Indústria brasileira encerra 1º trimestre em queda
3 de maio de 2019
Produção caiu 1,3% em relação ao mês anterior
Com pior resultado dos últimos dois anos para março, a indústria brasileira fecha o primeiro trimestre em declínio. Segundo trimestre seguido em contração, a fraqueza do setor não permite a retomada de empregos. De acordo com dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cerca de 13,4 milhões de pessoas estão desempregadas atualmente no país, barrando o crescimento da economia e o aquecimento do consumo.
Em março, a produção industrial apresentou queda de 1,3% em comparação com o mês anterior, eliminando o ganho de 0,6% de fevereiro. O resultado foi pior do que a expectativa da Reuters de recuo de 0,7%, representando o maior declínio para março desde o recuo do mês em 2017. Com isso, o setor encerrou o primeiro trimestre com contração de 0,7% sobre o período anterior, após a queda de 1,4% nos meses de outubro a dezembro.
“A indústria está produzindo hoje o equivalente ao que produzia em janeiro de 2009, estamos num patamar de 10 anos atrás. De maneira geral, a indústria vem numa trajetória descendente desde meados do ano passado”, afirma André Macedo, gerente da pesquisa a Reuters.
Na comparação com o mesmo período no ano anterior, houve contração de 6,1% em março, também pior que a expectativa de perda de 4,6% e a pior leitura para o mês em três anos de base de comparação. Outros resultados negativos marcaram o período, com exceção apenas de Bens de Capital, uma medida de investimento.
A maior queda do mês foi vista entre os Bens de Consumo, de 2%, enquanto Bens Intermediários apresentaram recuo de 1,5%. A única taxa positiva foi Bens de Capital, de 0,4% no segundo mês consecutivo. Dos 26 ramos pesquisados, 16 apresentaram perdas, sendo a principal influência negativa a queda de 4,9% de produtos alimentícios.
Outras quedas relevantes foram de 3,2% na produção de veículos automotores, reboques e carrocerias, e de 1,7% em coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis.”O setor automotivo foi afetado pela menor exportação, paradas de algumas unidades e até a própria chuva que caiu em São Paulo afetou a produção em plantas por lá”, explica Macedo. O rompimento da barragem de Brumadinho (MG) também refletiu na queda da produção em março.
Expectativas para a indústria brasileira
As expectativas do mercado para o crescimento da economia brasileira vêm sofrendo quedas consecutivas, caminhando lado a lado com a piora do cenário industrial. De acordo com a pesquisa Focus mais recente do Banco Central, as projeções para 2019 são de incremento da indústria em 2%, com expansão da economia de 1,70%.
“Temos problemas internos e externos. Há um elevado número de desempregados, um ambiente de incerteza que causa cautela de consumidores e de empresários na hora de fazer seus investimentos, e ainda tem o componente das exportações que também afetam a indústria com a crise na Argentina”, finaliza Macedo.
(*) Crédito da foto: Skeeze/Pixabay