Roland de Bonadona é presidente do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb) desde sua fundação, há 4 anos.  “A base deste fórum é o encontro entre empresas, para que possam dividir suas preocupações e informações”, diz. Em suma, é fortalecer o setor hoteleiro em busca de aprimoramento e crescimento.

Atualmente, o Fohb conta com 24 operadoras hoteleiras: Accor Hotels, Atlantica Hotels, Atrio Hotéis, Blue Tree, Bourbon, Bristol Hotels, Bristol Hotéis e Resorts, Club Med, Deville, Estanplaza, Hotelaria Brasil, InterCity, InterContineltal Hotels Group, Luxor Hotéis, Othon, Pestana, Plaza Inn, Posadas, Promenade, Slaviero, Sol Meliá, SuperClubs, Transamérica e Travel Inn. Todas administram 464 hotéis que, juntos, totalizam mais de 73 mil quartos e investimentos de quase R$ 11 bilhões.


Número de Uh´s do Fohb, depois da adesão da SuperClubs

Só para citar alguns exemplos, a força da organização pode ser sentida na participação para formação de leis que envolvem hotelaria, no contato com importantes associações e órgãos públicos, em palestras dadas por seus executivos, em ações sociais, em pesquisas de mercado, em estatísticas que podem definir o rumo de investimentos milionários.

Bonadona conversou com o Hôtelier News por telefone, de seu escritório em São Paulo. E falou um pouco mais sobre a entidade, que promete crescer cada vez mais. Para complementar nossa entrevista com ele, também conversamos com Abel Alves de Castro Jr, diretor executivo da entidade. Ele nos recebeu pessoalmente, falou sobre o Fórum e contou um pouco de seu dia a dia.

Por Karina Miotto e Peter Kutuchian

Hôtelier News:
O que o Fohb disponibiliza às redes associadas?
Roland de Bonadona: O Fohb foi criado há 4 anos para dar estrutura e organização ao segmento de redes hoteleiras. Atualmente, temos vários eixos de atuação: informação de mercado (análise da performance da hotelaria em diferentes praças), criação de ferramenta que nos permite saber dados estatísticos – por exemplo, sabemos que o primeiro trimestre de 2006 registrou ocupação 5% maior em relação ao mesmo período do ano passado. E esta é uma informação que pode influenciar investimentos futuros. Antes do Fórum, não havia este tipo de dado no mercado.

Acompanhamos os investimentos que serão realizados, isto é importante para conhecer as perspectivas de crescimento das redes e desenvolvimento de novos hotéis. Também atuamos nas relações institucionais. Temos comunicação tanto com órgãos públicos quanto com as redes hoteleiras e podemos influenciar a formação de leis, como no caso da reforma fiscal e seu impacto sobre a hotelaria.

Participamos do Conselho Nacional do Turismo e da Câmera Empresarial do Turismo, da CNC. Isso facilita nossas relações com organizações importantes, como Braztoa, Abav, Abgev, Conventions. Além disso, temos outro eixo de atuação, que é o trabalho realizado junto a universidades. Oferecemos estágios a estudantes de turismo e hotelaria e oferecemos a executivos condições especiais de participação em cursos e em palestras.

Trabalhamos para simplificar a burocracia entre hotéis, operadoras de turismo. Para concluir, valorizamos ações comunitárias. Por isso, nos ligamos a associações que trabalham com menores carentes, como a Fundação Abrinq. Atuamos contra a exploração sexual infantil e contra o turismo sexual.


O presidente do Fohb em ação
(fotos: divulgação)

HN: Alguma novidade para os próximos meses?
Roland de Bonadona: Entre o final deste ano e o início do outro, lançaremos o ICOH – Índice de Custo Operacional Hoteleiro, com dados sobre custos de operação em hotéis.

HN: Quais redes ainda faltam para completar o Fohb?
Roland de Bonadona: Temos 24 redes, as principais fazem parte do Fohb. Não precisamos ter todas as redes do mercado.

HN: Vocês pretendem participar de feiras de turismo e hotelaria?
Roland de Bonadona: Não precisamos, as redes associadas vão por si só.

HN: Quais as conquistas mais importantes do Fohb, desde sua fundação?
Roland de Bonadona: Conseguimos criar estas estatísticas, participamos efetivamente na criação da Lei Geral do Turismo e da Lei de Reformas Fiscais no segmento hoteleiros. Também destaco nosso trabalho com estudantes e a diminuição da burocracia entre agências de viagens e a hotelaria, com o fim do faturamento de extras.

