Parque do Ibirapuera, uma das poucas áreas verdes
ainda encontradas na capital paulista
(foto: blog.cancaonova.com)
 

Mais de R$ 7 bilhões. Esse foi o resultado obtido com o turismo na capital paulista em 2007. A cidade é considerada o maior centro de negócios da América Latina de acordo com Caio Luiz de Carvalho, presidente da São Paulo Turismo (SP Turis). Apenas esse dado bastaria para mostrar o quanto o setor é importante para o destino, mas não vamos parar por aqui. Confira a seguir uma análise de hoteleiros, agentes e autoridades do trade sobre o desenvolvimento deste importante mercado no município e quais as propostas dos candidatos à prefeitura a fim de dar continuidade ao trabalho (ótimo, segundo os entrevistados) que vem sendo desenvolvido.

 

Por Thais Medina

 

Não é por pouco que São Paulo é considerada uma das principais metrópoles do mundo. A cidade conta com, nada menos que, 11 milhões de habitantes (6% do país) distribuídos por 1.530 Km² – a população dobra se considerarmos os 12 milhões de turistas esperados este ano. Para atender e manter essas pessoas há 2 mil agências bancárias, 34 mil indústrias, 72 mil estabelecimentos comerciais, 90 mil de serviços, 240 mil lojas, 900 feiras livres, 114 hospitais, 4 mil farmácias, 59 ruas de comércio especializado e 600 mil m² para feiras e exposições em geral. Seu Pib representa 15% do total da nação e é o terceiro maior segundo o IBGE (o primeiro é o da União e o segundo, do estado de São Paulo).

 

Atualmente o turismo é uma das atividades mais importantes para o destino, se tornando um dos grandes geradores de emprego, distribuição de renda e inclusão social e movimentando 52 setores da economia. No topo das maiores ações geradoras de riqueza no setor estão os encontros: sociais, culturais, médicos, empresariais. A metrópole sedia 90 mil eventos por ano, o que representa um a cada seis minutos, e isso inclui 75% das grandes feiras no país, responsáveis pela arrecadação de R$ 2,6 bilhões por ano para o município. Ao todo, 4,5 milhões de turistas chegam à capital com esta finalidade e gastam diariamente US$ 158.
 

O Anhembi sedia grandes eventos. Na foto, visto de cima

(foto: ritarambelli.com)

 

De acordo com o São Paulo Convention & Visitors Bureau (SPCVB), apenas nos oito primeiros meses de 2008 foram incluídos 1.067 eventos no banco de dados da entidade, com estimativas de 15 milhões de participantes. A quantidade já é 27% maior que a registrada no ano passado inteiro. Do total, 24% são referentes a feiras, exposições e salões e 76%, a congressos, seminários e demais tipos de encontros.

 

Tantos pontos positivos somam destaques à cidade em pesquisas e rankings. É o caso da relação divulgada pela International Congress and Convention Association (Icca), na qual figurou, em 2007, no 23º lugar das que mais recebem eventos internacionais, passando Nova York, Buenos Aires e Montreal, por exemplo. A capital sediou 61 encontros do tipo, 13% a mais que em 2006 e 30,6% dos realizados no país. Já na pesquisa Caracterização e dimensionamento do turismo internacional no Brasil, realizada pelo Ministério do Turismo em parceria com a Fipe e a Embratur, o município atingiu 49,4% das opiniões no quesito Negócios, eventos e convenções e ficou no terceiro lugar como Principal destino de lazer, atrás do Rio de Janeiro e de Foz do Iguaçu. Também no ano passado liderou a lista America Economia Intelligence, produzida pela revista América Economia, com as melhores cidades para negócios do continente latino-americano. A mesma consagração aconteceu em 1999 e se repetiu entre os anos 2000 e 2003 e em 2006.
 

Avenida Paulista, foco de muitos negócios na
capital durante o dia e entretenimento à noite
(foto: lindosimoveis.com)

 

Com o desenvolvimento do setor, não é apenas a iniciativa privada que ganha. De acordo com a Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação do Município de São Paulo (Prodam), o Imposto Sobre Serviços (ISS), cuja arrecadação é destinada à prefeitura, do Grupo 13, que engloba o turismo, apresentou incremento de 10,4% entre 2006 e o ano passado. Já entre 2000 e 2007 o crescimento foi de 97% considerando os valores provenientes de hospedagens, pacotes e eventos. “Levados em conta apenas os últimos três anos, o incremento foi de 46,4%. Em 2007 o total atingiu R$ 110 milhões e para 2008 esse índice deve ser ainda maior”, afirma Carvalho. Segundo a SP Turis, caso cada turista que visita a cidade a negócios optasse por ficar mais um dia no destino, o acréscimo no valor adquirido com o recolhimento do tributo seria de R$ 15 milhões no ano.

