David Malagelada
(fotos: Peter Kutuchian)

O Hôtelier News esteve no Iberostar Praia do Forte, na Bahia, e entrevistou David Malagelada, diretor geral do resort. Conheça aqui um pouco de sua trajetória e o que ele pensa sobre o mercado nacional, especialmente em relação à mão-de-obra especializada. “No caso da Bahia, as pessoas precisam realmente se preparar. O estado vai se tornar cada vez mais um grande destino turístico no Brasil”.

Por Karina Miotto e Peter Kutuchian

Hôtelier News: O ingresso no Iberostar representou sua primeira vinda ao Brasil?
David Malagelada: Isso mesmo. Estou aqui desde janeiro com o objetivo de implementar o resort no país.

HN: Como foi sua carreira na Iberostar até o momento?
Malagelada: Trabalho na empresa há mais de dez anos. Pela Iberostar, já atuei em Mallorca, Ilhas Canárias, República Dominicana, Cuba, México e, finalmente, no Brasil.

HN: E como você tem considerado a experiência de trabalhar e viver no Brasil?
Malagelada: Estou adorando a experiência. Gosto do jeito do brasileiro. Não conheço muito os arredores do resort, pouco viajei pelo país, mas posso dizer que conheço bem os baianos. É um povo simpático, alegre, pré-disposto a aprender.

   

HN: Qual foi a maior dificuldade que você encontrou para encontrar colaboradores? Como o grupo Iberostar age sobre essa questão?
Malagelada: Nosso maior problema é a falta de capacitação. Aqui, em Mata de São João, ninguém falava inglês, as pessoas acreditavam que esta língua não seria importante. No Iberostar t
odos os colaboradores recebem aulas de inglês. Este povo tem vontade de aprender. Recebemos muitos currículos de pessoas que já tinham experiência em outros hotéis e isso também ajudou.

HN: O que você considera que falta nos hotéis nacionais?
Malagelada: Nos empreendimentos brasileiros falta formação cultural, de trabalho, cursos profissionalizantes. No caso da Bahia, as pessoas precisam realmente se preparar, já que o estado se torna cada vez mais um grande destino turístico no Brasil.

HN: Como o mercado reagiu à chegada do hotel Iberostar Praia do Forte?
Malagelada: Com um pouco de medo, pois nos viam como uma ameaça. Temos outro tipo de público, não concorremos com Sauípe e com o Ecoresort. Depois da Iberostar, passaram a chegar muitos chateres aqui, o que faz com que digamos que a concorrência é positiva.

HN: É fácil inaugurar um empreendimento deste porte no Brasil?
Malagelada: Acredito que um destino está sendo criado, apesar dos elevados custos para viajar ao Brasil em relação aos preços que vemos no Caribe. Não entendo por que aqui no Brasil os custos são muito mais elevados. Energia, por exemplo, é duas vezes mais cara. Água, três. Em outros países existem benefícios para quem investe no turismo, o que não vemos por aqui.

  

HN: E mesmo assim vale a pena?
Malagelada: Vale porque acreditamos que o Brasil é o país do futuro. Aqui tem sol, praia, é interessante, tem cultura e é um potencial concorrente do Caribe.

HN: Qual é a ocupação média do resort? E qual é o público?
Malagelada: Contamos com um índice de ocupação médio acumulado de 85%. Deste total, 60% é representado por estrangeiros, principalmente ingleses e espanhóis, e 40% por brasileiros.

HN: Em quanto tempo o Grupo Iberostar prevê o retorno dos U$ 250 milhões investidos até o momento no empreendimento?
Malagelada: O retorno financeiro é aguardado em cerca de oito ou nove anos.

HN: O que o resort faz para evitar danos ao meio ambiente?
Malagelada: Vamos começar a usar energia solar, fazemos reutilização de água e pretendemos, no futuro, ter uma usina de compostagem. Sobre a reciclagem, separamos o lixo e doamos para cooperativas.


David explica sobre o projeto do Iberostar na Praia do Forte

HN: Faz parte do projeto acrescentar condomínios ao resort?
Malagelada: Faz sim. Vamos oferecer 750 casas no condomínio e também apartamentos imobiliários.

HN: E isso não pode ser um inibidor do turismo?
Malagelada: Não. É outro tipo de mercado. Os condomínios geram um público mais elitizado voltado ao mercado nacional e europeu.

HN: O Iberostar tem como conquistar estes clientes?
Malagelada: É uma grande rede de comercialização. Temos mais de 100 hotéis em todo o mundo e nossos clientes confiam nos nossos serviços.

HN: O grupo tem novos projetos para o Brasil?
Malagelada: Sim, a construção de uma nova unidade já foi aprovada, mas ela ainda não pode ser divulgada. Miguel Fluxá, presidente da Iberostar, gosta muito do Brasil, único país trabalhado por nós na América do Sul.