Rooftops, ou terraços, de hotéis são como uma lousa em branco para designers e oportunidade para os hotéis, que podem fazer o melhor uso dos espaços ao ar livre como atração para os hóspedes e complemento para a receita do empreendimento.

Sem dúvida, a opção mais popular para o espaço é a instalação de um salão ou restaurante. Porém, o sucesso deste tipo de local pode variar dependendo de fatores como logística (restaurantes implicam a construção de uma cozinha no terraço, ou se corre o risco do hóspede receber seu prato já frio, no caso de cozinha um pavimento abaixo) ou a própria mãe natureza (no caso de chuvas mais intensas ou outras intervenções climáticas).

Por Jena Tesse Fox para o site Hotel Management

Em Nova York, o novo rooftop do Courtyard Lake George foi projetado principalmente para eventos e recepções, com bares temporários e estações de preparação de alimentos conforme a demanda. "Optamos por isso pelo fato de todo o espaço ser aberto, ao ar livre, portanto não há cozinha ou estação para onde destinar todos os pratos e copos sujos, por exemplo", explicou Melissa Carter, diretora de Vendas e Marketing do empreendimento.

"Estar no rooftop faz com que você se torne refém do tempo", observou Maurice Moreno, gerente do rooftop do Hotel Embassy Row, em Washington DC, nos Estados Unidos. "Você tem de lidar com o vento, com a chuva e com o calor. Ou seja, fica totalmente exposto".

Dessa forma, os designers responsáveis pelos espaços devem dispensar maior atenção ao desenho dos bares e, ainda assim, por conta da altura, onde os ventos são mais fortes, podem acontecer fatos inesperados. De acordo com Nancy Nodler, diretora da Gensler, que projetou o Aertson Kimpton Hotel, em Nashville, no Texas (EUA), mesmo bares com localização estratégica, onde se julga não estar sujeito às condições do tempo, podem sofrer algum tipo de ocorrência. "Nosso bar, por exemplo, é aberto em três lados, portanto mais propenso à ser atingido pela chuva. Optamos então pela proteção contra o sol intenso, proporcionando mais locais de sombra aos clientes", disse Nancy.

Para isso, o empreendimento investiu na compra de guarda-sóis com bases diferenciadas. "Tivemos um custo de US$ 650 por unidade, mas era isso ou correr o risco de vê-los carregados pelo vento e lançados para fora do edíficio. Esses equipamentos já foram projetados para isso. Também foram instalados parapeitos curtos com vidro para minimizar a intensidade dos ventos", revelou a diretora.

Alguns hotéis encontram outros tipos de uso para os terraços. No Hyatt House New York Chelsea, o nível superior da construção sedia o fitness center. A ideia partiu de Metin Negrin, proprietário da Lexin Capital que detém a unidade.

"Inicialmente pensamos no porão como espaço para o fitness center, deixando o terraço para a construção de apartamentos com varandas externas", revelou o empresário. Mas, após inspirar-se em outros modelos de academia, Negrin decidiu mudar o local da sala de treinos e exercícios. "Acredito que melhora muito a experiência geral dos hóspedes. As janelas do chão ao teto são mais impactantes nos pisos superiores", complementou Negrin.

No entanto, a incidência de calor vindo de fora é maior no espaço, obrigando a equipe a pensar rapidamente em uma solução. "Instalamos janelas específicas para minimizar o impacto e aumentamos a capacidade de ventilação e ar condicionado, que já não são as mesmas do projeto inicial", explicou.

Como criar uma piscina no terraço
Piscinas na cobertura constituem uma oferta bastante popular, mas também apresentam seus próprios desafios para arquitetos e designers.

"A complexidade da engenharia estrutural desses projetos andam lado a lado com os altos custos de construção", afirma Nancy Nodler, do Aertson Kimpton Hotel, utilizando como exemplo, a própria piscina do empreendimento, localizada no terraço. "O primeiro desafio é o preço que se paga em colocar algo tão pesado na cobertura. Normalmente as piscinas ficam localizadas no térreo ou no primeiro pavimento por conta do custo, muito menor. É decididamente mais caro construir uma piscina elevada porque a estrutura tem de acomodar o peso da água e as pessoas que a utilizam", analisou.

O próximo desafio é determinar a distância entre os pavimentos para que a piscina possa ser acomodada acima. "Tivemos de estar bem atentos na hora de definir essa distância para baixo para nos certificarmos que tínhamos altura o suficiente para acomodar as profundezas da piscina, além da estrutura que tinha de permitir que usássemos o espaço abaixo dela", lembrou Nancy. 

Os drenos de água também são complexos, pois representam um caminho que vai da própria piscina, no alto do edifício, até o chão. "Tivemos de trabalhar em torno dos eixos e do encanamento do próprio hotel, mas como foi algo que já estava programado desde o início, não representou nenhum problema", finalizou.

* Crédito da foto: Pixabay/skeeze