 

Como anda a hotelaria?

Após duros anos para a hotelaria paulista, mais precisamente do final da década de 1990 ao início da de 2000, quando a ocupação atingia cerca de 40%, os empresários do setor voltaram a sorrir e viver com mais tranqüilidade tendo em vista os altos números apresentados pelos meios de hospedagem. “Para se ter uma idéia, a ocupação vem alcançando índices inéditos e muito positivos, próximos ou superiores a 70% durante a maior parte do ano. Se em 2005 fechamos com 58,7% e em 2006 tivemos 64,7%, em 2007 atingimos média de 67%. E 2008 deve ser ainda melhor. Vale citar os resultados dos meses de abril, maio e junho deste ano, respectivamente 70,31%, 70,02%, 74,75%”, conta o presidente da SP Turis.
 

Orlando de Souza, presidente do São Paulo
Convention & Visitors Bureau
(foto: divulgação)

 

“Não creio que haverá um novo boom no setor tendo em vista que o crescimento da oferta está caminhando de acordo com a demanda. A diária média atual atinge R$ 143 e deve ter aumento de 10% para o próximo ano. Já a ocupação vai ficar entre 73% e 75%, com incremento de 5% em relação a 2007”, explica Maurício Bernardino, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de São Paulo (ABIH-SP). “O mercado não aceita mais um desenvolvimento sem controle”, concorda Orlando de Souza, presidente do SPCVB. “Hoje há sustentabilidade econômica. As dificuldades enfrentadas anteriormente fizeram com que os investidores entendessem a necessidade dessa prática”, finaliza André Pousada, diretor executivo do Fórum dos Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb).

 

Atualmente há 410 meios de hospedagem na capital paulista, totalizando 44 mil unidades habitacionais. Destes, 161 são flats (28.618 apartamentos) e 69, hotéis, muitos deles com a força de marcas internacionais como Hyatt, Hilton, Marriott, Accor, Sol Meliá e Radisson, além de opções exclusivas incluindo Emiliano, Fasano, L’Hotel e Unique.

 

Perspectivas para o futuro

Segundo o presidente da SP Turis, a expectativa é que até o final do ano 12 milhões de visitantes tenham passado pelo município – em 2007 foram 10 milhões, sendo 2,7 milhões destes estrangeiros (38% da Europa, 30% dos Estados Unidos e Canadá, 7% do Mercosul e 4% da Ásia). “Somos hoje o maior destino do país e as perspectivas são as melhores possíveis. Com a recente subida do dólar, ele fica ainda mais atraente para os estrangeiros, que vêm principalmente dos Estados Unidos. Sem contar que esse ano já recebemos quase 50 jornalistas de outros estados e países (EUA, Canadá, Panamá, Chile, Argentina, Peru, França, Itália, Inglaterra e Espanha, entre outros), que estampam cada vez mais São Paulo como uma cidade-mundo, parte do circuito das grandes metrópoles e capital da cultura. Um lugar onde o Brasil encontra o mundo e o mundo encontra o Brasil”, conta Carvalho.
 

Edmar Bull, presidente da Associação Brasileira de
Agências de Viagens de São Paulo (Abav-SP)
(foto: divulgação)

 

Para Edmar Bull, presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens de São Paulo (Abav-SP), da qual fazem parte 442 estabelecimentos que respondem por mais de 80% da movimentação turística do país, as expectativas para o setor nos próximos anos são excelentes. “As perspectivas de crescimento devem estar sempre respaldadas em ganhos quantitativos e qualitativos. O incremento deve ser sustentável e os limites são impostos pela oferta aérea. Os investimentos em infra-estrutura aeroportuária definirão as possibilidades de captação da demanda”, explica.