HN: Existem ações para aumentar a taxa de ocupação e a diária média nos hotéis do Fohb?
Roland de Bonadona: A maior parte dos hotéis que operamos são urbanos. Se a economia parar de crescer, a demanda em hotéis também pára. Quanto aos negócios, há pouco a ser feito. O que fazemos é trabalhar com os conventions bureaus, que traz eventos, promove as cidades e tem o objetivo de aumentar o número de visitantes.

Além dos conventions, também temos parcerias com outras associações que visam aumentar o número de pessoas nas cidades, caso do ministério do turismo e Embratur.

HN: Muitos hoteleiros reclamam da falta de vôos internacionais e das tarifas nacionais. O Fohb está fazendo algo nesse sentido junto as companhias aéreas?
Roland de Bonadona: Esses são, sem dúvida, fatores de inibição. Estamos em uma situação insegura. O caso da Varig prejudicou ainda mais o acesso ao Brasil. Procuramos trabalhar junto aos órgãos públicos para diminuir os impactos disso.

Vemos na França pacotes para vários países. Os preços para o Brasil, estão muito acima de outras nações. Ainda estamos muito, mas muito longe do ideal para que possamos trabalhar bem neste sentido.

HN: Na opinião do Fohb, qual o mercado mais importante, o nacional ou o internacional?
Roland de Bonadona: Os dois, pois nunca podemos falar que uma região é mais importante que outra. Vamos mais uma vez citar a França. Ela está muito bem localizada e recebe turistas que às vezes vão para passar um ou dois dias. No Brasil é diferente. Apesar de muito bonito, fica longe de tudo.

Viajar pelo Brasil pode ser mais interessante do que viajar pelo exterior. Os brasileiros também podem descobrir muita coisa interessante por aqui.


Roland de Bonadona e Abel Alves de Castro Jr.

Agora, com a palavra, Abel

Dia a dia no Fohb
“Trabalho todos os dias das 9h às 19h, embora fique muito tempo fora do escritório. Faço a comunicação entre as companhias e o Fohb e também entre elas, desde que tenha a ver com o fórum. 
Falo diariamente com executivos, sempre participo de reuniões com diversas áreas como RH, diretoria, comercial, estatísticas, social, suprimentos – não tenho nem idéia de quantas reunião são.

Também atuo em grupos de trabalho junto a instituições como Favecc e Abgev e ainda inventei um projeto de regionalização. Estou viajando por 11 capitais brasileiras, uma média de 3 por semana durante 1 mês e meio. Não dá tempo de conhecer nada da cidade, é aeroporto, hotel, reunião, aeroporto. Já cheguei até a confundir o número do quarto do hotel de uma cidade com o de outra (risos).

Nestas viagens, me encontro com gerentes das redes filiadas, apresento uns para os outros. Assim, podem se conhecer, trocar informações de mercado.

Também sou professor da Anhembi Morumbi na disciplina “Planejamento de Hotéis” e da Univale, de Santa Catarina, onde ensino consultoria hoteleira no curso de pós-graduação.
Por isso digo que é preciso gostar do que faz! Senão, não agüenta.
Enfim, sou muito privilegiado em poder trabalhar com tanta gente boa. Meu aprendizado é full time”.

Talentos Fohb
“No
www.talentosfohb.com.br, estudantes se cadastram para conseguir estágio. É uma espécie de banco de currículos. Já temos mais de 2 mil inscritos. Esse trabalho também é muito valioso para as companhias. A partir de agosto, pretendemos aumentar este serviço e disponibilizá-lo a profissionais”.

Pós-graduação em hotelaria
“A pós-graduação com especialização em hotelaria, da USP, é endossada pelo Fohb, dura um ano e meio e conta com a participação de diretores como professores de algumas disciplinas. Os colaboradores das redes filiadas também participam, mas como alunos. O curso é aberto a todos e tem sido um sucesso”.

ICOH
“Este índice está sendo desenvolvido desde o início do ano pela USP. Nos próximos meses, será lançado para hotéis midscale de São Paulo. Até o final do ano, em todas as categorias por todo o país”.

Participação em feiras
“Eventualmente, o Fohb pode participar de feiras contanto que estas estejam fora do trade, onde não há participação de redes hoteleiras”.

Estatísticas
“Ficamos muito orgulhosos, pois brigamos por isso. Temos dados confiáveis, aqui não tem chutômetro”

Serviço
www.fohb.com.br