O parque Xcaret, no México, que se valhe da fauna e flora
locais como ferramentas para fomentar a atividade turística
(fotos: Dênis Matos)
Com pequenas variações, há quem diga que a hotelaria brasileira vivencia um dos momentos mais profícuos de sua história. À revelia do que dizem alguns especialistas – garantindo que o cenário nada mais é do que uma recuperação dos números que haviam minguado nos últimos anos por conta das crises econômicas mundiais -, há de se assumir que o setor regozija com a latência do crescimento. A efusão reverbera bom momento econômico do País, e, por conseguinte, a hotelaria goza deste desenvolvimento.
 
Ainda assim, o jargão de que uma andorinha só não faz verão perdura. Explica-se. Há uma interdependência no turismo que deve ser levada em conta, haja vista que a hotelaria, por si só, fica presa à gaiola caso o entorno não dê subsídios para que o pássaro voe. Como escreveu recentemente Alain Baldacci, presidente do Sindepat (Sistema Integrado de Parques Temáticos e Atrações Turísticas), atrativos turísticos e parques temáticos são algumas das provas de que a união entre diversos setores pode guinar a cadeia do turismo.
 
O mercado hoteleiro no Brasil tem por essência grande respaldo no cliente corporativo – mas quem disse que este hóspede não pode usufruir de atividades turísticas do entorno onde está hospedado? Some-se a isso o percentual cada vez mais estrepitoso de clientes de lazer que figuram por essas paragens e é possível afirmar que há meios para profissionalizar cada vez mais o setor.
 
Há um conglomerado de atividades que podem e precisam trabalhar de mãos-dadas. Os 120 milhões de turistas que frequentam anualmente o Walt Disney World Resort não estão lá para ficar hospedados, mas o fazem. É um ciclo que – com matemática infantil – se mostra viável e tende a alavancar muitos cifrões. Fala-se, sem sombra de dúvidas, de um dos parques temáticos mais famosos do mundo, inaugurado nos idos da década de 70 do século passado, e, por isso, não há baliza para comparação com tal a labuta que o Brasil tem neste sentido.
 
Faz-se imprescindível pontuar ainda que todo o conglomerado Disney está muito além de um parque, já que trabalha com personagens, histórias e uma abundância cultural que permeia a mente de nações há décadas – o que fortalece ainda mais o parque mais visitado do mundo. Todavia, foi feita uma escolha de desenhar essa atmosfera Disney e vender isso no mundo Ocidental com o afinco tradicional dos estadunidenses quando o assunto é dividendo.
 
Por isso, deve-se olhar com brilhantismo os 15 mil turistas que anualmente passam pelos empreendimentos associados ao Sindepat – mostrando que, mesmo sem latência significativa, o Brasil tem fôlego para fazer desta atividade grande fortalecedora e geradora de emprego na indústria turística.
 
Sem hotéis não há turismo, é fato, porém com hotéis e possibilidades de entretenimento a atividade só pode crescer.
 
O México é outra nação norte em se tratando de parques e atrações que fomentem o turismo. Nas zonas turísticas de Cancún e da Riviera Maya, por exemplo, não faltam atividades que atendam a gostos distintos. Xcaret, Xel-Há, Xplor, Xichén e Wet´n Wild são algumas das opções que guarnecem a atividade local. Inúmeros empregos vêm dessas vertentes do entretenimento, que contemplam peripécias aquáticas, arqueológicas, passeios para mergulho e contato com a fauna e a flora locais. Alimentos, bebidas, transporte, publicidade, mídia, eventos, comércio de suvenir, serviços de segurança e outras possibilidades de lucro figuram no leque aberto pelos parques.
 
Há que se escolher, frente às conjunturas extremamente favoráveis, as possíveis opções que podem fazer com que o turismo deixe de representar pouco mais de 3% do PIB (Produto Interno Bruto) no Brasil – levando em conta a perspectiva do Ministério do Turismo, mensurada nos idos de Pedro Novais, de que o número chegue aos 6% até 2020. No México, o mesmo percentual já está na casa dos 9%. Fora isso, qualquer mercado só permanece pujante se copiosamente criar novas possibilidades e se metamorfosear. A hotelaria brasileira vive de uma rijeza nunca dantes vista. É hora de fortalecê-la, antes que este cenário sorridente se transforme num descalabro.