Palestrantes destacaram o cenário econômico positivo e político conturbado

Apesar dos sinais de retomada econômica, 2018 ainda guarda desafios para o setor hoteleiro brasileiro. Talvez a principal fonte de tensão, e de muitas expectativas, sejam as eleições. Os possíveis rumos do pleito e seu impacto no mercado brasileiro centralizaram os debates da segunda palestra do Fórum Brasileiro de Hotéis Independentes, aberto hoje (26), em São Paulo. O encontro é realizado no Wyndham Garden Convention Nortel

Participaram dos debates a jornalista Cida Damasco, colunista semanal do O Estado de São Paulo; Fábio Silveira, economista e sócio-diretor da MacroSector Consultores; e Rafael Guaspari, diretor sênior de Desenvolvimento da Nobile Hotéis

Fórum Brasileiro de Hotéis Independentes: juros

Para iniciar o debate, Silveira demonstrou como estão as contas externas do país. "Em 2017, tivemos um superávit de R$ 67 bilhões na balança comercial. A expectativa é que, neste ano, o país atinja um saldo de R$ 60 bilhões”, comentou. 

Outro motivo de comemoração destacado pelo economista foi a diminuição do risco Brasil, principalmente nos últimos meses. "É uma situação que traz certo conforto", destacou Silveira, lembrando que, desde o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o indicador subira bastante.

Além disso, Silveira apontou a queda do juro como fator positivo para a economia. "Está longe de ser uma taxa ideal para deixar o empresariado à vontade para investir. Em suma, quero mostrar que houve melhoria nos indicadores em comparação há dois anos, mas não estamos no paraíso", detalha. “Ainda assim, o fator fiscal continua como um entrave para o país”, completou.

Economia serena e política conturbada

Cida começa sua fala admitindo ter uma pontada de inveja do panorama apresentado por Silveira. "Pelo o que Fabio apresentou, podemos até sentir que a política e a economia estão separadas. Sabemos que o cenário político não é dos melhores", pontuou.
 
Para aprofundar a discussão, a palestrante não poderia de deixar de citar a prisão do ex-presidente Lula e sua eventual candidatura à presidência. "O PT vai querer manter a candidatura até o fim do prazo. Enquanto não indicam seu substituto, o público vai escolhendo seu novo candidato", ressaltou.

Cida comentou também sobre os candidatos de centro, que “apresentam ser mais voláteis que a economia”. "Hoje há uma polarização muito grande: temos a extrema esquerda, com o Lula, por exemplo, e a extrema direita, com o Bolsonaro”, exemplificou. “Entretanto, por mais que as pessoas gostem da ideia de uma economia mais liberal, de um governo mais equilibrado, nenhum dos candidatos de centro ganha consegue passar isso para o eleitorado", explica.
 
Os conselhos finais apontados pela jornalista são simples: manter a cabeça fria e ser cautelosos.

(*) Crédito da foto: Felipe Lima/Hotelier News