Marcelo Moretti, gerente geral
do Sheraton Rio de Janeiro
(fotos: Peter Kutuchian)
 
O argentino e neto de italiano Marcelo Moretti tem 20 anos de experiência em Hotelaria, todos na rede Starwood. O início foi no Sheraton Buenos Aires como recepcionista, passando para venda de banquetes, assistente de A&B, e seguindo como diretor da mesma área na extinta unidade Mofarrej. O profissional também já atuou no no antigo Makuto, na Venezuela, como gerente geral do Sheraton de Córdoba, na Argentina, e em Los Cabos, México.
 
Sua primeira passagem pelo Brasil foi de 2000 a 2001 como gerente residente do Sheraton Rio. Seu retorno aconteceu há nove meses na mesma função. “Sou formado em Administração de Empresas, mas acumulei toda minha experiência nos empreendimentos da rede. Com o câmbio de cenários e por meio da troca com as pessoas parece que o tempo passou muito rápido. Escolho a cidade maravilhosa como um destino no qual quero ficar e me considero carioca de coração”, revela.
 
A primeira impressão que temos do executivo é que o conhecemos há vários anos, mesmo sendo esta a primeira vez que nos encontramos. Amistoso e simpático, às vezes lembra um italiano, outras argentino e muitas um verdadeiro carioca.
O Hôtelier News teve a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre Moretti, que é casado, tem três filhos e é amante da culinária japonesa e de golfe. Também nos informamos sobre seus projetos à frente do Sheraton Rio, considerado por ele um hotel com história na cidade e que se mantém no mercado oferecendo o único produto com conceito de resort no Rio e com o diferencial de uma praia privativa. Além disso, percebemos que o hoteleiro possui ideias interessantes para contribuir com o crescimento da capital fluminense. Confira!
Por Rhaiane Sodré
 
 
Hôtelier News: Quais foram as mudanças positivas no Rio de Janeiro percebidas de 2001, quando atuou pela primeira vez no Brasil, para agora?
Marcelo Moretti: A extensão da cidade para a Barra da Tijuca fez com que a esta ganhasse um lado favorável que abre novas possibilidades e faz bem ao destino. Também é importante destacarmos o incremento de hotéis como contribuição para o turismo de uma maneira geral.
A diversidade de visitantes me encanta e faz com que o Rio seja único. São pessoas difíceis de encontrar em outros destinos, como coreanos, tailandeses e russos.
 
HN: A ansiedade de suprir a demanda para a Copa do Mundo de 2014 gera preocupações com o que deverá ser feito após o evento?
Moretti: As ações devem ser tomadas pelos órgãos representativos e pela hotelaria. Construir empreendimentos para o mundial e parar de agir em conjunto com associações é um problema grave. Acredito ser uma situação que não pertence a apenas um setor. Envolve hoteleiros, conventions e secretarias de turismo.
 
HN: Na sua opinião o que é preciso ser feito para melhorar a estrutura no Rio de Janeiro?
Moretti: Os problemas de trânsito são sem dúvidas um ponto a ser melhorado. A questão da segurança não é própria do Rio e sim das grandes cidades que sofrem esse flagelo.
A renovação dos hotéis, que está sendo feita devagar, deveria ter tido prioridade e agilidade maior, já que em outros lugares do mundo com características de destinos turísticos a hotelaria é mais sofisticada. Aqui, no Sheraton Rio, demos início há três anos a um processo de remodelação que engloba partes comuns e privadas do empreendimento. O investimento é de aproximadamente US$ 2 milhões.
 
