Gabriela Otto
(foto: arquivo pessoal)

Quando falamos em motel, o que vem primeiro a sua mente?

Se fosse americano, com certeza você pensaria em motor + hotel, ou hotel econômico à beira de uma rodovia, com acesso direto do quarto ao estacionamento, destinado a motoristas que precisam de um breve descanso antes de seguir viagem. Diferentemente de um hotel, o motel não é o destino, somente está no caminho até o destino.

Como curiosidade, o primeiro foi o Milestone Mo-tel (Motel Inn), na Califórnia, aberto pela Rede Hamilton, em 1925.

Mas como estamos no Brasil, você deve ter pensado em cama redonda, neon, TVs antigas, toalhas e lençóis desgastados, e total desconexão com turismo.

Depois de orientar excelentes trabalhos de conclusão de curso sobre o assunto, assim como os Hostels, tive a certeza que o mercado precisa quebrar alguns paradigmas com o setor.

Suítes supertecnológicas, decorações refinadas, investimentos em sistemas de iluminação, mudanças no atendimento e cardápio diferenciado já fazem parte da rotina de muitos motéis. E por falar em cardápio, o Motéis Gourmet, festival gastronômico de Belo Horizonte, já entra na sua 3ª edição com muito sucesso.

Mas qual o resultado dessas inovações?

De acordo com a ABMotéis, 30% deles já estão em sintonia com a nova tendência de meio de hospedagem para negócios, entretenimento comercial ou empresarial, e lazer. São hóspedes residentes ou aqueles que frequentam grandes shows, eventos esportivos, feiras e eventos.

Desde 1968, quando o Motel Playboy (antigo Monte Belo Country Club) abriu suas portas em Itaquaquecetuba/SP, o segmento de motéis evoluiu muito por aqui. De acordo com pesquisa da empresa Zeax, o mercado moteleiro do Brasil se sofisticou, expandiu, e já conta com mais de 5.000 motéis, movimentando R$ 4 bilhões por ano.
Claro que estamos longe do Japão, a meca dos motéis, onde existem mais de 30.000 “love hotels”, quem movimentam R$ 80 bilhões anualmente.

Mas a cobrança por hora já é conhecida da hotelaria através do day use, embora alguns hoteleiros não vejam a prática com bons olhos.
A novidade então, fica por conta da adesão dos hotéis corporativos.
Exemplo disso é o crescimento meteórico do site www.day-use.hotels.com. Lançado em 2010 na França, o site contava somente com alguns hotéis de negócios de alto padrão oferecendo hospedagem de 3 à 7 horas, e um slogan conectado com o hóspede atual: “A second bed, a second office, a second life…”
Pouco tempo depois, o conceito se espalhou pela Europa e conquistou os Estados Unidos. Hoje em dia, até as grandes redes já aderiram à nova moda.

Durante a Copa, a Associação Brasileira de Motéis (ABMotéis) em parceria com o site Guia de Motéis, permitirá o aluguel de quartos nas suas propriedades. Nas cidades sede, os hóspedes poderão entrar e sair a qualquer hora, e ainda levar a chave da sua suíte. O aluguel por horas também será adaptado, já que alguns motéis chegam a iniciar a diária somente às 2 da manhã.

Já seguindo a tendência da decoração mais clean e menos apelativa dos últimos tempos, entre junho e julho, não será difícil encontrar canais pornô desativados e camas retas. Só os espelhos no teto, marca registrada desse tipo de negócio, permanecerão.

Conheça os motéis selecionados para reservas durante o evento aqui.

E o futuro dos motéis? Considerando o crescimento da economia, as características culturais, o bônus demográfico e os dados do mercado moteleiro, as perspectivas são excelentes para os próximos dez anos.

E isso se justifica pela demanda não atendida de motéis que ofereçam serviços sofisticados, sem a vulgaridade que caracterizou os motéis dos anos 80. Esse tipo de propriedade vai crescer em média 27% ao ano, sendo que à partir de 2022, os motéis movimentarão 15 bilhões de reais anualmente.

Definitivamente um segmento de hospedagem que merece toda a atenção, cada vez mais profissional, e antenado aos movimentos do mercado.

** Gabriela Otto é formada em Comunicação Social pela PUC/RS, Pós em Marketing pela ESPM e MBA Executivo pela FAAP/SP, além de inúmeros cursos de qualificação profissional, incluindo uma certificação internacional para Leadership Development Trainer. Com 20 anos de trajetória em Marketing, Formação de Pessoas, Vendas Estratégicas, Canais de Distribuição e Revenue Management, Gabriela tem experiências marcantes em empresas como Caesar Park, InterContinental, Sofitel Luxury Hotels e Worldhotels, sendo responsável pela divisão América Latina nas duas últimas. Atualmente é Sócia Diretora da GO Associados, empresa especializada na Capacitação de Pessoas, Marketing, Mercado de Luxo e Hotelaria & Turismo. Além disso é Palestrante, Articulista, Blogueira e Professora da ESPM e outras universidades de renome.

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