Márcio Moraes

Os profissionais precisam refletir se estão em busca de um emprego ou de uma oportunidade. Há grandes diferenças, se considerarmos o emprego como qualquer possibilidade que permita o profissional sair da posição de desempregado. Quando falamos em oportunidade, o foco muda, busca-se promover o profissional no mercado e conquistar uma posição superior ao que estava ou atender uma expectativa, de trabalhar numa empresa específica ou região em particular.  

Obviamente, a busca por oportunidade é mais fácil enquanto estiver trabalhando, porque a demora pode ser ainda maior. Será necessário fôlego financeiro e muita paciência para seguir no alcance dos objetivos. Normalmente, as oportunidades estão bem escondidas, tratadas muitas vezes como confidenciais.  

Se a vaga for singular, por exemplo, com salário mais alto que a média do mercado, antes do recrutador colocar essa oportunidade disponível, tentará conseguir o perfil via indicação e/ou buscar em plataformas como o Linkedin. Sendo uma vaga estratégica para a empresa, receberá tratamento ímpar pelos recrutadores, a escolha precisa ser certeira. Manter o processo confidencial é uma escolha não somente pela segurança da imagem da empresa, mas também pelo volume de currículos, bem abaixo em comparação com as vagas divulgadas.  

Vista pela expectativa do salário, quando a oportunidade é divulgada abertamente, muitos se enchem de coragem e apertam o botão enviar. Serão diversos currículos analisados, para descobrir dos 200, 300, 500 ou até 1 mil, apenas um ou dois próximos ao perfil da vaga. O tempo investido é muito alto para poucos selecionados nessa primeira fase de análise de currículos.  

Não à toa, muitas empresas utilizam de plataformas online que prometem realizar essa seleção com precisão, melhorando a eficácia e diminuindo o tempo de procura. 

A grande maioria das vagas disponibilizadas como abertas, se apresenta sem diferencial, não há singularidade, poucas exigências, muitos profissionais se enquadram, assim como também a faixa salarial é baixa. Logo, a sensação é de vermos muitas vagas ruins no mercado. Não quero generalizar, em razão disso coloco a palavra “muitos” e não “totalmente ou somente”. 

Para promover a empregabilidade é necessário que o profissional considere primeiro descobrir quem ele é. Sim, como ir atrás de algo se não sabe nem mesmo quais são seus atrativos? Há um detalhe extremamente importante, enquanto muitos podem ter a mesma competência técnica, poucos são iguais no comportamental. Afunila ainda mais quando analisamos as duas juntas para um determinado cargo.  Encontre o seu diferencial!

Pesquisa realizada na plataforma Linkedin, em busca de gerente geral no segmento Hoteleiro, no âmbito nacional. Na forma simplificada, em conexões de 1º e 2º grau, apresentou 1.822 perfis.  

A outra grande tarefa é transportar todo conhecimento de si para o currículo sem torná-lo uma biografia. Cruel esse mercado, deseja que os profissionais, desesperados ou não, sejam sucintos em suas descrições, novamente – o recrutador não lê somente o seu currículo. Se todos quiserem contar sua história sem filtro, precisará o recrutador de uma equipe de leitores de currículos. 

Num segundo momento, quando a análise dos perfis selecionados se aprofunda, cabe novamente ao currículo o papel fundamental de representá-lo sozinho, sem direito a defesa. O currículo tem que conversar com o recrutador e num piscar de olhos se apresentar como o perfil adequado à oportunidade. Falar com clareza sobre suas competências e as conquistas realizadas nas empresas. Espera aí, então o currículo tem dupla função: além de aproximar os profissionais das oportunidades, também os deixa longe das vagas indesejadas.

Com isso, nasce o dilema para os profissionais, o medo de se blindarem de muitas outras vagas. A sensação de participar de poucas entrevistas, traz pânico. Como se o número crescente de entrevistas sugerisse maior aproximação da grande oportunidade. Para agravar, se de um lado as oportunidades são poucas no mercado, o volume de currículos competindo nos empregos é grande. Compreenda sua necessidade, o estágio da sua carreira, seu momento de vida financeira, não podemos negar: todos precisam trabalhar. Porém não sente na frente de um computador para fazer qualquer currículo.  

Depois de definir seu objetivo, faça uma pesquisa nos canais de divulgação de vagas e de profissionais que estão em cargos almejados, verifique quais competências você tem compatibilidade, alinhe o currículo antes de encaminhá-lo. Tenha consciência que a busca de empregos e oportunidades tem suas consequências. Faça sua escolha para o presente, mas não pare por aí, depois de conquistar esse objetivo, trace o próximo.  

O mercado de trabalho questiona as breves experiências, assim o seu “sim” é importante porque depois terá que dizer muitos “nãos” ou no futuro essa negativa será dada pelo mercado.

O currículo online e offline é a grande ferramenta para busca de empregos e oportunidades, você é o único responsável pelas suas escolhas, porém todos ao seu redor sofrerão o impacto da sua decisão. Para nosso conforto, o profissional não precisará de 1 mil ou 2 mil vagas, somente de uma que seja compatível com as suas competências e objetivos. Prepare o currículo para ela!

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Márcio Moraes é gerente de Carreira na QI Profissional, especializada no mercado de hospitalidade. Professor Universitário. Formado em Hotelaria,  especialista em Qualidade e Produtividade, Planejamento e Marketing, formação avançada em DISC (ferramenta de análise de competências comportamentais).

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