Em meio à Chapada dos Guimarães, no Mato
Grosso, a placa indica a Pousada do Parque
(fotos: Chris Kokubo)
 
Natural de Presidente Venceslau, no interior do estado de São Paulo, Oswaldo Murad, descendente de sírios, franceses, italianos e portugueses, formou-se em Direito e trabalhava com comércio exterior na capital paulista antes de decidir construir a aconchegante Pousada do Parque, na Chapada dos Guimarães, no coração do Mato Grosso.
 
Uma grande casa de campo
para receber os hóspedes
 
 
Estilo simples, funcional e acolhedor
 
As terras foram compradas em 1993 junto ao pai, que havia se aposentado. “Até 2000 a fazenda ficou abandonada. Nesse ano, me mudei para Goiânia e, em 2002, vim de vez para cá. Meu pai havia falecido e achei que deveria desenvolver algo bonito nas terras que compramos juntos”, explica Murad. Foram dois anos de reformas e cerca de R$ 700 mil de investimentos para colocar a pousada de oito apartamentos de estilo rústico e banheiro privativo em funcionamento. Com seis colaboradores fixos, o lugar é uma prova de que os mínimos detalhes fazem toda a diferença na boa hospitalidade.
 
Detalhes que agradam aos olhos

 
 
A maioria dos apartamentos é double, mas há opção com cama de casal também. Tudo muito simples, bem cuidado e aconchegante
 
 
As peças em ferro retorcido são de autoria
da irmã de Murad, artista plástica
 
Sem internet, televisão ou telefone nos quartos, a idéia é aproximar o hóspede o máximo possível da natureza. “Nós nunca vamos oferecer essas tecnologias. Queremos que a pessoa se desligue do mundo”, explica o proprietário. Para isso, Murad conta com o melhor da natureza. A principal nascente do Rio Independência, que dá origem a sete cachoeiras do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, está em sua propriedade. “Houve um descuido na hora de limitar o parque e a nascente ficou de fora. Ainda bem que quem comprou a área pretende preservá-la, se não os rios da Chapada poderiam estar comprometidos”, afirma.
 
Bem próximo à sede dos apartamentos, há uma queda d’água capaz de reanimar qualquer turista que chega exausto. Para quem não quer caminhar ou se molhar, a opção é munir-se de binóculos e ficar à espreita para ver algumas das 154 espécies de pássaros catalogadas até agora na região ou outros animais, como a onça pintada que há pouco tempo foi observada nas redondezas.
 
Esta queda d’água faz milagres: recuperou o ânimo
de todas as pessoas do grupo depois de um longo
dia de trabalho, estrada e buracos
 
Os detalhes da pousada têm mãos femininas. Dona Judite Bevilacqua, mãe de Murad, é decoradora e desde o falecimento do marido vive em sua terra natal, o Rio de Janeiro. Ela é a responsável pela ambientação e usa peças de sua filha, artista plástica, e muitos objetos produzidos por moradores locais, sempre procurando integração com a natureza. “Foi um grande desafio para mim, pois nunca tinha trabalhado com a temática do meio ambiente. Fiquei muito feliz em ajudar o meu filho na realização do sonho dele”, afirma Dona Judite.
 
Oswald Murad e sua mãe, Dona Judite
 
Pelo menos uma vez por ano ela passa alguns dias na pousada para “dar uma geral” na manutenção das peças de decoração e no enxoval do empreendimento. O desenvolvimento regional é valorizado com objetos produzidos na região, como os tijolos feitos à mão, os azulejos dos banheiros ou as luminárias.
 
