Felipe TouroFelipe Touro
 

Recentemente tivemos a divulgação da pesquisa anual realizada pela consultoria A.T. Kearney chamada FDI Confidence Index, destacando o Brasil fora da lista dos melhores países para se investir. 

Este ranking tem como principal parâmetro o índice FDI (Foreign Direct Investment), ou na tradução literal, Índice Global de Confiança para Investimentos Estrangeiros, tendo como alvo executivos de diversas empresas multinacionais a fim de identificar e classificar quais são os mercados que provavelmente mais atrairão investimentos nos próximos 3 anos.

Tive a oportunidade de conversar com Courtney McCaffrey, Global Business Policy Council Manager da AT Kearney a fim de entender os critérios desta pesquisa, que colocou o Brasil fora deste radar e ajudasse a justificar este posicionamento.  

De forma enumerada, compartilho com você:

1. FDI Confidence Index é construído usando dados primários de uma pesquisa exclusiva de 500 executivos das principais empresas do mundo;
2. Todas as empresas participantes têm receita anual de US$ 500 milhões ou mais;
3. As empresas estão sediadas em 30 países e abrangem todos os setores da economia; 
4. As empresas do setor de serviços respondem por cerca de 44% dos entrevistados, as empresas industriais por 33% e as empresas de TI por 18% e os outros cerca de 5% corresponde a outros setores;
5. O Índice é calculado com uma média ponderada com base no número de perguntas e respostas indicadas como alta, média e baixa probabilidade de se fazer um investimento direto em um determinado mercado nos próximos três anos;
6. Os valores do índice baseiam-se em respostas apenas de empresas sediadas em mercados estrangeiros. Por exemplo, o valor do índice para os Estados Unidos foi calculado sem respostas de investidores sediados nos EUA. Valores mais altos do índice indicam metas de investimento mais atraentes;
7. O Índice de Confiança FDI mede os investimentos planejados das empresas em um determinado mercado, mas não o tamanho desses investimentos.

Segundo Courtney, a razão pela qual o Brasil não está na lista neste ano é que os investidores globais não classificaram o Brasil como altamente potencial em relação aos 25 principais mercados. Acredita-se que isso faz parte de uma mudança geral entre os investidores em relação aos mercados desenvolvidos, já que apenas três mercados emergentes apareceram no ranking de 2019. A preocupação dos investidores com a incerteza econômica e política em curso em nosso país certamente foram cruciais para a definição deste cenário. 

Minha análise sobre este tema inicia-se falando especialmente do reflexo do investimento estrangeiro, que por sua vez, é atraído por alguns fatores determinantes como infraestrutura, taxa de câmbio do nosso país, o desenvolvimento do sistema financeiro, estabilidade econômica, tributação (impostos e taxas), entre outros, que por consequência, apresentam relação direta com o crescimento econômico. 

Uma das linhas a seguir é pensar que mais investimentos significam maior geração de empregos, que irá gerar mais renda, e por fim, gerar maior desenvolvimento econômico. E se capital estrangeiro atrai mais empresas no país significa que mais empresas geram mais concorrência e possivelmente a diminuição de preços, beneficiando consumidores, que tendem a aumentar o consumo. 

Alguns de nós já demos início a construção de elementos fundamentais para a estratégia de nosso negócio, tais como, pricing e budget, e fatores macroeconômicos tem tanta importância quanto os microeconômicos, pois na prática, é o que permite analisar melhor o mercado e prever tendências de forma que se consiga antecipar a tomada de decisão principalmente no que se diz a respeito à demanda e preço. 

Deve exigir não só de Revenue Managers, mas de todos os outros envolvidos na participação, uma grande preocupação na coerência de como é e/ou deve ser construído estes elementos a fim de garantir maior precisão. 

Requer uma avaliação minuciosa das práticas e desempenho históricos e, em seguida, o desenvolvimento cuidadoso de planos de ação e projeções financeiras para o próximo ano. Do ponto de vista de investidores isto pode significar menos riscos e para demais gerências maior controle de investimentos, fluxo de caixa e vendas.

Um grande e experiente amigo Revenue Manager já me dizia: “Teoria não é tudo, mas pode dar embasamento para se ter grandes ideias e tomadas de decisões”.

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Felipe Touro é gerente Corporativo de Receitas na Hotelaria Brasil. Formado em Administração Hoteleira pelo Centro Universitário Senac e pós-graduando em Marketing e Gestão Comercial pela Business School São Paulo, tem passagens por grandes empresas do trade hoteleiro e do segmento de T.I como Singulare Consultoria, Atlantica Hotels, Blue Tree Hotels, Pestana Hotel Group, PMWEB e Grupo Conectt nas áreas de marketing, vendas e revenue management.