CNC- coronavírusTurismo já perdeu R$ 2,2 bilhões com a crise

Conforme o número de pessoas que contraíram o coronavírus (covid-19) aumenta, o setor do turismo sente o impacto da crise que hoje já atinge grande parte do Brasil e do mundo. Em apenas quinze dias, o setor mais atingido pela atual situação passa por uma queda no volume de receita do segmento de 16,7% em relação ao mesmo período no ano passado, totalizando uma perda de R$ 2,2 bilhões. Entendendo a urgência da situação, a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) apresentou propostas ao governo, e medidas a serem adotadas em prol do turismo nacional. 

As sugestões englobam medidas tributárias, trabalhistas, financeiras e administrativas, e já foram protocoladas junto à presidência, Ministério da Economia, Câmara e Senado na última quarta-feira (18). Os números que analisaram a queda em relação ao mesmo período do ano passado, vieram através do cruzamento de informações do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) com dados do fluxo de passageiros em voos domésticos e internacionais promovidos pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).

Dentre os setores econômicos, o comércio de bens, serviços e turismo (terciário) está entre os mais suscetíveis ao impacto negativo da atual economia, uma vez que depende diretamente da da circulação de mercadorias e consumidores. José Roberto Tadros, presidente da CNC, entende que “as empresas não têm caixa para se manter diante de um quadro tão tenebroso. O terceiro setor recruta muita mão de obra, diferentemente da indústria e da agricultura, que já estão altamente mecanizados e com inteligência artificial. Vamos ser profundamente atingidos, pois as empresas não têm sequer horizonte do tempo que vai levar a crise e da necessidade de recuperação”.

CNC: propostas 

Desde a última semana, a CNC adotou medidas de redução aos impactos da crise, e incentiva  empresários e prestadores de serviço do setor a fazerem o mesmo. Atitudes como implementar, sempre que possível, trabalho em home office para os colaboradores, escalar a equipe em horários alternativos de trabalho, reduzindo a circulação em locais públicos nos horários de pico, acompanhar mais de perto a rotatividade do ritmo das vendas, evitando estoques elevados e renegociar prazos com fornecedores para melhorar os fluxos de caixa, cortes temporários de despesas supérfluas e aproximação dos vencimentos de despesas com as receitas, e orientar colaboradores a observarem utilização de álcool em gel 70% após contato e durante atendimento aos clientes fazem diferença no momento de contenção de danos. 

Já em relação às ações protocoladas junto ao governo, dentre as medidas tributárias, a Confederação propões postergar o envio das obrigações acessórias e do recolhimento do imposto de renda e demais contribuições federais, das pessoas jurídicas e físicas, pelo prazo de 180 dias, implementar programa de regularização tributária, com parcelamento dos tributos federais pelo prazo de 120 meses e redução total de multas e juros, para todas as empresas, especialmente para as micro e pequenas empresas, inclusive as que optam pelo Simples Nacional, com carência inicial de 180 dias para pagar a primeira parcela, a diminuição dos tributos federais incidentes sobre a concessão de serviços públicos (energia elétrica, água e telefonia) e desoneração de medicamentos

Quanto às medidas trabalhadas, defende a liberação de saque de até 50% do FGTS a todos os trabalhadores e possibilidade de aquisição de mais de um imóvel no mesmo município, reinserção do lay off – com o comprometimento das empresas que aderirem ao programa de garantir a estabilidade a seus trabalhadores por período a ser acordado, salvo desligamentos por justa causa e a desobrigação de registro de ponto eletrônico durante o período de crise.

No âmbito das medidas financeiras, a proposta engloba desenvolver medidas que possibilitem o setor financeiro/bancário privado e público a conceder créditos facilitados, preferencialmente sem juros ou com custos alinhados com a taxa básica, subsidiados pelo poder público, com seis meses de carência, que possam garantir o fluxo de caixa/capital de giro das empresas, especialmente para as micro e pequenas empresas,  linha de crédito especial para os empresários do comércio, com carência de 24 meses para início do pagamento, o aumento do limite de crédito consignado, provisoriamente, para 40% do salário ou benefício, a criação de linha de crédito emergencial pelo BNDES e um estudo de viabilização para alterar a sistemática de demanda energética.

E por fim, em relação às medidas administrativas, o plano envolve a prorrogação da validade de certidões negativas por mais seis meses, visando à habilitação das empresas em processos licitatórios e geração de caixa.

(*) Crédito da foto: geralt/Pixabay