Gabriela Otto: A nova era da arquitetura e decoração dos hotéis
30 de novembro de 2011Gabriela Otto
(foto: arquivo pessoal)
Os hóspedes agradecem. Afinal de contas, um hotel é muito mais que “dormir fora de casa”. Para muitos, a hospedagem é diversão, negócios, fuga da rotina (turismo cultural), novos conhecimentos (para quem participa de eventos) etc. Não há mais espaço para hotéis engessados. Versatilidade é essencial nessa indústria.
Com base nisso, a onda do design tomou conta da hotelaria. Hoje encontramos bares temáticos, restaurantes incríveis, salas de eventos interativas, fitness e lobbys sensacionais. E, por falar em lobby, esse é o ponto primordial com o qual você pode ganhar ou perder o cliente.
Lembre-se da importância da primeira impressão. Até então, o viajante só tinha a promessa (comentários dos amigos, propaganda, reportagens, seu site, redes sociais etc). Esse é o momento no qual toda sua expectativa começa a tomar forma.
Não é à toa que decoradores de todo o mundo têm dedicado atenção especial aos lobbys. É só reparar nas últimas renovações. O novo lobby do Hotel InterContinental São Paulo é um bom exemplo disso.
Lobby e bar do InterContinental São Paulo
(foto: tripadvisor.com)
A resposta é não. A criatividade superou a ostentação. O luxo e o requinte excessivos deram espaço à funcionalidade e ao bom gosto. Você não precisa contratar o Philippe Starck ou o Ian Schrager para decorar seu hotel. Mas nada o impede de utilizar suas duas ideias principais:
Existem empresas especializadas em decoração de interiores e arquitetura hoteleira aqui no Brasil que esbanjam bom gosto. Aliás, bom gosto é o desafio. Na ansiedade de criar algo diferente, vemos hoteleiros “perderem a mão” com carpetes psicodélicos nas áreas de eventos, iluminação cansativa, apartamentos nada funcionais que, com a desculpa de ser design, acabam tornando a hospedagem estressante.
Outros vão ainda mais além. O caso clássico é dos cofres com abertura lateral para deixar o laptop carregando. Atenção: isto esquenta demais o equipamento e pode queimá-lo. Você voltaria para um hotel que fez você perder todo o conteúdo e ainda inutilizou seu computador?
Tendências
Também é importante ampliar a visão. Design é algo que está presente não só na decoração, mas na arquitetura, na natureza, na vista da janela, nos pequenos detalhes. As paredes de vidro e as plantas do lobby do Tivoli São Paulo ou a vista da Ponte Estaiada do Sheraton WTC são exemplos dessa beleza.
Lobby do hotel Tivoli Mofarrej, em São Paulo (SP)
(foto: saopaulo.com.br)
– Proporcionar conforto;
– Valorizar o hábitat;
– Flores e plantas, sempre naturais;
– Se você deseja coisas boas, perfeito. Não é justo que outras pessoas sofram por causa disso. Não é mais aceitável que os materiais de construção e decoração do seu hotel sejam provenientes de uma cadeia de produção que gera exploração ou pobreza;
– Madeira de demolição;
– Luz natural;
– Sensação de escapismo (mesmo em hotéis corporativos);
– Estética não é mais fundamental. Harmonia e bem-estar sim.
Para finalizar, o escritório britânico WGSN define três grandes tendências mundiais como novos caminhos estéticos:
1) Hyper Cultura – Múltiplas origens e influências tomam lugar de culturas singulares. Evolução Cultural. Surge uma estética que mixa marcas, estilos, valores e ícones que encarnam suas origens culturais.
2) Eco-Hedonismo – Surge um novo luxo em paralelo à natureza. Sustentabilidade combinada com o hedonismo. O que era uma técnica de sobrevivência agora é um caminho luxuoso para o consumo. Exemplo: O Awasi (Deserto do Atacama, Chile) utilizou somente materiais encontrados até 100 quilômetros de distância do hotel na sua construção e utiliza a cultura local como base de sua estratégia. Prova disso são suas diárias de US$ 2 mil e a participação em organizações como Relais & Chateau e Virtuoso Hotels & Resorts.
Hotel Awasi
(foto: awasi.cl)
Muito viajante? Bem, grandes designers são grandes artistas, e esse pessoal vive de grandes inspirações.
Corredor do hotel Armani Dubai
(foto: dubai.armanihotels.com)