 

Considerando os mais bem colocados na disputa eleitoral, o presidente da ABIH-SP se demonstra tranqüilo quanto ao próximo governante. “O turismo está muito bem resolvido na capital e não tem grande dependência de ações da prefeitura para sua atuação. A Marta já foi ministra e conhece bem a cidade. O Alckmin já governou o estado, é muito bem informado sobre o setor e está com uma equipe bastante competente. E o Kassab também tem bons colaboradores”, diz o executivo. Para ele, as modificações no Anhembi vão continuar, não haverá nenhum retrocesso e o grande trabalho a ser desenvolvido será em prol da Copa do Mundo.

 

“Estamos caminhando muito bem. De 2003 para cá a quantidade de turistas aumentou em 4 milhões. São Paulo tem recebido mais eventos e estes, mais visitantes. Temos um entusiasmo positivo mesmo com a crise que vai chegar”, diz o líder do SPCVB, acrescentando que tem apenas duas preocupações: que a sinergia positiva entre o convention (iniciativa privada) e a SP Turis (pública) perdurem na próxima administração e “não se quebre como já aconteceu no passado” e a questão da Lei Geral do Turismo. “Parte da oferta da hotelaria sofre risco pela falta de alvará para flats e condo-hotéis, por exemplo. É fundamental que isso seja tomado a pulso para ser resolvido, afinal esses meios de hospedagem representam um terço do desenvolvimento hoteleiro”, diz.
 

André Pousada, diretor executivo do Fohb
(foto: Thais Medina)

 

“Nunca tivemos tantos eventos e negócios na cidade. O turismo cresce no mínimo de acordo com o Pib, principalmente se tratando de São Paulo. Estou certo de que um dos pontos que levaram à atual situação no setor foi a parceria de sucesso entre o convention e a SP Turis. Além disso, temos grande diversificação de produtos focados para determinados públicos. É o caso, por exemplo, da gama hoteleira oferecida: boutique, de alto luxo, supereconômica, o que faz com que haja maior fomento de investimentos e modernização do equipamentos”, acredita o diretor executivo do Fohb. “A continuidade desse trabalho independe de qual candidato vai ganhar a próxima eleição. Todos são sensibilizados em relação ao setor e entendem o assunto como um vetor de desenvolvimento para a cidade. Não tenho temores em relação a isso. Eles têm boas intenções e propostas. Quanto à hotelaria, não há previsão de incremento. A busca será por maior rentabilidade do que já está no mercado. Estudos atuais indicam que serão mais dois ou três empreendimentos nos próximos quatro anos”, completa.

 

Confira abaixo o que quatro dos concorrentes à prefeitura estão programando para o turismo caso sejam eleitos (a assessoria de Paulo Maluf não enviou o programa de governo do político).


(fotos: arquivo HN)
Geraldo Alckmin – 45

Coligação São Paulo na melhor direção (PSDB –  PTB – PSDC – PSL – PHS)

Vice: Campos Machado
 
Propostas:

– Organizar, em parceria com a iniciativa privada, a 1ª Exposição Internacional das Metrópoles, a ser realizada em 2010;

 

– Criar, em parceria com a iniciativa privada, um novo pólo de eventos para São Paulo nos moldes dos modernos espaços existentes em  

cidades como Milão, Frankfurt e Lisboa;

 

– Desenvolver política municipal de turismo, em parceria com a área privada, para consagrar São Paulo como um dos principais destinos turísticos do país;

 

– Aprimorar a produção de serviços de turismo de excelência, desenvolvendo programa de certificação de hospitalidade para os estabelecimentos e agências turísticas;

 

– Revitalizar regiões e bairros centrais da cidade, com novos pólos turísticos;

 

– Aprimorar o uso do Autódromo municipal José Carlos Pace (Interlagos), na forma prevista pela Federação Internacional do Automóvel, desenvolvendo projetos para promover a segurança no trânsito, proteção ambiental e mobilidade sustentável;

 

– Investir na capacitação dos profissionais que atuam no setor, dotando-os de novas habilidades, inclusive no aprendizado de línguas estrangeiras para melhor atender às necessidades dos turistas;

 

– Melhorar a iluminação, limpeza e manutenção de espaços públicos, prédios e monumentos turísticos;

 

– Ampliar a segurança nos principais pontos da cidade com o apoio da Guarda Civil Metropolitana;

 

– Implantar Ruas 24 horas em áreas de grande movimento noturno, aumentando a oferta de comércio e serviços.