Nesta área funciona o restaurante
 
 
 
 
Material de construção, peças de decoração e
alimentos são todos produzidos localmente
 
 
Bem como os azulejos enfeitados e
a moldura do espelho do banheiro
 
Desde 2006, quando deixou definitivamente seu trabalho com comércio exterior para se dedicar exclusivamente à hotelaria, Murad tem se esforçado para trazer mais pessoas ao local. “Inauguramos em julho de 2006 com um grupo de jornalistas franceses. Hoje, 75% do nosso público são estrangeiros, principalmente dos Estados Unidos, Alemanha e França. Fechamos 2007 com 25% de ocupação e tarifa de R$ 235 pelo apartamento duplo com café da manhã. A alta temporada aqui é na época de verão do hemisfério norte, de junho a setembro. A uma hora de Cuiabá, uma hora e meia do Pantanal e duas da Amazônia, a Chapada dos Guimarães tem um potencial turístico enorme, e nem 10% está explorado”, explica o proprietário.
 
O pôr-do-sol começou assim…
 
…e se estendeu…

 
nestas cores…

 
…até o anoitecer…
 
A lua cheia propiciou um clima ainda mais agradável
 
De manhã, esta é a paisagem
 
O que hoje é empreendimento de hospitalidade existia como fazenda desde 1780. “São 150 hectares de pousada e mais 250 que mantivemos como fazenda. Antigamente, o que era produzido aqui servia de alimento para Cuiabá, que está a cerca de 30 Km em linha reta”, afirma Murad.
 
Mais de 154 espécies de pássaros
já foram catalogados na região
 
 
A rica flora do cerrado pode ser observada
com trilhas feitas próximas ao hotel
 
 
Repare na caneleira: necessária para evitar picadas de cobras
 
 
Aula ao ar livre. Galhos retorcidos e vegetação de pequeno
porte, típicos do cerrado. Há também algumas áreas
com árvores um pouco mais altas
 
A caminhada vale muito à pena por si só…
 
…já que leva a áreas como esta, a Lagoa Azul,
dentro de uma caverna de arenito

 
A visita deve ser feita com guia credenciado,
o que evita possível depredação

 
A pousada só funciona com reservas e a parceria com André Thuronyi, da Pousada das Araras, no Pantanal, veio justamente para incrementar a ocupação. “Hoje consigo pagar as contas. Como a nossa proposta é boa, acredito que coisa melhor sempre virá”, espera Murad, que fala inglês, francês e espanhol. “Somos ecologiamente corretos, socialmente justos e economicamente sustentáveis. É preciso pensar global e agir localmente quando o meio ambiente está em questão. Oferecemos algo simples, mas aconchegante e confortável, para que a pessoa tenha um lugar gostoso para descansar depois de fazer uma trilha. Além disso, temos roda de viola, tai-chi-chuan e massagem ayuverda para promover qualidade de vida e bem-estar aos nossos clientes”, afirma ele.
 
Nós não tivemos acesso ao Parque Nacional da
Chapada dos Guimarães, que está fechado
desde abril devido a um acidente com turistas…
 
 
…no entanto isso não impede que pelo menos outras
30 atrações turísticas da região, tão deslumbrantes
quanto às do Parque, sejam visitadas
 
Aqui, a vista que se tem do Mirante do Morro dos Ventos
 
O fio de água à direita é a Cachoeira do Amor

 
No Mirante do Centro Geodésico da América do Sul, posto
que a Chapada disputa com a capital Cuiabá, o pontinho no
centro da foto mostra o tamanho do homem frente à natureza

 
 
Voltando à realidade: o vôo de Cuiabá a São Paulo
permite comparar a qualidade do ar das duas cidades

 
Tratamento de esgoto, consumo de alimentos orgânicos, reciclagem e compostagem são algumas das ações que a pousada utiliza. Quem se hospeda aqui, no entanto, não fica limitado a isso. Uma noite é suficiente para sair convencido de que quanto mais preservar, melhor vamos ficar.
(Chris Kokubo)
 
Serviço
Pousada do Parque
Rodovia Cuiabá, Chapada dos Guimarães, Km 52 à direita, MT
Reservas: 65 3682-2800
Hotel: 65 3391-1346
Skype: pousada.do.parque
 
* O Hôtelier News viajou à Chapada dos Guimarães a convite da Secretaria de Turismo do Mato Grosso.