O Hôtelier News conversou com Adriana Papa, diretora executiva do Amazonas Convention & Visitors Bureau, fundado em 2001. Na entrevista, ela fala sobre a captação de eventos em Manaus e as dificuldades que a cidade atualmente enfrenta. A capital do Amazonas é um diamante que ainda não foi descoberto. A profissional, que começou sua carreira em agência de receptivo e montou as gerências de vendas em Manaus e de eventos em São Paulo para a Tropical Hotels & Resorts Brasil, considera a missão na entidade um desafio novo. “Você passa a trabalhar com o desenvolvimento de uma cidade, precisa de uma visão macro e não mais pontual.”


Adriana Papa
(foto: divulgação)

Por Karina Miotto

Hôtelier News: É difícil atuar com captação em Manaus?
Adriana Papa: Demais.
Não temos tantas representatividades. Um exemplo é a Associação Brasileira de Esperanto. Para você captar um evento da entidade é necessário que ela tenha uma base e um representante na cidade. Às vezes acontece disso acontecer e o presidente não demonstrar o mínimo interesse no destino.

HN: Quais são as maiores dificuldades que o convention enfrenta?
Adriana: Devido à falta de representatividades em Manaus, fico restrita às associações mais conhecidas, que têm base no Brasil todo. E mesmo que possa captar um desses eventos, me deparo com a quantidade de pessoas, pois o número de participantes pode ser maior que a capacidade de Manaus.

Além disso, tem a limitação da cidade. Ainda não existe um grande centro de convenções no local. Há também o estigma de que Manaus é caríssima, o que virou uma barreira. Existe público com condições de pagar R$ 700 de hospedagem. Por fim, a malha aérea é limitada e isso é explicável. Se não tem demanda, não tem vôo.

HN: Não existe centro de convenções em Manaus?
Adriana: Há alguns em hotéis, mas ainda é pouco. O governo quer construir um centro de convenções para começar a operar em 2009. Estamos tentando uma captação para 5 mil pessoas, um bom número para se trabalhar.

HN: Um novo centro de convenções pode resolver parte do problema?
Adriana: Não posso afirmar isso, mas certamente será um ponto a nosso favor. O espaço sozinho não vai captar. Como vou trazer 5 mil pessoas? A malha aérea tem que trabalhar junto. E será que isso é interessante para as companhias de aviação? Precisamos obervar como o mercado vai reagir.

HN: Contudo, o que falta para que a cidade decole como uma boa opção para a realização de eventos?
Adriana: Faltam uma boa estrutura de vôos, centros de convenções devidamente equipados e mais hotéis para que a cidade possa receber 5 mil pessoas ao mesmo tempo.

HN: Qual é a estratégia para convencer representantes a realizarem um encontro em Manaus?
Adriana: Cada caso é um caso. Tem público que nem pergunta qual é o preço da passagem. Cirurgiões, por exemplo, se preocupam mais com o conforto e com a qualidade do hotel.

HN: Quantos eventos o convention já captou?
Adriana: Desde 2005 a entidade captou 11 eventos, sendo que o valor médio gasto por pessoa é US$ 150 por dia.

HN: Há muita captação para eventos em hotéis de selva?
Adriana: Até batizado, se precisar, a gente capta. Se couber, muito bem. Em geral, eventos em hotéis de selva são internacionais e nessa área nossa atuação é pequena, embora apoiemos os que chegam na cidade.

Em geral os participantes de encontros nacionais não acham muito interessante a restrição de ficar apenas no hotel de selva sem poder sair para dar uma volta na cidade, por exemplo. Porém, viagens com grupos de incentivo são diferentes, pois existe uma programação de atividades, o que torna a estada mais atraente.

HN: Quantos hotéis registrados pela Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ANIH) a cidade possui?
Adriana: São 16 urbanos, sem contar seis flats, e dez de selva.

HN: O aumento do número de meios de hospedagem na cidade pode ajudar na captação?
Adriana: Pode. Quanto melhores os hotéis e quanto mais existirem, mais leitos de qualidade tenho para oferecer. As inaugurações mais recentes são o Mercure, da Accor Hotels, em 2006, e o Comfort, da Atlantica Hotels International, este mês.

HN: Quais são as ações de captação de novos sócios?
Adriana: Acreditamos na propaganda de um trabalho bem feito. Corremos atrás de associados desde que eles tenham conhecimento do Amazonas Convention.

HN: Com quantos sócios o convention conta?
Adriana: Ao todo são 64 entre hotéis, agências de viagens, receptivos, companhias aéreas e operadoras.
A maior fatia dos recursos vem do room tax dos hotéis associados. Acredito que este número ainda pode crescer entre 50% e 60%.

HN: O foco do convention está em Manaus?
Adriana: Sim, porque a cidade tem mais potencial turístico. Muitos municípios no Amazonas não têm bons hotéis e restaurantes que justifiquem nossas ações. Além de Manaus, divulgamos Presidente Figueiredo, pois fica próximo à capital, tem infra-estrutura – pouca, mas tem – e bons produtos, como cachoeiras, o que gera demanda para a prática de esportes radicais.

Serviço
www.amazonasconvention.com.br