Quem acompanha a trajetória de Fanny Cutrale, gerente comercial corporativa da Rede Intercity de Hotéis, de Margarida Yassuda, gerente geral do Golden Tulip Paulista Plaza (SP) e de Annie Morrissey, vice-presidente de marketing e vendas da Atlantica Hotels International, já sabe que as três são pessoas bem-sucedidas na hotelaria. Sem apelar para machismos e feminismos, esta matéria é para constatar a competência dessas mulheres — e de tantas outras que vemos por aí.

Por Karina Miotto

 

“Meu Deus, tudo isso já?”

 


Fanny e o filho
(fotos: arquivo pessoal)

 

Fanny Cutrale trabalha com hotelaria desde 85 – quando fala isso ri e comenta, com a simpatia que lhe é peculiar: “meu Deus, tudo isso já?”. O tempo passou e ela nem percebeu. Culpa da paixão pelo trabalho, da correria do dia-a-dia. Aliás, correr é uma de suas atividades prediletas quando não está fazendo as outras duas coisas que mais ama na vida: curtir a família e o trabalho.

 

Ao lado da família

 

“Na área comercial, você sempre está se relacionando com as pessoas e quando corro consigo refletir sobre minha vida. Até já participei de maratona e é na corrida que me encontro comigo mesma, em meu silêncio”, conta.

 


“Esta é a minha meditação”

 

A carreira no Hilton foi duradoura. Começou como secretária executiva (fala alemão, inglês e espanhol) e 15 anos depois, era gerente de vendas. Na Blue Tree, chegou a gerente regional. A área comercial sempre a acompanhou. Que ser secretária, que nada! “Me apaixonei por hotelaria”.

 

Neste momento, Fanny faz parte da equipe da Intercity – está lá desde 2004. Dois anos de trabalho como gerente comercial e pronto, outra promoção: agora é diretora. “Estou amando, é uma rede nova em plena expansão e em crescimento. Um grande desafio que me deixa muito realizada e feliz”, afirma.


Sorridente, como sempre.
Desta vez, no trabalho.
(foto: Peter K)

 

No decorrer de sua carreira, ela conta que nunca sentiu muita dificuldade por ser mulher. “Se você pensar em hotelaria internacional, verá que é mais difícil ver mulher em cargos altos. Já no Brasil, temos mais oportunidade para conquistar espaço. Apesar disso, vejo aceitação dos homens, pelo menos dos que trabalham comigo!”, brinca.

 

“O importante é gostar do que faz!”

 


Margarida Yassuda…
(foto: Peter Kutuchian)

 

Margarida Yassuda é aquele tipo de mulher que você olha e sente duas coisas: simpatia e respeito. Transparece simplicidade e força de espírito, características que certamente a ajudaram a galgar o caminho profissional que já dura 20 anos, desde que desistiu de ser secretária executiva depois de uma viagem ao Japão (ela fala inglês, japonês, alemão e espanhol).

O primeiro emprego foi no Caesar Park de São Paulo. De lá para cá, já foi gerente geral das redes Transamérica, Blue Tree e Sol Meliá, até chegar à Golden Tulip. Uma de suas explicações para o sucesso das mulheres na hotelaria é o interesse pelos estudos. “O mundo vira muito rápido e se você não acompanha, fica para trás”. Pelo visto, as mulheres estão indo atrás.

Além disso, ela lembra, não devemos nos esquecer da paciência necessária para “ralar e subir os degraus”. Ela que o diga. Chegar a este cargo não foi fácil. “Às vezes, você vê que o pessoal dá preferência para homens. Acho injusto, mas tendo perseverança é possível vencer os obstáculos”.

 


Esta é a Margarida…

 

Para ela, trabalho é razão de alegria e contentamento, mas relaxar é preciso. Por isso, nos momentos de folga, Margarida gosta mesmo é de viajar por aí atrás de cenários para seus esportes radicais. Ligada em natureza, não abre mão de um bom rapel, rafting e cavalgadas. E trekking, então? Já praticou na Chapada Diamantina, no Pico das Agulhas Negras, no Pantanal…

 

 
… curtindo a natureza durante o trekking na Patagônia
(fotos: arquivo pessoal)

 

Ler é outra paixão. Quando questionada sobre os livros que leu recentemente, faz uma lista rápida com nada menos do que 6 publicações – duas delas ela lê ao mesmo tempo: A cura de Schopenhauer, de Irvin Yalon e Paixão Por Vencer, de Jack Welch. Entre os autores preferidos, Sua Santidade, o Dalai Lama. “Gosto muito  dele, pois como Gandhi,  Luther King e Mandela, ele tem se posicionado pacificamente neste mundo tumultuado trazendo a sabedoria do budismo tibetano e fazendo-nos repensar nossos valores”.

 

“Só ponho U2 no carro. Não canso! Não canso! Não canso!”

 


Depois de um almoço com jornalistas em SP
(foto: Karina Miotto)

 

A espontaneidade é uma característica muito marcante de Annie Morrissey, vice-presidente de marketing e vendas da Atlantica Hotels International. Conversar com ela é garantia de aprendizado e boas risadas.

 

Annie é inglesa e mora no Brasil há duas décadas – tempo que lhe rendeu o português fluente. Está aqui depois de começar a trabalhar na Utell, empresa de representação hoteleira. O escritório em São Paulo foi a razão de sua vinda. Há 5 anos, passou a integrar a equipe AHI.

 

Em suas viagens pelo mundo, ela conclui que teve sorte ao desembarcar no Brasil. “Brasileiro é respeitoso com estrangeiros. Sempre fui muito bem acolhida. Tive sorte, nunca fui discriminada no trabalho porque sou de fora. Se fosse daqui, talvez sentisse de maneira diferente”.

 

Ela também acredita que só chega lá quem realmente gosta do que faz. “Se não, vai para o cosmos, porque a sua vida vai se tornar um inferno!”. Palavra de quem não está no cosmos.


(foto: Peter Kutuchian)

 

Para relaxar aos finais de semana, ela tem várias opções: aposta na filha Elisabeth, de 3 anos e meio, em viagens, teatros, cinemas, no piano, no tênis e na corrida, “quando o joelho permite”. Já para descontrair durante o trânsito caótico de SP, as opções não variam: é só U2, a banda favorita. “Sou fã, adoro o Bono e só ponho U2 no carro. Não canso! Não canso! Não canso!”.

 


Show do U2 em SP que, óbvio,
ela não perderia por nada
(foto: Giulia Ciavatta)

 


Momento família: com “Lizzie”
(foto: arquivo pessoal)

 

Há algumas semanas, uma coletiva reuniu a imprensa com executivos da Atlantica. O assunto? A padronização da rede. Rafael Guaspari, vice-presidente sênior de desenvolvimento, respondia algumas perguntas enquanto Annie, sentada do outro lado, ouvia atentamente. O assunto começou a mudar. Ela se levanta, convida a todos para o almoço programado e reitera uma nova coletiva, que possibilitaria mais detalhes sobre os negócios da Atlantica. “Muito obrigada por me lembrar que as mulheres mandam nos homens!”, dispara Guaspare, aos risos. E a reunião acaba.