Alguns hotéis podem operar adaptando serviços durante a pandemia?

Não é só em parar as operações que os meios de hospedagem do Brasil e do mundo devem se preocupar. A crise sempre traz novas oportunidades. Empreendimentos e redes hoteleiras precisam ter um outro olhar nesse momento. Criar comitês de crise deve ser prioridade, mas colocar suas equipes de marketing e vendas para fazer um brain storming sobre o que fazer também pode ser uma solução para não haver estagnação. É preciso adequar-se ao momento, que pode durar alguns meses.

Marcelo Marinho, diretor Executivo da ICH Administração de Hotéis, detentora das marcas Yoo2, Intercity e Hi!, dá um exemplo: "Um caso seja talvez o mais corriqueiro, de alguém da família estiver com o Covid-19, e ela precise ficar isolada. A família precisa sair e deixá-la em casa. Nesse caso, um hotel seria a solução, lembrando que o empreendimento que permanecer aberto atenda a todas as exigências de higiene. O ideal é contratar um consultor infectologista. É ele quem vai dizer o que fazer", explica Marinho.

Para Julio Gavinho, articulista do Hotelier News, alguns hotéis já estão se adaptando ao momento. "Na Europa vários hotéis estão transformando seus quartos em 'light nurseries' com enfermeiros de hospitais de renome, dedicados a famílias diagnosticadas com o coronavírus. Algo como uma grande enfermaria do Einstein por exemplo, transferida para um hotel. Esta medida deve estar na mente dos administradores públicos da saúde, usando os recursos ociosos para aumentar a capacidade do SUS (Sistema Único de Saúde) ou mesmo, liberando a rede privada para os casos mais sérios – ou mesmo graves", comenta o criador da marca Zii.

Hotéis próximos ao aeroporto e call centers

Já para Jeferson Munhoz, diretor Comercial da Hotel Care, existem várias possibilidades. "Hotéis próximos aos aeroportos podem atender às pessoas que não conseguem voos para voltar para suas casas. Obviamente é preciso ter regras bem claras de higiene para poder receber essas pessoas, mas é um segmento que estará aí por alguns dias", diz. 

Outra ideia do diretor da Hotel Care diz respeito aos empreendimentos que estão próximos aos call centers. "Alguns não tem como parar a operação e seus funcionários correm risco nos transportes públicos ou não tem como ir e vir. Os hotéis podem trabalhar com tarifas que possibilitem o giro", completa.

Outro caso apontado por Munhoz é nas praças onde ainda não houve determinações de fechamento como foi o caso de Santa Catarina e da Baixada Santista. "Destinos que ainda permitem a operação, mas onde já houve fechamento de hotéis por falta de fluxo, acabam beneficiando os hotéis que permanecem abertos, como é o caso de uma de nossas unidades", finaliza.

César Nunes, diretor de Vendas e Marketing da Atrio Hotéis, operador de 50 unidades das marcas Accor, diz que famílias também são um segmento em potencial neste momento. "Imagine uma família de quatro pessoas, um casal e duas crianças na faixa de oito anos. Quanto tempo ela pode ficar em apartamento de 90 metros quadrados? Hotéis que têm um alto número de suítes podem oferecer essas habitações, com pacotes de pensão completa. Lembrando que um consultor infectologista precisa validar toda essa operação", exemplifica.

(*) Crédito da foto: Qimono/Pixabay