Gilberto Kassab – 25
 

Coligação São Paulo no rumo certo (Dem, PMDB, PR, PV, PSC e PRP)

Vice: Alda Marco Antonio

www.kassab25.com.br

 

Propostas:

 

– Recuperação e ampliação do Anhembi. O orçamento será de R$ 20 milhões da prefeitura e R$ 8 milhões do Ministério do Turismo e inclui uma nova arena no local onde hoje funciona parte do aeroporto Campo de Marte – a prefeitura vai comprar uma área em

São José dos Campos e levar as oficinas locais para lá;

– Pensando em um futuro distante (2030, 2040), será construída uma grande área de eventos, feiras e exposições em Pirituba, a 100 m da Rodovia dos Bandeirantes, 30 minutos de Campinas, 1 Km do Rodoanel e próximo a uma estação de trem da CPTM. Serão 5 milhões de m² com área verde preservada, 100 mil vagas de estacionamento e espaço para a inclusão de hotéis de três a cinco estrelas;

 

– Criação de mais duas arenas multiuso, sendo uma dentro do Autódromo de Interlagos, na Zona Sul – está em fase experimental – e outra na Zona Leste. Quatro áreas estão sendo analisadas e o local escolhido provavelmente será ao longo da Avenida Jacu Pêssego, que conta com facilidades como a integração ao rodoanel;

 

– Investimento em transporte coletivo, incluindo linhas de metrô (R$ 1 bilhão), corredores, rodoanel e um caminho expresso do metrô ao Anhembi.

Marta Suplicy – 13

 

Coligação Uma nova atitude para São Paulo (PT, PCdoB, PSB, PDT, PRB e PTN)

Vice: Aldo Rebelo

www.marta13.can.br

 

Propostas:

 

– Investir no turismo de massa proveniente da classe média. Fazer com que estas pessoas conheçam sua própria cidade;

– Fomentar a qualificação de todos os responsáveis por receber o turista, desde taxistas até

garçons e gerentes;

– Ampliar o Parque Anhembi;

– Fazer um centro de convenções na Zona Leste, local escolhido pela proximidade com Guarulhos e necessidade de geração de empregos;

– Investir R$ 15 bilhões no transporte da cidade, valor que será dividido na construção de 65 km da linha de metrô e 279,5 Km em corredores de ônibus. Também construir trem bala entre os aeroportos de Viracopos e Galeão, passando por Guarulhos e São José dos Campos, orçado em R$ 15,3 bilhões (ambos os valores dependem da União);

 

– Fazer do turismo uma porta para o primeiro emprego dos cidadãos. Não qualificar áreas que não gerem vagas diretas;

– Retomar as relações com estrangeiros para colocar a cidade em eventos internacionais.


(foto: divulgação)

Sonia Francine Gaspar Marmo (Soninha) – 23

 

PPS

Vice: João Batista de Andrade

www.soninha23.can.br

 

Propostas:

 

– Promover o desenvolvimento de uma política municipal para o turismo;

 

– Desenvolver material promocional sobre a cidade e suas principais atrações;

 

– Estabelecer um “cronograma inteligente”

de eventos, sabendo aproveitar as melhores épocas para o turismo sem concorrer diretamente com outras cidades brasileiras;

 

– Fomentar o turismo de eventos e de negócios;

 

– Recuperar o complexo do Parque Anhembi e a empresa SP Turismo;

 

– Desenvolver e implantar, em parceria com a iniciativa privada, plano de divulgação e promoção da cidade internacionalmente;

 

– Implantar atividades culturais permanentes, além de promover eventos artísticos, esportivos e educativos;

 

– Promover a reurbanização do centro e dos bairros por meio de convênios e concursos internacionais, divulgando a cidade no mundo inteiro com uma imagem mais moderna e renovada;

 

– Promover a conscientização da população quanto à importância do turismo e do intercâmbio cultural;

 

– Explorar ao máximo eventos como a Fórmula 1 bem como os campeonatos de futebol e outros eventos esportivos, shows com atrações nacionais e internacionais, e o Carnaval;

 

– Promover, apoiar e incentivar a realização de festas de bairro;

 

– Estimular o turismo da terceira idade, promovendo eventos, passeios e roteiros turísticos para idosos;

 

– Desburocratizar os procedimentos e imprimir maior agilidade nas decisões administrativas relativas ao turismo;

 

– Exercitar um plano de conservação e limpeza em toda a cidade, sobretudo nos pontos turísticos, mantendo estrutura de informação bilíngüe e novo plano de comunicação visual.

