Diárias fracionadas podem ser soluções rentáveis para hotéisHotéis de aeroporto impulsionam tendência no Brasil

Era agosto de 2015 quando as parceiras Nobile e Wynham colocaram para funcionar o projeto que exemplifica com propriedade uma modalidade de hospedagem que atualmente aparece como tendência para o segmento. O empreendimento em questão é o Tryp by Wyndham São Paulo Guarulhos Airport e o tipo de oferta que ele representa é o das diárias vendidas de maneira fracionada – por horas. A unidade, até pelo local onde fica – dentro do aeroporto de Guarulhos (SP) -, foi concebida com uma ideia que reverberou e mostrou que o tipo de operação é sim rentável.

No hotel da marca Tryp há opções de permanência por três, seis, nove ou 12 horas, além das diárias tradicionais. A variação de tempo representa também oscilação na tarifa cobrada e os hóspedes, independente do período que fiquem, têm acesso a todas as dependências do local.

Cícera Aparecida, gerente geral do meio de hospedagem, comenta que os hóspedes que consomem esse tipo de produto representam 90% da clientela. Ela ainda elucida a lógica de cobrança que rege esse tipo de operação. A dinâmica consiste na fixação de tarifas, que são mais caras conforme o tempo de estadia aumenta. Nada disso, porém se baseia numa divisão do valor cheio do dia.

Os períodos mais utilizados, conforme reforça a executiva, são de três e nove horas, nessa ordem. "Contudo, em alguns meses, em virtude de horários de Verão, tanto no Brasil como em outros países, isso se modifica", revela. O adendo de Cícera é importante pois os principais clientes do estabelecimento são viajantes, turistas que passam pelo aeroporto em escala ou embarque.

Isso fica mais claro com a informação de quem o Tryp Guarulhos é um dos sete hotéis no mundo dentro de ARS (Área Restrita de Segurança de um Aeroporto). "Faz parte do DNA do nosso hotel, inclusive nossa meta para 2019 é termos um maior número de dias com vendas de nossos apartamentos, pelo menos, duas vezes ao dia", menciona a gerente. Ela acrescenta que esse tipo de operação exige um perfeito entrosamento entre equipes e garante: "Sim é rentável".

É nessa afirmação que acreditam também outros hotéis pelo Brasil. Exemplos disso são Deville Prime Porto Alegre, Intercity BH Expo e Novotel Porto Alegre Aeroporto; os três também são adeptos do método.

"É rentável, uma vez que conseguimos administrar nosso inventário de aptos e disponibilizá-lo para venda novamente", afirma Tenise Gomes, gerente de Vendas do Novotel da capital gaúcha. A executiva explica que a modalidade é realidade no edifício desde 2016. À época, a gerência resolveu investir nesse sentido depois de observar que havia demanda. A proximidade do aeroporto municipal também influenciou na decisão.

Dois anos depois da fixação da prática, os gestores da propriedade avaliam o consumo desse produto em alta tímida. Eles também ressaltam que a ascensão da diária fracionada está atrelada à formação de um novo perfil de consumidor, que aceite com naturalidade as peculiaridades desse processo. "Ainda há um trabalho interessante a se fazer de mudança de cultura nesse sentido e mostrar aos clientes essas novas possibilidades", diz a gestora.

No Novotel, a ideia é beneficiar esses hóspedes ao mesmo tempo que se otimiza a operação. "Os valores variam de R$99 a R$198, podendo o hóspede ficar de três a nove horas, dependendo do horário do check-in e interesse do passageiro", pormenoriza Tenise.

Questionada sobre as características do hóspede da diária em frações, a gerente esclarece. "Em geral passageiros em conexão ou oriundos do interior do estado com voo programado para as horas seguintes. Clientes que precisam descansar para seguir viagem de forma mais tranquila".

Diárias fracionadas: tendência?

Sobre o carimbo de tendência que a diária fracionada tem, as duas gerentes são unânimes na resposta afirmativa. "A tarifa fracionada não precisa ser utilizada apenas em regiões de aeroporto, essa foi uma oportunidade que verificamos, mas existem inúmeras outras possibilidades: hotéis próximos a grandes centros de compras por exemplo", aponta Tenise. 

Para Cícera os hotéis precisam apenas adaptar seus sistemas de reservas para que a venda seja feita de maneira simples e ágil. "O que precisamos é que os sistemas de reservas estejam adaptados para essa forma de venda. Ainda encontramos essa falta de ferramentas em vários sistemas de reservas", enfatiza.

(*) Crédito da foto: Jeshootscom/Pixabay