HotelInvest - análise Rio de JaneiroO Rio de Janeiro foi uma das cidades a não ter alta na ocupação

Depois de três anos de cenário econômico conturbado no país, com impacto claro no setor de hospedagem, 2017 apareceu como alento para o segmento. Com o PIB (Produto Interno Bruto) voltando a crescer, mesmo que timidamente, a demanda hoteleira – externa e doméstica – apresentou retomada nos principais indicadores do setor, sobretudo em ocupação. O estudo Panorama da Hotelaria Sul-Americana, promovido pela HVS/HotelInvest, em parceria com a STR, mostram que todas as capitais brasileiras – com exceção de Rio de Janeiro e Porto Alegre – tiveram crescimento na média de quartos ocupados. No país como um todo, houve acréscimo de 4,3% sobre 2016. Na projeção de 2018, o desafio é aumentar a maior rentabilidade, o que passar por elevar as diárias praticadas.

A performance do mercado ao longo da temporada passada já havia sido prevista pela própria organização no levantamento anual anterior. Em março de 2017, a organização falou sobre retomada de desempenho.

Cristiano Vasques, sócio da HotelInvest e um dos responsáveis pela elaboração do estudo, aponta os ajustes que o mercado toma como prioridade. "Com a consolidação do crescimento da ocupação, o objetivo dos hoteleiros será subir tarifa além da inflação", sacramenta. "Isso será possível com a realização de ajustes nas grandes contas corporativas e com a flutuação para as tarifas públicas", sinaliza.

O aumento no número de hóspedes, segundo o relatório, não está restrito à hotelaria urbana. Os resorts também perceberam essa movimentação, que só foi possível graças ao público doméstico, que decidiu viajar mais a lazer. Pedro Cypriano, também sócio da HotelInvest, elucida essa tendência. "Com as perspectivas de dólar em patamares altos e de recuperação do poder de compra da população, a demanda de lazer deverá continuar crescendo" aponta.

HotelInvest: cidade por cidade

O estudo mostra o desempenho hoteleiro nas principais cidades sul-americanas, com ênfase no Brasil, e as perspectivas para 2018. Abaixo, veja a análise detalhada das principais capitais do país.

São Paulo
Em 2017, a variação de diária e de ocupação foi de 0,3% e 3,1% frente a 2016, respectivamente. A capital paulista, segundo a HotelInvest, é o mercado mais cobiçado pelos investidores e desenvolvedores, com maiores oportunidades de novos projetos. O panorama confiável economicamente, associado ao baixo crescimento recente de oferta, criam um cenário favorável para novos desenvolvimentos na cidade.

Rio de Janeiro
A capital fluminense registrou a maior queda de RevPar entre as cidades analisadas. Já a diária média e a ocupação variou negativamente em 34,9% e 10,4% em relação a 2016, respectivamente. Apesar da Rio2016 justificar parte do recuo observado na tarifa média, a crise econômica e social no estado é a principal razão para os problemas no setor, acreditam os pesquisadores. Com a perspectiva de recuperação do mercado do petróleo e gás e o freio no movimento de aberturas, espera-se que o RevPAR cresça já em 2018, impulsionado principalmente pela ocupação.

Belo Horizonte
A ocupação cresceu 9% ante a 2016, maior aumento entre os mercados brasileiros analisados, enquanto a diária média decresceu 3,9%, na mesma base de comparação. Em 2017, após diversos anos com aumentos expressivos na oferta hoteleira, não houve um número substancial de aberturas. O município detém um resultado negativo: foi o destino com a diária média mais baixa entre todos os mercados analisados. 

Curitiba
Após um período recessivo, o crescimento da demanda, tanto corporativa, quanto de lazer, permitiu aumento de 1,2% na ocupação ante a 2016. A cidade ainda presenciou a inauguração de três hotéis. A capital paranaense é hoje a capital brasileira com o pipeline mais expressivo. São seis empreendimentos a serem inaugurados nos próximos anos. A quantidade deve acirrar a competição e dificultar o crescimento de diária média e taxa de ocupação, avaliam os pesquisadores.

Porto Alegre
Em Porto Alegre, a ocupação e a tarifa média oscilaram -1,3% e 6,2%, respectivamente, em comparação a 2016. Com a retomada do movimento corporativo e a inserção da capital gaúcha no roteiro dos shows internacionais, a demanda local cresceu 1,5%. 

Salvador
Segundo os números da HotelInvest, em 2017, a variação de ocupação e de diária média em relação ao ano anterior foi de 7,2% e -8%, respectivamente. Apesar do crescimento de demanda (9,6%), ainda há ociosidade em alguns períodos, contribuindo para quedas na diária média.

(*) Crédito da foto: rawpixel/Pixabay