Abrolhos - suspensão visitaçãoManchas de óleo começaram a ser vistas no litorial nordestino em agosto

Dois dias após fragmentos de óleo atingir Abrolhos (SP), o turismo local já sente o impacto. Hoje (4), o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) deu início à suspensão temporária da visitação ao arquipélago. No local fica o Parque Nacional Marinho de Abrolhos, unidade de conservação localizada a 70 quilômetros (km) de Caravelas (BA). As informações são da Agência Brasil.

As visitas foram suspensas para que a presença de turistas não atrapalhe o serviço de limpeza e controle das áreas já afetadas. Funcionários de agências de turismo autorizadas a transportar os visitantes até Abrolhos disseram à Agência Brasil que esperam que não seja necessário ampliar o período de suspensão. 

“O que chegou ao arquipélago, entre a Ilha de Santa Barbara e o Portinho Norte, foram pequenas bolotas de óleo. Para facilitar o recolhimento dos resíduos, o chefe do parque nacional determinou a suspensão das visitas por três dias”, conta Daniela Figueiredo, vendedora de uma das operadoras de passeios turísticos credenciadas.

Abrolhos: paraíso da biodiversidade

Anunciada no domingo (3), a medida deve vigorar por três dias, mas pode ser prorrogada caso a remoção do óleo não surta efeito até quarta-feira (6). O mesmo ocorrerá se novas manchas forem identificadas. Ontem (3), em entrevista a TV Record, o presidente Jair Bolsonaro disse que “o pior ainda está por vir” e que pode ocorrer uma “catástrofe muito maior”. Segundo ele, o material recolhido até agora seria apenas uma parte do que teria sido derramado. Para Bolsonaro, trata-se de um incidente criminoso.

Criado em 1983, o parque tem uma rica biodiversidade marinha, com estruturas de recifes únicas no Brasil e no Atlântico Sul. Segundo o ICMBio, a região é o principal berçário das baleias jubarte no Atlântico Sul e refúgio de espécies de tartarugas marinhas ameaçadas de extinção. Além disso, como há grande fartura de peixes ao redor do arquipélago, a pesca é a principal fonte de subsistência de moradores da região.

Nas redes sociais, a prefeitura de Caravelas informou que a limpeza estava a cargo não só de funcionários das secretarias municipais, mas também de voluntários. Isso tem sido uma prática comum no país, o que mostra engajamento da população em relação à questão. Em Porto de Galinhas (PE), por exemplo, hóspedes de vários hotéis se prontificaram a ajudar.

Desde agosto, quando manchas de óleo cru começaram a ser avistadas no litoral nordestino, nove estados foram atingidos. Estimativas da Marinha e de agências ligadas ao governo federal apontam que mais de 3,8 mil toneladas de resíduos já foram recolhidas. Já a PF (Polícia Federal) suspeita que um navio de bandeira grega, chamado Bouboulina, seja o responsável pelo vazamento.

(*) Crédito da foto: Diego Nigro/Reuters