O secretário Faisal Saleh tem como desafio projetar o
 destino Paraná no cenário nacional e internacional
(fotos: Juliana Albino) 
 
Com a missão de articular e integrar o Estado do Paraná entre a iniciativa privada, instituição pública e de ensino da atividade turística paranaense, Faisal Saleh, que assumiu no início deste ano a secretaria de Turismo do Estado do Paraná, foca sua gestão na elaboração do Plano de Turismo para o período entre 2011 e 2014. A meta é tornar o Paraná uma força turística de representatividade nos cenários nacional e internacional.
Empresário em Foz do Iguaçu, Saleh que nasceu em Ponta Grossa (PR), fundou o Instituto Polo Internacional Iguassu, que reúne instituições que fomentam a integração e desenvolvimento da região de fronteira.
 
O executivo também participou da criação e direção do Conselho Municipal de Turismo de Foz do Iguaçu; do Iguassu Convention & Visitors Bureau; da Câmara de Comércio Paraguaio-Americana e do Centro de Importadores e Comerciantes Del Alto Paraná, entre outras instituições ligadas à integração do turismo.
Em entrevista ao Hôtelier News durante o 17o Salão Paranaense de Turismo, que aconteceu em Curitiba entre os dias 1 e 2 de abril, Saleh falou sobre as ações e ferramentas para um desenvolvimento sustentável do turismo paranaense.
 
*Por Juliana Albino

 
As Cataratas do Iguaçu – Saleh se especializou
no segmento turístico no destino Iguaçu
(foto: arquivo HN)
 
 
Hôtelier News: Quais as características do Paraná como destino turístico? Como o senhor analisa a região?
Faisal Saleh: O Paraná é considerado como o quinto Estado mais rico do Brasil, atrás de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Nosso Estado faz fronteira com São Paulo, Santa Catarina, Argentina, Paraguai e Mato Grosso do Sul, e é composto por importantes munícipios como Londrina, Maringá, Cascavel, Toledo, Pato Branco, Ponta Grossa, Foz do Iguaçu, Francisco Beltrão, São José dos Pinhais, Guarapuava, Paranaguá, Apucarana, Umuarama, Campo Mourão, Arapongas, com inúmeras riquezas naturais, agropecuárias, industriais e turísticas que só tem a se desenvolver nos próximos anos.
 
Morando em Foz do Iguaçu, por diversas vezes cruzei a Ponte da Amizade (divisa entre Brasil e Paraguai), e comecei a observar algumas incoerências. Acredito que os países latino-americanos se desenvolveram além-mar, vemos comunidades se estabelecendo nos dois lados da fronteiras, mas que em nenhum momento aproveitam essa vantagem única de explorar as suas potencialidades turísticas. Em ambos os destinos de fronteira o turismo sempre foi tratado de forma individualizada.
Quando se fala em Cataratas, já pensamos em Brasil e Argentina. Ao falar em Itaipu vem à cabeça Brasil e Paraguai. O destino Foz é o marco das três fronteiras, com nações muito importantes na América Latina, sendo o turismo a mola alavancadora no desenvolvimento de toda aquela região. Daqui alguns anos será possível pensar nessas fronteiras como potencial turístico e econômico, assim como outras cidades do Paraná com enorme potencial de crescimento, que só precisam de divulgação e investimentos em infraestrutura.
 
Essa é a luta permanente pelo polo turístico do Iguassu: se ele estivesse em outros continentes, já teria sido considerado um paraíso e trabalhado adequadamente, com investimentos de grande porte.
 
HN: O senhor fala sobre um plano de integração para a cadeia produtiva do turismo paranaense. Como se dará esta ação?
Saleh: Trago este modelo de trabalho da gestão integrada do Destino Iguaçu, com mais de 30 regiões que atuam de forma harmonizada e constroem fundos de investimentos com atividades de promoção e divulgação, inserção do jovem no mercado de trabalho, além do combate à exploração sexual infantil, com o objetivo de tornar o turismo uma atividade sustentável.
 
O turismo é feito com pessoas que trabalham em conjunto. Nos próximos três meses, atuaremos na elaboração do Plano de Desenvolvimento do Turismo até 2014. Para construirmos e aplicarmos esse plano é necessário haver articulação e integração com os diferentes setores.
 
Ganhamos quando um destino se projeta no cenário nacional como internacional, pois gera empregos e receitas para a região. Precisamos transformar o Paraná em uma força turística, e para isso iremos incentivar o turismo interno, retomar o investimento e atuar de maneira criativa.
 
HN: Qual a importância da hospedagem dentro da cadeia produtiva do turismo?
Saleh: O tema cultura da hospitalidade permeia toda a cadeia produtiva do turismo, e tem um valor de extrema importância na captação de visitantes para o País. Através de um meio de  hospedagem de qualidade e com padrões internacionais, esse turista certifica-se que destinos estão preparados com serviços diferenciados e que não se diferem de nenhum outro hotel em  qualquer parte do mundo.
A hospitalidade vem do verbo servir, e saber servir será um dos alavancadores desse segmento em nossa gestão. Estamos criando sistemas que possibilitarão com que as regiões turísticas  apresentem produtos tecnicamente preparados para que possamos ter novos recursos no cenário nacional e internacional, visando a promoção do destino Paraná.  
HN: Em seus projetos, fala-se muito em unidades inteligentes. Essa ação visa unificar os hotéis e trazer capacitação do setor?
Saleh: O esforço desse programa se inicia com desafio de criar unidades inteligentes, que visam fazer com que a região turística e os meios de hospedagem recebam apoio técnico para melhora da infraestrutura com a realização de pesquisas para beneficiar os seus estabelecimentos e o próprio destino. As unidades devem ser implantadas ao longo da nossa gestão, a meta é que cada região com potencial turístico tenha esse apoio técnico para o seu desenvolvimento. 
 
