Bienvenue/Welcome à Montréal!
(fotos: Bernardo Andrada, Christiane Kokubo e Marina Acciaris)

O dia-a-dia confirma o multiculturalismo que dá fama à cidade. A diversidade não está somente nas salas de aula das universidades, ambiente em que geralmente é menos raro encontrar pessoas de diferentes partes do mundo. Está também nas ruas, no metrô, nos supermercados, nas placas, em cada esquina. São dois os idiomas oficiais, francês e inglês, mas andando por aí escutamos facilmente árabe, chinês, coreano, persa, italiano, português, espanhol e algumas outras línguas não-identificadas.

Por Christiane Kokubo
Do Canadá


Montréal é uma ilha no rio São Lourenço. Aqui, vista do Parque Jean Drapeau

Com tanta riqueza cultural, não é de se assustar que a hospitalidade se apresente com variadas cores e sabores. O Hôtelier News entrevistou Gilles Bengle, relações públicas do Tourisme Montréal, órgão oficial de turismo da cidade, e William Brown, vice-presidente da Association des Hôtels du Grand Montréal (AHGM), para tentar desvendar um pouco da hotelaria local. C’est l’hôtellerieà la Montréal!

 
Gilles Bengle e William Brown, bastante solícitos

Montréal atrai os turistas afirmando apresentar um ar europeu em plena América do Norte. Chegar no Canadá e falar francês pode ser, a princípio, um tanto estranho. O sotaque quebecois (pronuncia-se “quebecoá”) surpreende os desavisados e chega a ser incompreensível nas primeiras semanas, mas isso não impede os visitantes de se encantarem com o charme da cidade. Muito pelo contrário.


Ciclista aproveita o clima ainda não tão frio no começo
 do inverno no Parque Jean Drapeau

O antigo e o moderno coabitam nas diferentes arquiteturas e bairros. Os parques e praças, os hotéis, os museus, os restaurantes, as universidades, a organização – as pessoas se organizam em filas nos pontos de ônibus – seduzem os turistas mesmo no inverno, quando a temperatura pode chegar facilmente aos 30°C negativos.


A aglomeração de pessoas na praça do Vieux Montréal anuncia algo…


…Trata-se de um artista de rua animando os turistas no sábado


Montréal também tem sua Notre-Dame. A basílica foi construída
entre 1824 e 1829. À noite, um espetáculo de luzes pode
ser visto no interior da igreja


No centro, bandeira da Itália, Canadá e Québec

São 80 etnias oficialmente representadas na cidade, o que lhe dá um colorido especial, com maneiras diferentes de viver, comer, se expressar, se vestir. No entanto, não se tem a impressão de que aqui seja terra de ninguém. Diferente da cidade de Nova York, por exemplo, onde também encontramos pessoas do mundo todo, Montréal parece melhor acolher seus imigrantes. Talvez por ser menor e mais aconchegante, de uma forma ou de outra, aqui as pessoas parecem se sentir em casa.


Dois leões guardam uma das entradas para o bairro chinês

O mercado hoteleiro de Montréal abriga tanto grandes redes nas regiões mais badaladas – Accor, Marriott, Fairmont, Starwood, Hilton e Hyatt são algumas delas – como pequenos e elegantes hotéis boutiques no centro velho, próximos ao antigo porto.


Na Chinatown, um Holiday Inn Select


E pelas ruas próximas ao Velho Porto…


…muitos hotéis boutique, como o Auberge du Vieux Port

A AHGM conta com 69 hotéis que somam 16,5 mil UHs. Em 2005, mais de 15 milhões de turistas estiveram na cidade e a taxa de ocupação dos hotéis tem aumentado a cada ano: 66,7% em 2004, com diária média de US$115,57; 67,3% em 2005, com diária média de US$119; e 69,3% em 2006, com diária média de US$121.


Mesmo com um ventinho mais frio, o passeio de charrete não deixa de atrair
casais  que querem conhecer a parte velha da cidade por um outro ponto de vista

Durante o verão, entre os meses de julho e setembro, a maior parte dos hóspedes vem a Montréal a lazer. Grande parte deles são norte-americanos, seja de outras partes da Província do Québec, de outras províncias do Canadá ou dos Estados Unidos. William Brown afirma que devido à alta que o dólar canadense vem obtendo em relação ao americano, a tendência é o mercado dos Estados Unidos diminuir. “Estamos investindo em novos mercados potenciais, como a Grã-Bretanha, a França, o México e principalmente a China, onde ainda não conseguimos autorização para começar a fazer publicidade.”


