A real imagem do Rio de Janeiro
Paulo Senise*


Paulo Senise
(foto: divulgação)

Muitas vezes me perguntam sobre o desafio que é “vender” o Rio de Janeiro como destino turístico, devido ao excesso de exposição na mídia que os problemas de segurança nos trazem. Não é preciso negar: temos, sim, problemas. Mas a violência não é exclusividade do Rio, existe em qualquer metrópole, em maior ou menor grau. Ao contrário de outros centros turísticos, porém, nossa cidade está mais exposta às críticas por diversos motivos, entre os quais a maior visibilidade como principal destino turístico internacional do país.

O Rio continua sendo o cartão postal do Brasil, apesar das agruras noticiadas muitas vezes em rede mundial. Quase 40%, ou seja, um terço dos estrangeiros que visitam nosso país passam pelo Rio, apesar da distorção na malha aérea brasileira que obriga, praticamente, todos os vôos a chegar por São Paulo, não atendendo plenamente a demanda internacional. Destes turistas, mais de 90% querem voltar e recomendariam o Rio a parentes e amigos, como mostra pesquisa realizada pelo Estudo da Demanda Turística Internacional da Embratur.


Praia de Copacabana e o Pão de Açucar
(foto: copacabana.info)

Como se explica essa preferência? Deixemos de lado as belezas naturais para não cair na tentação do lugar-comum. Excelente rede hoteleira e boa infra-estrutura urbana são vantagens comparativas apontadas pelos turistas, que também ressaltam o fato de a cidade não padecer de desastres naturais e outros problemas como terrorismo e até gripe aviária. Mas a resposta quase unânime dos visitantes para a escolha do Rio está na hospitalidade e na simpatia do povo carioca, o que nos deu o título de Capital Mundial da Gentileza, concedido por especialistas das Universidades da Califórnia e de Michigan, ambas nos Estados Unidos.

Como destino turístico, o Rio ainda é prejudicado por não ter maior oferta de espaço para eventos, principalmente os de porte médio, para os quais as grandes dimensões do Riocentro, maior área de convenções da América Latina, são inadequadas. E esse é um nicho importante a ser explorado pelo potencial econômico. Segundo a International Association of Congress & Visitor Bureaus (IACVB), os turistas de eventos deixam em média US$ 240 por dia nas cidades-sede, enquanto as pessoas que viajam a lazer gastam apenas US$ 160.


Show dos Rolling Stones realizado em fevereiro na praia de Copacabana

O Rio também investe relativamente pouco em marketing promocional. Teremos que ampliar as ações para reforçar a marca Rio no Brasil e no exterior. Assim, além de ganhar novos mercados, a cidade melhora sua imagem. Neste sentido, a realização de grandes eventos culturais, como o réveillon na orla da cidade, o carnaval e, recentemente, o show da banda inglesa Rolling Stones em Copacabana, traz resultados muito positivos que tendem a repercutir a longo prazo. Outro exemplo de evento promocional “tipo exportação” é o Rock In Rio em Lisboa, que reuniu quase 400 mil pessoas e, ampliando sua atuação, está sendo discutida sua realização também em Madri.

A reunião de 1 milhão, até 2 milhões de pessoas nessas grandes festas e sem incidentes de maior gravidade é certamente um antídoto contra a imagem de cidade violenta, pois faz prevalecer a atitude pacífica e alegre da população. Quando graves problemas mundiais como guerras, terrorismo e gripe aviária tomam conta dos noticiários, há mais espaço para a divulgação positiva da nossa cidade, que recebe de braços abertos gente de todo o Brasil e do exterior. Não há melhor maneira de vender o Rio para o mundo.

* Paulo Senise é diretor executivo do Rio Convention & Visitors Bureau