Muito mais que eventos

O aumento da demanda de visitantes que escolhem São Paulo para passar seus finais de semana vem acompanhado pelo incremento na quantidade de pessoas que estendem suas viagens e aproveitam o que a cidade tem de melhor, principalmente em lazer e compras.

“O principal desafio atualmente é ampliarmos o tempo médio de permanência dos turistas a negócios no destino e, para tanto, todos os elos da cadeia produtiva devem colaborar. A hotelaria, por exemplo, pode e deve investir cada vez mais em promoções que motivem executivos e empresários a desfrutar os encantos gastronômicos, culturais, as oportunidades de compras e os demais atrativos oferecidos pela maior metrópole da América do Sul”, afirma o presidente da Abav-SP. “Temos percebido aumento na permanência, principalmente nos finais de semana, e incremento na diária dos hotéis. Até 2004 a ocupação hoteleira no período não passava de 20, 25%. Hoje esse índice já chega a 50, 55%. Além disso, agências de receptivo e empreendimentos da cidade criaram pacotes que incluem hospedagem, city tour e programas culturais”, completa o dirigente da SP Turis.

 

Maurício Bernardino, presidente da
Associação Brasileira da Indústria de
Hotéis de São Paulo
(foto: arquivo HN)

 

Segundo Bernardino, da ABIH-SP, um esforço grandioso está sendo feito com o intuito de aumentar a quantidade de visitantes na cidade entre sexta-feira e domingo. “Mas o crescimento é muito pequeno e ainda dependente de grandes eventos. Considerando todos os meios de hospedagem da cidade, a ocupação cai para 25% e a diária média, para R$ 110 nesses dias”. Já de acordo com o Fohb, os meios de hospedagem membros registram de 40 a 45% de ocupação, o que pode estar associado ao fato destes fazerem parte de grandes redes, que investem em marketing. “Hotéis Ibis e Formule 1 nas regiões de Moema e Jardins, por exemplo, ficam lotados com o turismo de entretenimento”, diz Orlando de Souza, que, além de presidente do SPCVB, é diretor de Operações das marcas Mercure e Novotel, da Accor Hospitality.

 

As pessoas que chegam a São Paulo em busca de diversão não têm de que reclamar. São 88 museus, 257 salas de cinema, nove cineclubes e salas especiais, 75 bibliotecas, 39 centros culturais, 120 teatros, inúmeras festas populares e feiras, 12,5 mil restaurantes de 52 nacionalidades, etnias e regionalidades, 15 mil bares, 3,2 mil padarias, 6 mil pizzarias e 500 churrascarias.
 

O Museu de Artes de São Paulo (Masp) está entre as
opções de entretenimento da capital
(foto: nbjolpuc.files.wordpress.com)

 

A fim de contribuir para que os índices tanto do turismo quanto da hotelaria, uma de suas vertentes, continuem crescendo, instituições públicas e privadas desenvolvem trabalhos, alguns deles em parceria. Entre as ações está a criação, pela SP Turis, do Fique mais um dia, com o objetivo de estimular turistas de negócios a permanecer mais tempo na cidade e aproveitar a oferta cultural, gastronômica e de lazer. Também foi produzido o manual Destino São Paulo – turismo de negócios e de incentivo – em português, espanhol e inglês – destinado a operadoras e agências, organizadores de encontros e executivos responsáveis pelos departamentos de viagens e incentivos em empresas, com o intuito de apresentar as áreas destinadas a encontros e a infra-estrutura de serviços e lazer da capital e respondendo questões como: Por que São Paulo é o melhor destino para seus eventos e negócios? e Quais as razões para fazer da cidade o ponto alto de um programa de incentivos?.

Há ainda o Varig Super Weekend, colocado em prática este ano, pelo qual foram criados pacotes com valores especiais para moradores do Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Florianópolis e Curitiba. Já o Nosso Turismo Paulista foi lançado em dezembro pela ABIH-SP, Secretaria de Esportes, Lazer e Turismo do estado e a Nossa Caixa. Atualmente seu site conta com cerca de 1,6 mil acessos por dia a fim de realizar consultas sobre pacotes e hospedagem inclusive na capital. Até novembro a associação passa a oferecer ainda um projeto com roteiros de turismo focando as férias de final de ano.

