II forum nacional de hotelaria- economiaZeina destacou as perspectivas para a economia brasileira

Em continuação às palestras do II Fórum Nacional da Hotelaria, aberto pela manhã, Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos, trouxe um panorama das perspectivas para a economia brasileira para 2020. Em linhas gerais, Zeina deixou como mensagem-chave que otimismo não pode ser exagerado e que o país ainda tem muitos desafios pela frente.

Para a economista, o Brasil enfrentará, por alguns anos ainda, as consequências dos muitos erros de política econômica do passado. Desde 2016, contudo, o país retomou uma agenda de ajustes e reformas estruturais, o que traz uma perspectiva um pouco mais positiva. Ainda assim, provavelmente, não será possível ter crescimento robusto em 2020. Ela acrescentou que aprovar a agenda de reformas é uma tarefa desafiadora e, mesmo passando como o mercado espera, não rendem frutos rapidamente.

“Estamos em um momento importante. Mesmo no meio de uma crise prolongada, experienciamos momentos de maturidade. A Reforma da Previdência é consolidação de um quadro de aprendizado. Sem ela, voltaríamos a uma instabilidade bem pior do que a atual”, disse Zeina. 

Ainda assim, ela acrescentou que, para os próximos anos, a Reforma não estancará os gastos com Previdência. “Nem deixarão a União com dinheiro sobrando. A medida servirá para conter o crescimento dos gastos públicos e a dívida pública em proporção ao PIB (Produto Interno Bruto)”, explicou. “A discussão que era de um grupo de economistas entrou em debate público, o que é positivo. Crédito ao governo anterior”, completou Zeina.

Em relação à taxa básica de juros, a economista acredita que os patamares permanecerão baixos. “Mesmo com esse cenário, não quer dizer que os juros não vão subir, mas o risco de voltar a dois dígitos foi reduzido. Ao mesmo tempo, o Estado não tem muitos recursos sobrando, o que limita os investimentos públicos e, de certa forma, o crescimento do país”, disse.

Fórum Nacional de Hotelaria: panorama

Para Zeina, o tema ajuste fiscal continuará sendo um tema importante no país por um bom tempo. “Só haverá superávit primário em um próximo mandato presidencial, e se tudo der certo., avalia. “Mais ainda, por enquanto, a carga tributária tende a aumentar e não diminuir. Uma reforma seria para equilibrar a carga, não reduzi-la”, complementou.

Segmento vital para a economia, a indústria continua em dificuldades, ressaltou Zeina. Ela destacou que, no passado, a produção nacional a conseguiu acompanhar o desempenho do restante do mundo, principalmente nas gestões FHC e Lula. “A partir de 2012, o mundo andou e o Brasil ficou, frutos das políticas de protecionismo implementação em 2008 e 2009, que continuaram quando não eram mais necessárias”, observou. “Entendemos que repensar o ICMS seria importante, já que se trata de um imposto baseado em uma economia industrial, e a nossa é de serviços”, completou.

Para os próximos anos, ela acredita que a mudança não será rápida. “Fazer reformas não é fácil e, particularmente no Brasil, é ainda mais difícil. Aqui há pouca coesão. É um processo de amadurecimento”, acredita. “É preciso preparar o país com pé no chão, porque o horizonte é de baixo crescimento da economia. Ao menos, agora, caminhamos na direção correta. Não é uma agenda fácil e não será de uma hora para outra que as coisas vão mudar. Até lá, a economia permanece em um cenário frágil”, finalizou.

(*) Crédito das fotos: Nayara Matteis/Hotelier News