Gabriela Otto

Volta e meia aparecem novas expressões no mercado, e depois de passar um tempo ‘boiando’, todos começam a se interessar pelo significado e aplicação. Pois não seria diferente com ‘blockchain’, a palavra que mais falada na última HSMAI ROC (Revenue Optimization Conference), que participei em Houston meses atrás.

Então vamos a explicação, e porque isso é tão importante a ponto de impactar profundamente nossa indústria?

Definição

Na tradução literal, blockchain significa ‘cadeia de blocos’. 

Imagine um livro ‘mágico’ de informações sobre determinado assunto. A mágica acontece, pois é possível criar infinitas cópias dele, e tudo o que for registrado nele será automaticamente registrado nos demais. Assim, as cópias serão iguais para sempre, atualizadas em segundos. Como esse livro também não pode ser apagado e nem adulterado, ele se torna parte essencial de um sistema que distribui recursos de maneira justa e eficiente para todos. Tudo o que é registrado no livro é válido para todo mundo, pois os registros aparecem em todas as unidades.

Exemplo mais clássico: o principal ingrediente do êxito do Bitcoin (lançado em 2009) é um sistema de registro que ficou um bom tempo sem ser notado. E adivinha o nome desse sistema? 

O blockchain é tão importante pelo fato dele não ser um banco de dados convencional. O sistema funciona como um livro de registros, mas inviolável, "inderrubável" e extremamente eficiente.
Em resumo, é um banco de dados distribuído e sem intermediários, totalmente confiável para permitir transações diretas. Esse é o papel do blockchain!

Uma rede centralizada (esquerda) e uma rede distribuída (direita)

Implicação na hotelaria

Embora alguns comentarem que é cedo para aprofundarmos o assunto (‘É como a internet nos anos 90, ainda é cedo…’), outros já vislumbram excelentes avanços na indústria de viagens e hotelaria:

  1. Segurança nos Pagamentos e Estabilidade – na indústria de viagens, pagamentos passam entre várias empresas. Com uma colaboração aprimorada, a melhora na experiência geral dos clientes será evidente.
    a. Aceitação de bitcoins ou qualquer outra criptomoeda.
    b. Livro contábil seguro
    c. Pagamentos bancários simplificados
    d. Transações financeiras internacionais gratuitas
    e. Custos dos hotéis reduzidos
  2. Estabilidade e Segurança de dados – imagine todos os dados descentralizados e rastreáveis, e um banco de dados que nunca fica off-line e é anti ataque cibernético. Viajantes são obrigados a fornecer identificação em vários estágios de sua jornada. Imagine uma impressão digital já resolvendo tudo isso e reduzindo o tempo dispensado hoje nesse processo?
  3. Programas de Fidelidade – simplificação do processo, facilidade ao acesso dos clientes aos pontos e resgate. As recompensas, por exemplo, poderão ser distribuídas por meio de tokens digitais, juntamente com benefícios de segurança inerentes que reduzirão fraudes.
  4. Distribuição – ‘Se os intermediários concordarem com um certo tipo de protocolo, isso será poderoso. Poderei até dizer: ok, aqui está meu inventário’, comentou um gestor hoteleiro.

Cases em Viagens

  1. TUI – A gigante do turismo foi uma das primeiras a se comprometer com a tecnologia blockchain, e lançou o ‘bed-swap’, onde ela avalia demanda e movimenta seu inventário em diferentes pontos de vendas em tempo real. A partir daí pode flexibilizar suas margens com base na demanda.                                                                                                      Aplica essa lógica para o processo de precificação e yield da hotelaria e…voilá! 
  2. Winding Tree – empresa iniciante sem fins lucrativos, recentemente levantou milhões de dólares para desenvolver uma plataforma de distribuição de viagens open-source (software com código-fonte aberto) baseada em blockchain.  Ela faz rastreamento de estoque, e descentraliza a distribuição, eliminando intermediários e riscos de monopólios. 

Esse vídeo mostra um resumo da nova tecnologia na indústria de viagens em 3 minutos (em inglês):

A conclusão final é que blockchain deve ser monitorado, juntamente com quaisquer outras tecnologias que pareçam estar prontas para afetar o setor de viagens e hospitalidade.
Em uma época que, finalmente, a hotelaria.
Fique ligado!

 

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Gabriela é formada em Comunicação Social pela PUC/RS, Pós em Marketing pela ESPM, MBA Executivo pela FAAP/SP, e Leader Coach pela Sociedade Brasileira de Coaching.

Com mais de 20 anos de trajetória e experiências marcantes em empresas de grande porte como Caesar Park, InterContinental, Sofitel Luxury Hotels e Worldhotels, agregou profundo conhecimento nas áreas estratégicas de Vendas, RM, Distribuição, Marketing Digital, Gestão de Pessoas e Luxo.

É presidente da HSMAI Brasil (Hospitality Sales and Marketing Association International), principal palestrante de Turismo de Luxo do País, Professora da Educacão Executiva da ESPM, Criadora de renomados cursos como “Gestão e Estratégias do Turismo de Luxo”, "Excelência em Serviços em Turismo e Hotelaria", e “Revenue Management e Distribuição Hoteleira”. Além disso, é articulista de sites especializados no segmento de viagens, e mantém seu renomado blog desde 2008.

Contato: gabrielaotto.com.br [email protected]

* Fotos: divulgação/Arquivo Pessoal