Píer com a Torre do Relógio. Ao fundo, a ponte Jacques-Cartier homenageia
o francês que em 1535 aportou no Canadá. À direita, podemos avistar
o parque de diversão La Ronde, fechado agora no inverno

Durante os meses mais frios – praticamente todo o resto do ano -, em dias de semana a cidade dá boas vindas aos turistas de negócios, como acontece em São Paulo. Congressos e eventos são realizados o tempo todo. Devido a isso, o Tourisme Montréal, junto a hotéis, companhias aéreas, outros órgãos oficiais e empresas ligadas ao setor, organizou o Team Montréal, grupo dedicado a atrair eventos para a cidade.


O novo e colorido Centro de convenções de Montréal foi inaugurado em 2002

Outro ponto que chama atenção são os diversos festivais, a maior parte deles de junho a agosto. Entre os mais famosos estão o Festival de fogos de artifício, o Festival internacional de jazz e o Grand prix do Canadá.

  
No outono, caminhar pelo Jardim Botânico decorado
com motivos chineses é um presente para a alma

  
Do jardim, ao fundo, é possível avistar a torre do Parque
Olímpico, construído em 1976, quando a cidade sediou os
jogos. Há também um simpático jardim japonês

No inverno, há o Festival das luzes, mas se o pedestre não quer passar frio andando pela rua ao ar livre, a solução está sob seus pés: com mais de 33km, a cidade subterrânea oferece lojas, restaurantes, bancos e acesso ao metrô, hotéis, teatros, cinemas, museus. Além disso, há também o famoso Cassino de Montréal.

  
A underground city tem lojas, restaurantes, serviços variados. É como se
fosse um shopping center subterrâneo interligado a estações de metrô,
universidades, cinema, teatro. Tudo para evitar o frio que faz lá fora

  
No Biodôme, um museu fechado onde são reproduzidos quatro ecossistemas
americanos, encontramos porco-espinho na Floresta Laurentienne,
raias na parte marinha e pinguins no Mundo Polar Antártico

Para Gilles Bengle, “como Montréal é uma cidade cosmopolita, internacional e oficialmente bilíngüe, característica peculiar extremamente favorável, a tendência é o turismo aumentar cada vez mais. Estamos ao lado dos Estados Unidos, a uma hora e meia de vôo de Nova York, próximos a muitos grandes centros emissores de turistas. Devemos investir. Por isso a criação do Team Montréal, a idéia de entrar no mercado chinês, o incentivo para atrair mão-de-obra qualificada para o setor”.

  
Quando o clima permite, os parques ficam cheios, como nesta tarde de domingo no Mont Royal. O Jean Drapeau fica em outra ilha que também faz parte de Montréal. Dentro dessa estrutura de ferro redonda há o Museu da água


Os esquilos estão por toda parte

  
Final da tarde no Parque Jean Drapeau e no centro da cidade

William Brown explica que, além dos hotéis da associação, Montréal oferece mais de 300 empreendimentos hoteleiros, que totalizam 29.415 UHs. “Promovemos que Montréal é your home away from home“. O turismo teve seu impulso a partir de 1967, quando um grande evento internacional conhecido como Expo 67 foi realizado na cidade.

  
Montréal tem quatro grandes universidades: Université de Montréal e UQAM – onde tudo é em francês – e McGill e Concordia – em inglês. Nas fotos, uma das entradas da Universidade de Montréal e o pavilhão colorido da Escola Politécnica

Em relação ao mercado de trabalho na área de turismo e hotelaria, ambos os entrevistados concordam que há bastante oferta, mas que a mão-de-obra qualificada ainda é insuficiente. “O campo está bastante aberto, as oportunidades estão aí”, afirma Brown. A AHGM mesmo oferece uma bolsa de estudo em conjunto com o Institut de tourisme et d’hôtellerie du Québec (ITHQ) e programas de estágio, bem como o Tourisme Montréal.

  
Nos dias de muita neve, às vezes fica difícil sair com o carro


O fenômeno conhecido como verglas pode ocorrer em dias úmidos e muito frios. Bonito,
mas pode ser perigoso. Em janeiro de 1998, o frio era tanto
que torres de transmissão de eletricidade congelaram e caíram

  

Montréal é definitivamente sedutora e seu mercado hoteleiro está preparado para bem receber os turistas nos cinco estrelas do centro novo, nos charmosos hotéis boutique espalhados pelas ruas de paralelepípedo do centro velho, nos albergues da juventude para quem está com o orçamento mais apertado. Seja como turista a negócios ou a lazer, como estudante, trabalhador, imigrante; seja no calor do verão e da primavera, nas cores vibrantes das folhas do outono ou no frio congelante do inverno, a cidade está repleta de opções de entretenimento e de oportunidades de estudos e de negócios, com bastante segurança e qualidade de vida, en français ou in english. Vai dar vontade de voltar.


Todas as placas de carro da província trazem a frase: Québec: eu me recordo

Serviço
www.ahgm.org
www.ithq.qc.ca
www.tourisme-montreal.org