“Educação é a nossa principal meta”, afirmam executivos do Fohb
18 de setembro de 2009Rafael Guaspari, presidente, e Ana Maria Biselli,
diretora executiva, ambos do Fohb
(fotos: Fernando Chirotto, arquivo HN e divulgação)
Como já anunciado, o Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb) conta com uma nova diretora executiva: Ana Maria Biselli. “Sabia que meu nome estava entre os possíveis substitutos do André (Pousada), mas admito que foi uma surpresa muito agradável”, revela.
Nascida na capital paulista, Ana é formada em Hotelaria pelo Senac e possui especialização em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), onde também conclui o Mestrado Acadêmico. A executiva começou sua carreira na BSH International, atuando no departamento de desenvolvimento de Projetos.
Após cinco anos na empresa, Ana voltou para a instituição onde se formou. “Assumi a coordenação da Consultoria do Senac e comecei a dar aula de desenvolvimento de Projetos Hoteleiros, além de também lecionar sobre Administração aplicada à Hotelaria”, conta. A executiva também passou pela Qualta Resorts, na qual foi responsável pela área hoteleira.
Agora, além de ministrar aulas de Bacharelado em Hotelaria e o curso de Tópicos Contemporâneos, ambos pelo Senac, assume a responsabilidade de atuar em uma das principais entidades hoteleiras do país. Acompanhada por Rafael Guaspari, presidente do Fohb, Ana falou com o Hôtelier News sobre os planos para o novo cargo, além de comentar o desempenho hoteleiro em 2009.
Confira abaixo a conversa com os executivos, que abordaram questões já conhecidas e novidades sobre a entidade.
obviamente pretendo dar meu “tom” à entidade, visto que cada pessoa é diferente. Espero contribuir com as experiências que tive até então. Tenho bastante conhecimento na área acadêmica e consultoria e, neste momento de preparação para a Copa do Mundo, espero atuar nos projetos de qualificação profissional, que é nosso principal foco.
Como segundo plano, pretendo ajudar na evolução das pesquisas estatísticas. Há dez anos não havia praticamente nada neste caráter e o Fohb teve uma participação gigantesca neste processo, o qual quero aperfeiçoar. Também pretendo aproximar a entidade do poder público.
HN: Como foi a escolha da nova diretora?
Rafael Guaspari: O trabalho de recrutar nossos diretores executivos tem sido bastante agradável. Primeiro foi o Abel (Castro), que hoje está na Accor, a quem o Fohb deu uma visibilidade interessantíssima no mercado. O segundo foi o André, que ficou conosco por quase três anos e conseguiu fazer um trabalho sensacional, tanto que foi contratado por uma outra associação e hoje (16) já está na Alemanha a trabalho.
Eu tenho certeza que a Ana Maria também terá uma carreira interessante e, seguramente, vai crescer profissionalmente conosco, que é nosso objetivo. Além disso, ela tem uma caractéristica que hoje é muito importante para nós: o foco em consultoria e área acadêmica.
Guaspari: Hoje, nosso grande projeto, o qual eu espero acabar antes de abandonar a presidência do Fohb (em 2010), é o curso de educação a distância – clique aqui para ler a notícia.
Acho que a Ana tem muito a colaborar nesta questão, a qual todos os associados entendem como fundamental. O maior desafio que nós temos atualmente no Brasil é a educação, visto que, enquanto não capacitarmos nossas crianças, não resolveremos problemas como segurança, marginalidade e baixo nível profissional.
Hoje devemos ter 120 mil colaboradores ligados aos hotéis do Fohb, entre diretos e indiretos. Ao atuar na formação destes, acredito que faremos um trabalho muito importante para nosso país.
HN: Já existe uma data para o lançamento oficial deste projeto?
HN: Ana, sua formação e experiência na área acadêmica aparece como um de seus principais atributos. Por meio desta experiência, você pretende inovar ou mudar alguma coisa na direção da entidade?
Ana Maria: Em time que está ganhando, não se mexe (risos). A ideia é aperfeiçoar. Acabei de chegar, ainda estou sentindo o ambiente e, se algumas coisas precisarem ser modificadas, é claro que serão.
Como eu disse, o André fez um trabalho muito bom, o qual eu pretendo continuar.
Guaspari: É importante citar que a Ana é um “namoro” antigo nosso. Quando estávamos recrutando o André, durante o processo ela apareceu como uma segunda alternativa.
Ana Maria: Uma curiosidade é que, quando eu iniciei no Fohb, em 1º de setembro, me dei conta que havia completado exatamente dez anos de trabalho, visto que comecei em 1º de setembro de 1999.
Guaspari: Está começando um novo ciclo, em uma nova década (risos).
HN: No ano passado, uma questão muito discutida entre o trade, sobretudo pelo Fohb, foi o fim do faturamento de diárias. Como está o projeto? Evoluiu ou estagnou?
Guaspari: O fim do faturamento é um processo. Faltam ainda algumas ferramentas nas quais estamos trabalhando para que isto possa acontecer mais depressa. O fim do faturamento é dividido em começo, implantação e resultado. Hoje, estamos na implantação, mas temos certeza que chegaremos nos resultados.