 
Outro foco de trabalho são treinamentos. É o caso do CapaCidade, uma parceria entre a prefeitura, a SP Turis e o Ministério do Turismo a fim de qualificar mais de 4,2 mil taxistas, guias e agentes de viagens até dezembro; o São Paulo Meu Destino, da SP Turis e do SPCVB, para a capacitação de agentes de diversos estados brasileiros e de seis outros países da América Latina; e o Bem Receber, também das duas entidades, que será mantido no próximo ano e já atendeu a polícia militar, guarda metropolitana, taxistas, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e colaboradores de meios de hospedagem, os últimos sobre o público GLBT, além de um city pass, que está sendo lançado impresso e online (veja em www.cidadedesaopaulo.com/bemreceber) com descontos para restaurantes, pontos turísticos, museus, hotéis e casas de shows.

A Abav-SP também marca presença nesse desenvolvimento. “Atuamos junto ao Conselho Municipal de Turismo, que mobiliza ações coordenadas de promoção. Em parceria com a SP Turis e o convention, por exemplo, apoiamos todas as iniciativas empreendidas em favor do aumento do tempo médio de permanência de quem nos visita”, conta Bull.

 

Caio Luiz de Carvalho, presidente da São Paulo Turismo, com
uma das placas de sinalização implantadas na cidade
(foto: divulgação)

 

Grande divulgação da cidade no canal de televisão CNN, por exemplo; sinalização turística viária com 600 placas de padrão internacional referentes a 100 pontos; o projeto Turismo no Centro, plano de desenvolvimento do setor que levantou, durante um ano e meio, um diagnóstico inédito e detalhado da região central da capital e avaliou mais de 4 mil estruturas, incluindo hotéis, restaurantes e transporte, resultando em um plano de ação de melhorias; o Museu da Língua Portuguesa e, o mais recente, inaugurado na última segunda-feira (29), Museu do Futebol – orçado em R$ 32,5 milhões e localizado em 6,9 mil m² de área – certamente são requisitos que vão contribuir para um incremento ainda maior de turistas em busca de entretenimento.

 
“O Museu do Futebol é um lugar para celebrar a paixão do brasileiro e contar a relação desse esporte com a cultura, moda, comportamento e música nacionais durante o século XX. É um belo local que será conhecido por pessoas de toda parte do Brasil e do mundo. Estimamos que mais de 600 mil visitantes passem por lá no período de um ano. Com ele, a cidade agrega mais um equipamento cultural de padrão internacional que vai ajudar não somente no aumento de visitantes na cidade, mas nos indicadores de permanência média”, diz Carvalho.
 

Museu do Futebol: o mais novo ponto turístico da capital paulista
(foto: pt.wikipedia.org)

Segundo o executivo, as medidas não só ajudam a consolidar a cidade como destino, mas também mostram a pessoas de todos os cantos do planeta que a capital está apta e pronta para recebê-las. “Essas ações são permanentes e visam o futuro da atividade. Precisamos lembrar que daqui a seis anos o país vai sediar um evento importantíssimo para o setor, que é a Copa do Mundo. Tanto o governo estadual quanto a prefeitura estão empenhados em investir em obras e ações que vão ficar como legado para a cidade, como o metrô, o rodoanel, a perimetral, outras novas vias, transporte urbano em geral. O restante será feito por meio de parceria junto à iniciativa privada”, conta, ressaltando como pontos importantes a serem tratados a reforma e modernização do estádio-sede paulistano (que deve ser o Morumbi), trabalhar a infra-estrutura aeroportuária da grande São Paulo e encontrar soluções para estacionamentos na cidade. “Se a Copa fosse hoje, o número de turistas saltaria para 15 milhões ao ano na capital”, conclui.
 

Leia a seguir opiniões e depoimentos de profissionais do trade sobre as expectativas para o futuro do turismo na metrópole.
 
“Tudo indica que a tendência é forte, promissora, entre segunda e quinta-feira os meios de hospedagem estão ficando lotados. A hotelaria funciona em ciclos e não há muitos novos empreendimentos ingressando no mercado. Ainda estamos recuperando a diária, que deve aumentar, mas ainda se apresenta abaixo de patamares como o de Buenos Aires, por exemplo. É preciso prestar atenção na manutenção, pois os clientes estão cada vez mais exigentes e a hotelaria, se aprimorando. É um desafio não deixar que o hotel se desvalorize.”

