Hostels- impactoBeach House Ipanema manteve suas operações durante a pandemia

O “novo normal” vai mudar a relação de consumidores e marcas. No setor de hospedagem, esperam-se mudanças profundas, com cuidados redobrados com higiene, entre outros fatores. Agora, mais do que “prometer” e “entregar”, é preciso comunicar bem o que está sendo feito aos hóspedes. Diante desse cenário, especialistas acreditam que o segmento de hostels terão desafios ainda maiores na retomada. 

Com hóspedes majoritariamente compostos por jovens viajantes e famílias, hostels terão que se reinventar em termos operacionais. Lembrados pelos quartos compartilhados e áreas comuns interativas, esses empreendimentos terão que conduzir adaptações para não perder receita e mercado. O Hotelier News conversou com três empresários do segmento para entender como está esse processo de transformação. 

Willian Stahl mal começou a empreender no setor de hospedagens e já tomou um banho de água fria. Com a compra do Concept Design Hostel & Suítes em fevereiro, a unidade operou apenas 43 dias antes do fechamento, em meados de março, devido à pandemia. Reaberto no último dia 18, após o anúncio da flexibilização das medidas de isolamento em Foz do Iguaçu (PR), o empresário correu para iniciar as mudanças na operação.

“Temos três quartos compartilhados, mas apenas os individuais serão abertos. Não estamos servindo o café da manhã, pois nosso espaço é pequeno. Ficamos dois meses fechados e, como recebemos muitos representantes comerciais de empresas, optamos por reabrir”, conta. “Vamos orientar os hóspedes a não utilizarem as áreas comuns e permanecerem em seus quartos. Em maio tivemos um hóspede, mas esperamos que isso melhore em junho e julho. Nosso prejuízo é de R$ 15 mil por mês”, complementa.

Localizado em um dos bairros mais badalados do Rio de Janeiro, o Ipanema Beach House optou por manter suas atividades durante a quarentena. Mesmo sem demanda, a proprietária Carolina Fernandes mantém dois funcionários na unidade. “Não estamos fechados por uma questão específica. A casa é de 1918 e o muro é baixo. Então, precisamos de uma equipe presente. Os colaboradores estão dormindo por lá e recebemos, no máximo, um hóspede por quarto, mesmo nos de seis ou nove leitos”, explica. 

Apesar das portas abertas, Carolina conta que simplesmente não há demanda no momento e os prejuízos ainda não foram contabilizados. “Não sabemos qual foi o impacto na receita. Em relação a medidas de distanciamento, agora não estão sendo necessárias, pois não estamos recebendo hóspedes”, acrescenta.

Com DNA familiar, o Hostel Cantinho Família da Aventura, em Socorro (SP), paralisou as operações em março. Com o decreto da prefeitura, a unidade retomou as atividades ontem (1), com apenas 50% de sua capacidade liberada. “O impacto foi gigantesco. Teremos que começar do zero. Estamos negociando bastante com fornecedores e priorizando custos fixos”, revela Regiane Oliveira, proprietária do empreendimento.

Hostels: medidas de segurança

Como todo o setor de hospedagem, os hostels vêm adotando medidas rigorosas de higienização de quartos e áreas comuns. “Na verdade, quando a pandemia começou já instalamos pontos de álcool gel por todo o hostel, que permanecerão daqui para frente. Além disso, temos que acompanhar as orientações para entender melhor como será a dinâmica para os quartos compartilhados, porque neles ficam de seis a nove hóspedes, muitas vezes de diferentes nacionalidades”, explica Carolina.

hostels- impactoPiscina do Cantinho Família da Aventura seguirá fechada até segunda ordem

Com o café da manhã suspenso, o Concept planeja retomar as operações de A&B (Alimentos & Bebidas) de maneira reduzida. “Quando voltarmos a receber hóspedes, teremos alguém servindo o café com mesas afastadas e horários estipulados para cada quarto”, conta Stahl. “As chaves serão esterilizadas no check-in e, após a estadia, depositada em uma caixa para nova limpeza. Funcionários e hóspedes usarão luvas e máscaras e as superfícies serão constantemente higienizadas”, explica.

No interior de São Paulo, o Cantinho da Família afirma que está reforçando os cuidados com a limpeza, executando-a de três a quatro vezes ao dia com álcool 70%, além de proibir o uso da piscina. “Nos banheiros compartilhados, a higienização será feita com papel toalha e detergente. Funcionários e hóspedes serão obrigados a usar máscaras nas áreas comuns. Nossa piscina estará fechada, pois é pequena. Então, neste momento é inviável”, diz Regiane. 

Reservas e contato com o cliente

Com as sinalizações de retomada, alguns empreendimentos afirmam já estarem recebendo cotações para junho. “Estávamos zerados de reservas, mas começamos a receber procura de orçamentos para a semana de 11 de junho, mas não temos nada fechado ainda”, revela a proprietária do Cantinho da Família.

“Estamos trabalhando as OTAs e reservas diretas, além de fazer ações de marketing nas redes sociais. Diminuímos os valores em 80% com promoções para profissionais da saúde com desconto de 40% das tarifas”, complementa Regiane.

Em Foz do Iguaçu, Stahl prevê ocupação de 30% em meados de junho, quando as atrações turísticas têm permissão de reabrir. Mesmo com a retomada das atividades na cidade paranaense, Argentina e Paraguai – países vizinhos e importantes emissores de turistas – ainda não deram sinais de reabertura das fronteiras. “Muitos turistas vêm por causa da tríplice fronteira. Com os países fechados, acabamos perdendo muita demanda”, finaliza.

(*) Crédito da capa: Divulgação/Concept Design Hostel & Suítes

(**) Crédito da foto: Divulgação/Beach House Ipanema

(***) Crédito da foto: Divulgação/Hostel Cantinho da Família Aventura