Hotelaria(imagem: jeffersonworldtrip.blogspot.com.br)

Do pouco que se sabe sobre o termo de compromisso firmado entre o governo federal e a rede hoteleira do País para evitar aumentos abusivos das tarifas durante os mundiais esportivos, já ficou claro que ao menos um passo foi dado com tal assinatura.

Foram incansáveis as discussões de como isso ia se desenrolar e, salvo milagre, parece que as partes envolvidas, ainda que superficialmente, chegaram a um consenso inicial de que a economia do turismo brasileiro somente será uma das três maiores do mundo até 2022, ambiciosa previsão, se o pensamento e o posicionamento a longo prazo, este o mais importante, seguirem tal toada.

O simulacro é que uma nova linha de gestão está nascendo no Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo) neste sentido – simulacro, sublinhe-se. De um lado, o instituto montou uma encenação de que mantém as rédeas curtas e está controlando a iniciativa privada – uma demonstração latente que visa a atenuar a imagem vexatória que ficou arraigada ao Ministério do Turismo após a queda do então ministro Pedro Novais, em setembro de 2011, por conta de atitudes escusas e pouco explicáveis à frente da pasta. Ou seja, a intencionalidade aqui é notadamente os holofotes da imprensa para reproduzir tal fábula.

No lado oposto também não há poliânicos. Entidades privadas do setor questionam a maneira escolhida pelo órgão do governo federal para fazer a análise das diárias hoteleiras, alegando que a metodologia não corresponde à realidade do mercado, pois se baseia em preços de OTA’s (On-line Travel Agency) e não em números fornecidos pelos próprios meios de hospedagem.

As entrelinhas aí é que são capciosas. Segundo representante da Resorts Brasil, numa reunião com a Fifa (Federação Internacional de Futebol), realizada em 2007, ficou acertado que as tarifas iriam funcionar na seguinte métrica: uma média das diárias praticadas em 2008, 2009 e 2010 seria feita; sob este valor se aplicaria o índice acumulado da inflação; e, então, de 2011 até 2014, o valor dos hotéis se elevaria no mesmo patamar do aumento geral dos preços.

Órgãos privados defendem que isto vem sendo praticado. Com um tiro no pé, contudo, assumem que os preços devem se ajustar à “sazonalidade”, ao aumento da demanda, podendo, em períodos de grandes eventos, a hotelaria desenhar a flutuação que julgar necessária quanto ao valor desembolsado pelo consumidor.

Mais do que isso, o empresariado assume o tom de pobre infeliz ao dizer que vai investir as barganhas obtidas pelo Plano Brasil Maior – com a desoneração da folha de pagamento para a indústria da hospitalidade, um dos argumentos do Embratur para que as tarifas não subam – em capacitação. Ora, treinar as equipes é obrigação primeira para a hotelaria, já que é a partir deste trabalho que os funcionários executam com maestria o bem-servir e, notadamente, as empresas crescem. Não há favores em jogo.

Fato é que vários pontos obscuros neste imbróglio sem data de término anunciada deixam dúvidas sobre sua viabilidade. Não há nada acertado, não há nada concreto, apenas um discurso anedótico e copioso.

Nem o Embratur nem a rede hoteleira anunciaram como serão articuladas as novas formas para que esse pseudocontrole exista. O que se sabe ainda está no plano das intenções e de uma fala que há meses vem reverberando sem resolução concreta.