Contudo, se você perguntar se a evolução do processo está dentro do que nós esperávamos, posso dizer que está mais devagar.
HN: Não há adesão por parte das redes?
Guaspari: Está devagar. Existe a adesão, mas ainda estamos criando as ferramentas necessárias para que o faturamento acabe.
HN: Outro assunto muito discutido, que inclusive gerou polêmica entre o trade, foi a questão dos flats em São Paulo. Como está o projeto de regulamentação?
Guaspari: Continuamos trabalhando. Já sensibilizamos o prefeito (Gilberto Kassab), o secretário da Justiça, o presidente da SPTuris (Caio Luiz de Carvalho) e falamos com vários vereadores.
A verdade é que, em algum momento, os flats serão regularizados. É algo irreversível, visto que São Paulo tem 42 mil quartos hoteleiros de qualidade dos quais 30 mil são de apart-hotéis, ou seja, 70% da oferta da cidade.
Eventualmente, se nós resolvermos que todos os flats sem alvará devem ser fechados, São Paulo perde toda a capacidade de receber pessoas que vem para trabalhar, se divertir, buscar opções de lazer gastronômico, cultural e ecumênico, entre outros. Além disso, perdemos também na questão das feiras, visto que 70% das nacionais acontecem na cidade.
Hoje, São Paulo tem uma posição de absoluto destaque em todos os segmentos do turismo, a qual também se deve ao grande número de bons apartamentos que temos. Nós tínhamos um produto que era legalizado e, entre novembro de 2004 e janeiro de 2005, os vereadores resolveram mudar a Lei de Uso e Ocupação de Solo, jogando 140 propriedades em um “limbo jurídico”.
HN: Com tantos pontos positivos em relação aos flats, por que é tão díficil a conscientização sobre a regularização?
Guaspari: Prefiro não comentar. Se formos pensar em benefícios à cidade, qualquer pessoa que queira o melhor para o destino, incluindo aspectos como desenvolvimento do turismo, nível de arrecadação, empregos e destaque nacional e internacional, vai entender o papel dos flats em São Paulo.
HN: Vamos falar sobre a hotelaria em 2009. Analisando o estudo feito pelo Fohb – clique aqui para visualizar -, identificamos que o segmento econômico foi o menos prejudicado durante o primeiro semestre. Este comportamento do mercado ocorreu pelo próprio crescimento da categoria ou foi motivado pela crise?
Ana Maria: De fato, o segmento vem crescendo há alguns anos, mas também notamos uma migração. O hóspede corporativo não para de viajar, apenas muda para hotéis mais econômicos.
Mesmo assim, pelo fato de todo o mercado estar retraído, o crescimento de RevPar da hotelaria econômica (2,53%) foi pequeno.
HN: O estudo também aponta uma alta na diária média dos segmentos midscale e upscale, os quais tiveram uma queda proporcional de ocupação. Como você analisa o comportamento destas duas categorias?
HN: Segundo pesquisa da HVS, haverá uma retração de 3% na demanda hoteleira até o final de 2009. Como você vê o próximo ano?
Ana Maria: Esperamos um 2010 bem melhor. A economia já vem melhorando e a hotelaria está atrelada à este cenário.
Além disso, se compararmos a outros mercados, o Brasil sofreu pouco com a crise. Na Europa, por exemplo, a situação foi bem pior. Isto também nos faz pensar em um mercado melhor para o próximo ano.
HN: O Fohb está procurando novos associados para 2010? Guaspari: O Fohb está sempre aberto para qualquer empresa que atenda às condições mínimas de adesão ao nosso Fórum.
Contudo, não estamos procurando associados. A adesão deve ser voluntária e nós precisamos de participantes ativos, que venham para somar conosco, ajudando em todos os nossos eixos de trabalho. Além disso, estamos com um bom corpo associativo dentro da entidade, o qual é bem engajado e está conseguindo uma série de coisas para o setor.
Guaspari: O associado tem que ser uma rede hoteleira e ter um número mínimo de 70 “pontos”, calculados pela contagem de hotéis, cidades e novos empreendimentos – em implantação -, dentre outros.
HN: Faça um balanço de sua gestão na presidência do Fohb.
Guaspari: Tivemos uma fase muito forte de consolidação do Fohb. Conseguimos unir o setor, nos aproximando da ABIH e órgãos públicos, entre outros. Além disso, nos aproximamos também do setor executivo. Toda essa união ajuda muito o mercado hoteleiro.
HN: Para finalizar, Ana, qual é o maior desafio que você espera enfrentar como diretora do Fohb?
Ana Maria: Olha, acredito que será a falta de tempo (risos). Como ainda continuo no Senac, ficarei com a agenda muito atribulada. Porém, já conhecia a equipe e não terei dificuldades neste ponto. Além disso, o fato do Fohb ser uma entidade reconhecida pelo mercado facilita, visto que todos sabem do bom trabalho realizado.
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