lobby- especialMancio: o lobby deve refletir a identidade da rede

A primeira impressão é a que fica, diz o velho ditado popular. Na hotelaria, portanto, pisar no lobby já diz muito a respeito dos empreendimentos. É importante citar as mudanças que essa área comum vem tendo nos últimos anos. De uma simples recepção, transformou-se em um espaço de convivência multiuso, além de peça-chave para atrair o público externo e, consequentemente, gerar maior receita para o hotel.

Coworking, transferência de opções de A&B (Alimentos&Bebidas), música e conectividade são alguns dos caminhos que os hoteleiros estão trilhando em busca do lobby ideal. Não existe regra, muito menos padrão, mas a reportagem do Hotelier News conversou com profissionais do ramo que pontuaram fatores que fazem dos lobbies verdadeiros chamarizes de hóspedes e clientes.

Paulo Mancio, vice-presidente sênior de Design e Implantação da Accor América do Sul, afirma que cada hotel tem suas particularidades. “Existem valores principais de cada marca e, a partir de então, explorar ao máximo a criatividade dos arquitetos e designers. Nós também levamos em consideração o uso e a funcionalidade daquele ambiente, considerando a localização do lobby dentro do prédio, fluxo de pessoas, segurança, espaços disponíveis, se terá um restaurante ou um café, entre outros fatores”, explica.

“No final, o objetivo é um só: fazer com os clientes se sintam bem recebidos em um ambiente que reflita a identidade de cada uma de nossas marcas”, comenta. “Com isso, eles serão capazes, em qualquer lugar do país ou do mundo, de identificar nossos hotéis a partir do momento que entram em um lobby”, completa.

lobby- especialSegundo Manzano, entender a experiência é o ponto de partida para o projeto

O lobby dentro do todo

Antes de chegar no público e nos hóspedes, o espaço precisa ser desenhado de maneira que converse de maneira fluida com a propriedade como um todo. Eduardo Manzano, arquiteto e urbanista especialista no mercado hoteleiro, já participou de projetos para grandes redes como Marriott, Hilton e Meliá.

Segundo o profissional, entender que tipo de experiência o lugar pretende proporcionar é o ponto de partida. “Precisamos olhar com atenção para alguns prismas. O lobby se tornou um local de encontro, reuniões e convivência”, acredita. “Estamos falando do coração do hotel e, quando bem projetado, passa a ter até mais influência no externo do que no interno”, afirma.

Manzano pontua que a maioria das construções atualmente diminuíram o tamanho das acomodações para ampliar as áreas comuns, principalmente nas categorias mais acessíveis. “No econômico e midscale, o lobby se transformou em um hub, um local de lifestyle. Logo, é necessário torná-lo o mais atrativo possível”, ressalta. “Música ao vivo, mesas na calçada e decoração descolada são soluções para chamar clientes para dentro da unidade”, acrescenta.

lobby- especialSegundo Rotter, hotéis não se sustentam mais apenas com hospedagens

Mudança de conceito

O espaço que hoje é “instagramável” já foi um mero local de passagem, praticamente para se fazer check in e check out. Para Michel Otero, diretor de Projetos e Implantações da Nóbile Hotéis, a mudança de conceito aconteceu, principalmente, pela necessidade de interação que as novas gerações demandam.

“Vemos agora ambientes integrados, únicos. Bar, restaurante, recepção, tudo um do lado do outro”, explica. “Espaços multiuso onde se come, trabalha e diverte apareceram com os millennials, jovens que buscam conectividade, pontos de integração entre pessoas”, ressalta.

Um exemplo de hotel que entendeu essa tendência é o Plaza São Rafael, em Porto Alegre. Recentemente, o empreendimento inaugurou um projeto de coworking, coliving, mall e espaço de convivência em um só lugar. De caráter multifacetado, a unidade do Plaza Hotéis além de oferecer acomodações também disponibiliza escritórios para empresas engajadas em melhorar a região.

De acordo com Roberto Rotter, CEO do grupo, a hospedagem não pode ser mais a “única” fonte de receita para os hotéis. Sendo assim, as redes hoteleiras passaram a investir mais – e a se reinventar – para melhor valorizar outras partes das propriedades. “É necessário criar um mix de serviços que geram uma demanda própria de negócios”, ensina Rotter. “Os hotéis podem ser grandes zonas de entretenimento também”, salienta.

lobby- especialO gerente geral do Vogal acredita que o ambiente precisa aguçar os sentidos

De categoria para categoria

Não existe receita de bolo, mas cada categoria possui suas particularidades. Para Manzano, nos hotéis de luxo, o lobby não funciona tanto como um ponto de encontro quanto no econômico ou midscale. “As pessoas gostam de mais privacidade, logo essa tendência é menor”, pontua.

De acordo com Gefferson Alves, gerente geral do Vogal Luxury Beach Hotel & Spa, os espaços precisam impressionar e mexer com os sentidos dos visitantes. “Amplitude, iluminação, conforto, música, identidade olfativa, um lobby bar no qual os drinks aguçam a curiosidade, entre outros. No Vogal, por exemplo, temos tudo isto reunido. E, para coroar a proposta, uma vista imperdível para o mar e para o Morro do Careca, cartão postal da cidade”, aponta.

Operando nas categorias econômico e midscale, Marcelo Marinho, diretor de Operações e Marketing da Intercity Hotéis, acredita na importância do lobby como fator fundamental para a experiência como um todo para os hóspedes na propriedade. “É o primeiro impacto, uma área de convergência importante”, afirma.

Marinho ressalta a relevância de oferecer ambientes descolados e aconchegantes, que deem a sensação de estar em casa ou no seu bar preferido para os hóspedes. “Precisa ser convidativo, oferecer integração. É necessário entender que existe um book engessado e que esse é um espaço que pode gerar muita coisa legal, tanto para o hoteleiro quanto para o hóspede”, finaliza.

(*) Crédito das fotos: Divulgação