CNC - endividamento das famílias_José Roberto TadrosResultado liga sinal de alerta, mas dívidas ainda cabem no bolso das famílias

Ao bater em 65,6% em dezembro, o percentual de famílias endividadas – que já havia subido é em novembro – atingiu seu mais alto patamar desde 2010. O resultado é maior do que os 65,1% observados no mês anterior, além de superior aos 59,8% aferidos um ano antes. Os dados integram a Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), divulgada hoje (9) pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).

Dois indicadores que integram a pesquisa, contudo, registraram recuo nos comparativos mensais. Enquanto o percentual de famílias com contas ou dívidas em atraso caiu de 24,7% para 24,5%, o percentual de famílias inadimplentes (sem condições de pagar dívidas) foi de 10,2% para 10%. No entanto, os dois índices tiveram alta em relação a dezembro de 2018.

Para José Roberto Tadros, presidente da CNC, o resultado de dezembro liga um sinal de alerta, mas não preocupa tanto. Isso por que o endividamento não foi acompanhado de um aumento expressivo da inadimplência, explica o dirigente. 

“A tendência de alta do endividamento está associada à ampliação do mercado de crédito ao consumidor, impulsionada por fatores como a melhora recente no mercado de trabalho, sobretudo no emprego formal, e a redução das taxas de juros, o que permitiu a redução do custo do crédito”, afirma Tadros.

CNC: mais dados

Outro número que reforça o ponto destacado por Tadros é a parcela média da renda comprometida com dívidas. Embora tenha aumentado no comparativo anual (29,7% contra 29,3%), recuou em dezembro para o menor patamar desde junho de 2019. “As parcelas estão menores e as famílias têm conseguido se organizar para acomodar os pagamentos dentro do orçamento”, endossa Marianne Hanson, economista da CNC responsável pela pesquisa.

Apontado como o principal tipo de dívida pelas famílias desde a primeira Peic, realizada há 10 anos, o cartão de crédito atingiu, em dezembro de 2019, seu maior patamar na série histórica: 79,8%. Em segundo lugar, aparecem os carnês (15,6%) e, em terceiro, o financiamento de carro (9,9%).

(*) Crédito da capa: stevepb/Pixabay