Lourival de Pieri
(fotos: Peter Kutuchian)

Muitas vezes estuda-se para seguir uma profissão mas, por força do destino, acaba-se ingressando em outra carreira. Foi assim com Lourival de Pieri. O executivo, graduado em Engenharia mecânica pelo Centro Universitário Fei, trabalhou por 15 anos no grupo BGN e chegou a implantar fazendas de camarão em São Luís, no Maranhão. Quando o Casa Grande Hotel Resort & Spa, no Guarujá, foi comprado pelo grupo Tavares de Almeida em 1994, ele assumiu o desafio de dirigir o empreendimento e ingressou na hotelaria. Hoje, com 53 anos e três filhas, acumula os cargos de gerente e diretor geral.

Leia a seguir uma entrevista com de Pieri sobre as dificuldades enfrentadas no setor, os objetivos no empreendimento para este ano e o que pode ser feito para melhorar o turismo no Guarujá, no litoral paulista.

Por Peter Kutuchian e Thais Medina*

Hôtelier News: Você sentiu muita diferença ao mudar de área de atuação profissional?
Lourival de Pieri: As empresas são muito parecidas e a hotelaria engloba diversas companhias. É uma questão de administrar pessoas. Trata-se de 90% de transpiração e 10% de inspiração. Ingressei no Casa Grande com o objetivo de mudar o hotel, que era caseiro e completamente independente. Com bom senso e muito trabalho a unidade foi transformada no que é hoje.

  

HN: Qual foi sua maior dificuldade ao assumiu a direção do empreendimento?
De Pieri: Minha maior dificuldade foi a área comercial. Eu não tinha experiência no setor, mas a partir da formação da equipe conseguimos evoluir. Busquei treinamento interno com a prioridade de transformar as pessoas que trabalhavam no hotel em um grupo que tivesse condições de crescer profissionalmente. Para tanto investi em cursos de inglês e capacitação.

HN: O Casa Grande oferece programa de estágio?
De Pieri: De três anos pra cá começamos a buscar estagiários principalmente de Santos. Firmamos parcerias com faculdades locais para que nossos estagiários fossem das instituições de ensino participantes desde que fossem oferecidas vagas de estudo para colaboradores do hotel. Hoje contamos com 80 estagiários que fazem rodízio em todos os setores.

HN: Quanto dos hóspedes do hotel são turistas a negócios?
De Pieri: Realizamos um trabalho muito forte com hóspedes a negócios e eventos entre março e dezembro, período da baixa temporada. Metade dos nossos clientes são representados por esse público. Outros 35% são passageiros individuais e os 15% restantes são freqüentadores do spa Med, localizado no próprio hotel.

HN: Quais os objetivos de crescimento do empreendimento este ano?
De Pieri: Para este ano buscamos melhorar a ocupação, que fechou 2006 com uma média de 50%. Não vamos mexer muito na diária média devido à abertura do Sofitel Jequitimar. Porém, posso dizer que o valor de hospedagem mais que dobrou entre 2000 e 2006. O incremento de 2005 para o ano passado foi de 10%.

HN: Você considera a unidade da Accor um grande concorrente?
De Pieri: Não acredito que haja concorrência. A médio prazo a abertura do Sofitel vai beneficiar os dois hotéis e acho que ainda cabe mais um empreendimento no Guarujá, já que há facilidade de acesso pela estrada e é um destino próximo à capital paulista. De quatro anos pra cá houve crescimento no número de condomínios, a questão da segurança melhorou, há policiamento ostensivo, iluminação nas praias, câmeras de segurança no calçadão, boas opções gastronômicas e o maior aquário da América Latina, o Acqua Mundo.

HN: Recentemente vocês incluíram uma empresa de receptivo no hotel. Você nota o interesse de outras operadoras em trabalhar com o destino?
De Pieri: A inclusão de um escritório da Gipsy Tours para o receptivo é um benefício a mais para os hóspedes. Essa empresa enxergou no Guarujá o potencial que outras companhias nâo vêem e isso inclui passeios históricos, de ecoturismo, culturais e pelas marinas. O destino por muito tempo foi deixado de lado, mas agora volta com força total.

HN: Quanto os estrangeiros representam no número total de visitantes do Casa Grande? De que países são?
De Pieri: Os argentinos somam 7% da nossa ocupação total, seguidos pelos norte-americanos (5%). Ao todo, os estrangeiros representam entre 15% e 17%. Em busca desse público participamos de eventos em outros países como a Anato, na Colômbia, realizada em fevereiro, e o Workshop da Leading, no mês passado.

Notaremos aumento nesses índices quando o aeroporto do Guarujá voltar a operar. Não conseguimos maior número de venda devido à distância de uma hora e meia dos aeroportos de São Paulo. A cidade precisa de um aeroporto que também atinja cidades de Goiás e do Mato Grosso, pois boa infra-estrutra e praia o destino já tem.

 

HN: Você acha que há mais alguma alternativa para melhorar o turismo local?
De Pieri: Percebo que o Brasil tem muitas políticas locais, mas ainda não há uma voz única. Com a criação do Ministério do Turismo no governo Lula foi dado um passo grande, mas isso é apenas o começo. São Paulo precisa se preocupar mais com o turismo no estado e com as praias. É necessário fazer do litoral um ‘quintal’ para as cidades maiores, já que há facilidade de estradas. Além disso, é necessário capacitar os moradores com cursos sobre como receber os turistas já na escola.

Serviço
www.casagrande.com.br

* O Hôtelier News se hospedou no Casa Grande Hotel Resort & Spa a convite do hotel