 
HN: Como está o resultado do hotel em um ano assustado pela crise mundial?
Moretti: O Sheraton Rio completa 35 anos e se não fosse as incertezas do momento iríamos investir ainda mais no empreendimento. O primeiro trimestre de 2008, considerando a ocupação, foi muito bom quando comparado ao mesmo período deste ano. Estamos fechando um pouco acima de 60%, mas tivemos melhora de 12% na diária média, o que é importante para o momento. As receitas de outros departamentos do hotel, como academia, spa e restaurante, contribuem para o resultado e agregam valores ao produto oferecido.
HN: Quais são as principais diferenças do mercado da cidade atualmente levando em conta o ano de 2001?
Moretti: Hoje a porcentagem da ocupação proveniente do mercado nacional é 30% maior que a registrada há oito anos. Cerca de 70% do total dos visitantes é representado pelo público interno, enquanto 30% é do norte-americano.
Além disso, a oferta gastronômica tanto do hotel quanto da cidade está melhor. São Paulo sempre foi uma metrópole com bons restaurantes e acho que o Rio está seguindo o mesmo caminho, com novas opções variadas e sofisticadas.
HN: Além das remodelações que o Sheraton Rio está recebendo, existe alguma outra novidade na qual o empreendimento está apostando?
Moretti: Sim. A rede pensa em vender apartamentos para poder aumentar a receita e trabalhar com menos acomodações. Não tenho dúvidas de que o grupo está aberto para esta possibilidade e que alguns trâmites estão sendo estudados.
 
Outros projetos são focados na gastronomia dos nossos quatro restaurantes, com mudanças frequentes nos cardápios para oferecer um produto mais dinâmico, executando o que é preciso, sabendo quais as preferências do nosso público e adequando ao valor que eles pretendem pagar. Além disso, investimos em tecnologias que barateiam as produções e realizamos compras de equipamentos direcionados para facilitar as opções de comidas quentes.
Também daremos continuidade aos festivais com buffets temáticos de diferentes países.
 
 
HN.: O Sheraton Rio está localizado próximo à favela do Vidigal. Como é a relação com os moradores do local? Existe algum ponto negativo nesta proximidade?
Moretti: A nossa relação é favorável, já que muitos colaboradores do hotel são oriundos desta comunidade. Eles têm acesso à nossa praia, assim como qualquer pessoa, e a convivência é harmoniosa e tranquila. Além disso, dentro das possibilidades, estamos abertos a troca e em ajudá-los, como, por exemplo, com doações de equipamentos, toalha e roupa de cama.
HN: Quantos colaboradores o hotel possui e como é feito o treinamento destes?
Moretti: Temos 460 e um sistema de Guest Satisfation respondido por cerca de 500 hóspedes mensalmente nos dando parâmetros para focar os investimentos em benefício do serviço prestado.
Realizamos constantes capacitações para atingir metas e cumprir a quantidade de horas necessárias em treinamentos ao longo do ano para o crescimento pessoal e progresso na carreira.
HN: Quais atividades voltadas para a sustentabilidade são realizadas?
Moretti: Terminamos o projeto de saneamento da lavanderia que irá contribuir para purificar a água e evitar o desperdício, reutilizando-a para jardinagem. Também efetuamos a reciclagem do lixo.
HN: Como é feita a comercialização do produto?
Moretti: Nosso principal veículo de vendas é a internet. Temos centrais em São Paulo, Buenos Aires e México que comercializam todos os hotéis da rede Starwood. As agências de viagens também são nossas importantes aliadas. No Rio temos uma equipe de nove pessoas buscando a venda no mercado regional. Percebo uma ascensão de clientes de Belo Horizonte, Minas Gerais, Santa Catarina e São Paulo.
Os hóspedes podem ser divididos em 40% destinados ao corporativo e 60% ao lazer.
HN: Para terminar, qual conselho você dá para os que desejam iniciar a carreira de hoteleiro?
Moretti: Em primeiro lugar é preciso ter consciência de que a profissão exige compromisso quase pleno com o trabalho, já que os hotéis não param nunca e não funcionam apenas no horário comercial. Enquanto as pessoas estão festejando estamos no ofício. Há dez anos não celebro o réveillon. Estudar é fundamental e a prática, essencial, assim como gostar de servir ao próximo.