  
HN: Como tornar o Estado do Paraná uma potência turística no cenário nacional e internacional?

Saleh: É preciso fazer com que o Estado como um todo seja um setor estratégico economicamente, o que implicará em maior volume de recursos, com a missão de extrapolar o conceito pontual do turismo fazendo com que sejam criados novos recursos com o cultivo de atividades que mexam com a vida das pessoas no dia a dia.
Temos todas as ferramentas necessárias para que esse grande momento do turismo paranaense aconteça, como um campo fértil e muito importante para desenvolvimento de novas atividades. O Paraná é terceiro Estado com o maior fluxo de turistas estrangeiros, o que ocasionou em 2009, uma receita de R$ 1 bilhão.
 
O turismo no Estado tem um volume que vislumbra a importância das cidades paranaenses. A meta é mostrar ao cidadão a importância do desenvolvimento da atividade na região, pois até o momento não estão captando recursos diferenciados na região Sul.  
HN: Quanto foi disponibilizado para a pasta do turismo? Há recursos voltados para o marketing do Paraná?
Saleh: A maneira como o Paraná é vendido no Brasil e exterior, desde os primórdios, começou errada. Por termos destinos tão conhecidos pelo processo de construção sustentável, como Foz do Iguaçu e Curitiba, ambos atualmente são muito mais percebidos em feiras e exposições do que o próprio Paraná.
Temos R$ 52 milhões destinados à pasta neste ano, o objetivo é criar alternativas para aumentar o orçamento dedicado ao turismo. Já estamos elaborando um plano de marketing, que tem como slogan Paraná que conhece o Paraná, para que haja o fomento da cultura da viagem entre os próprios parananenses, que muitas vezes não conhecem os atrativos da sua região.
 
Através do Conselho Estadual do Turismo, queremos adequar as novas propostas, para que o paranaense tenha consideração pelo turismo dentro do seu Estado e seja um canal de distribuição sobre os atrativos do Estado.
 
HN: É possível falar sobre ações para melhorar a infraestrutura turística no Estado. A comunicação seria um dos vetores desse processo?
Saleh: Ainda não temos verbas para investir na área da comunicação. Nosso projeto visa a implantação de uma assessoria de imprensa, uma área de marketing. Sem comunicação fica complicado nos projetar no segmento internacional.
Outra vertente está no fator tecnologia. Mídias são importantes alavancadores para se obter desenvolvimento, a nossa meta é fazer com que nossas campanhas sejam veiculadas em diversos veículos de comunicação. É preciso trabalhar com canais de comunicação e fazer com que a atividade seja rentável em todo Estado, País e exterior.

HN:
Recentemente foi assinado um convênio para o incentivo do turismo religioso. Quais as diretrizes desse acordo?
Saleh: Acabamos de firmar um convênio com o Instituto Gaudium de Proteção à Vida para ampliar o turismo religioso no Paraná. O objetivo do acordo é formalizar uma parceria para a estruturação e realização de um mapeamento do segmento turístico no Estado. Uma das diretrizes definidas no convênio é a realização de eventos para ampliar a divulgação do setor e no cenário brasileiro.
A parceria preve a confecção de material promocional, a atualização do mapeamento do turismo religioso dentro de quatro matrizes religiosas (africana, indígena, oriental e ocidental), a identificação das necessidades para estruturar santuários e a realização de oficinas para a divulgação do turismo religioso do Paraná. O turismo religioso é um segmento prioritário. Vamos ampliar as parcerias para alavancar e valorizar o setor.
  
HN: Há rumores de uma parceria com Fecomércio. No que consiste o acordo?
Saleh: A parceria consiste no planejamento em viabilizar as unidades de inteligência juntamente com o Sebrae. O projeto visa trazer grandes empresas de reservas com representatividade mundial, e trabalhar com hotéis de até 24 acomodações na implantação de novos sistemas de reservas, fazendo com que esses hotéis entrem na cadeia mundial e possam apreender como se projetar nacional e internacionalmente. Ainda estamos formulando esta ação, que será um importante vetor no desenvolvimento do setor hoteleiro na região. 
 
Saleh e Celso Tesser, presidente da Abav-PR, um dos principais parceiros do secretário no desenvolvimento do turismo do Estado
(foto: divulgação)
 

HN: Há projetos específicos para a Copa de 2014 na sua gestão?
Saleh: Nós temos uma secretaria especial da Copa Estadual e municipal do destino sede, estamos conscientes que a pasta do turismo gere maior demanda específica para Copa, e que será um sucesso no processo de infraestrutura no contexto geral.
A Copa já traz seus benefícios e falar do evento remete em  melhorias no turismo e esporte. No entanto, queremos juntar todos os agentes de qualificação do Estado e gerar grandes debates sobre este momento, que deve ter contribuições de investimentos para todas regiões. 
 
HN: Quais são seus principais desafios à frente da secretaria?
Saleh: O desafio é escrever uma parte do livro da minha vida sendo um gestor eficaz e inserir no Estado uma nova visão e  firmar parcerias. Não tenho formação técnica. Minha trajetória política e empresarial tange no relacionamento humano, tenho preocupação com qualidade de vida. Ao longo desses anos quero colecionar ações, e nos últimos anos trabalharei para haja um desenvolvimento turístico no Estado.
 
Contato
41 3313-3500
 
* A equipe do Hôtelier News viajou a convite da Abav-PR.