos e atitudes negativas no relacionamento do indivíduo com o seu trabalho, o que dificulta os seu desempenho profissional com consequências para a organização e a vida familiar. Marcadamente uma pessoa sob a influência desta síndrome demonstra exaustão emocional, despersonalização e diminuição da realização pessoal.

Talvez você tenha se identificado ou mesmo identificado a alguém que lhe é próximo, pois com o atual estilo de vida é muito comum pessoas apresentarem alguns destes sintomas. A Síndrome de Burnout é objeto de estudo de médicos e reconhecida pela Organização Mundial de Saúde.

Trazer este assunto aqui tem como objetivo informar, pois pessoas com traços de Burnout devem buscar uma ajuda médica, tanto para o aspecto psicológico como para o físico, ambos tem uma estreita relação.

Como foi dito acima o estresse está ligado ao comportamento, ou seja, como percebemos o que acontece e como reagimos. Então através da auto-observação e um pouco de disciplina podemos realizar pequenos ajustes em nossos comportamentos possibilitando uma melhora significativa em nossas vidas. Talvez, a princípio, necessitaremos de alguma ajuda profissional, alguém com quem possamos compartilhar e pensar junto, que nos proporcione um olhar desde outros pontos de vista, que através de questionamentos nos leve a novas percepções. 

Um coach profissional pode nos ajudar a reconhecer nossos padrões comportamentais e nos acompanhar no desenvolvimento dos aspectos que desejamos aperfeiçoar.

No inicio deste artigo falei sobre a minha dificuldade em ater-me ao presente momento, de agir automaticamente e de como isso fez com que eu desenvolve-se o sentimento de estar devendo algo. 

Com o apoio de um coach pude passar a contextualizar as minhas experiências, percebendo que o que eu vivia e não compreendia me levava a buscar e a repetir experiências iguais ou similares, fossem elas de grande beleza ou dolorosas. Neste processo de ajuda, passei a integrar e a me ver como corresponsável do que acontecia e através de uma melhora de atenção sobre mim e do entorno desenvolvi nova percepção sobre minhas emoções e reações, isto me ajudou a romper com alguns processos automatizados de respostas. 

Deixo este convite: Saídos do estado automático de viver a vida nos tornamos sensíveis a todas as experiências e passamos a ser agentes de mudança de nossa própria vida, passamos a encontrar sentido e significado para nossas experiências e a nos dirigimos a experiências que sejam importantes para o nosso propósito de vida.

Agradeço por sua leitura!

Climaco Nardi atua como Coach e Facilitador de grupos para o desenvolvimento humano. Além de sua formação em Coaching pelo Integrated Coaching Institute, é graduado em Gestão de Recursos Humanos, e conta com uma pós Graduação em Dinâmica dos Grupos, pela Sociedade Brasileira de Dinâmica do Grupos. Na área de psicologia cursou Análise Transacional e atualmente faz formação em Psicologia Transpessoal, pelo Centro de Psicossíntese São Paulo. A participação do Programa SAT (Seeker After Truth), criado pelo Dr. Claudio Naranjo, foi importante para o seu autoconhecimento. As experiências vividas com a Terapia Gestalt permeiam o seu trabalho como coach e consultor de empresas para o desenvolvimento humano. É praticante de meditação há mais de 20 anos.

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