 

Annie Morrissey, vice-presidente
de Marketing, Vendas e Receitas
da Atlantica Hotels


(fotos: arquivo HN
e divulgação)

 

  
 
 
 

“A tendência do setor é que se torne cada vez mais virtual, com reservas online e tarifas flutuantes. Apesar da presença da tecnologia, a busca continua pela personalização, para não perder o lado humano. O cliente precisa ser tratado como único e exclusivo.”
 

Ignácio Ferreira, gerente
comercial do e-HTL

 
“São Paulo vivencia um momento ímpar em sua história para a hotelaria. A perspectiva para os próximos anos é muito relativa em seu grau de crescimento pela circunstância atual em que vivemos, mas seguramente haverá incremento e melhora. No entanto, é necessário explorar melhor nossos recursos e, para isso, uma gestão pública competente é primordial. O deslocamento, por exemplo, entre os pontos turísticos da cidade já está se tornando inviável em virtude do trânsito. O turismo cultural é ponto forte hoje para captação de reservas nos finais de semana devido ao número de salas de cinema, museus, teatros e casas noturnas. Pacotes que incluem hospedagem com ingresso são cada vez mais comuns, e esse diferencial já foi percebido pelas cidades do interior.”

 
Douglas Meneses, diretor de Vendas
e Marketing do Staybridge
Suites São Paulo

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

“O setor hoteleiro em São Paulo está estagnado e acredito que vai continuar assim. Apenas a diária média deve aumentar. Creio que muitos dos flats vão virar residenciais e, automaticamente serão abertos novos empreendimentos do tipo.”

 

Vitor Silveira, gerente geral do Comfort Suítes Oscar Freire

 
“A cidade de São Paulo já é a principal referência em turismo de negócios, de eventos e cultural, não só do Brasil, mas de toda a América Latina. O futuro só pode ser cada vez mais promissor e o caminho é certo quando se analisa o aquecimento econômico do país e as projeções positivas para os próximos anos. A cidade é completa, vibrante e só precisa vencer os gargalos de infra-estrutura, por exemplo, no setor dos transportes, logística, entre outros. Aliás, dificuldades vistas em toda a Federação.”

 

Roberto Rotter, diretor de Operações América do Sul da rede Pestana

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Pelas suas características econômicas, São Paulo tem um forte setor de serviços, sedia grandes eventos, tem uma gastronomia variada e de qualidade e é a capital do consumo na América Latina. Tudo isso faz com que a cidade receba muitos turistas, seja a lazer ou para fazer negócios. E essa tendência vai durar bastante tempo. Mas ainda há muito a ser trabalhado no sentido de aproveitarmos esse enorme potencial. O mercado norte-americano, por exemplo, em comparação com o europeu, possui um número menor de visitantes no Brasil e, por isso, precisa ser atraído. Com o crescimento do setor turístico haverá uma demanda cada vez maior de mão-de-obra qualificada. Também será preciso investimento do governo para melhorar a imagem no exterior e uma atenção redobrada com relação à segurança pública.”
 

Eduardo Campos, diretor
da rede Slaviero

 
“A cidade de São Paulo vai continuar a ser um destino cada vez mais procurado tanto para viagens de turismo quanto para negócios. O que notamos na hotelaria paulistana é que a categoria luxo tem sido a mais requisitada, o que aumenta a rentabilidade desta atividade no município. No Sofitel São Paulo Ibirapuera o feedback das pessoas que movimentam suas dependências diariamente é muito positivo e prova que lazer no Brasil não está limitado à praia ou atrações naturais. São Paulo é um destino rico em opções culturais como teatros, cinemas, museus e espetáculos musicais, sem mencionar a excelente gastronomia, referência mundial por sua variedade e alta qualidade. Grandes feiras e exposições, centros de compras comparáveis aos melhores do mundo, eventos como a Parada GLBT e a São Paulo Fashion Week, além de espetáculos musicais como a concorrida turnê da cantora Madonna, geram uma enorme demanda de hospedagem. Mas o futuro do turismo e da hotelaria na cidade depende de investimentos na sua divulgação como destino diferenciado. O governo e a iniciativa privada terão o desafio de promover o que há de melhor em São Paulo e propor melhorias em infra-estrutura. É preciso multiplicar os postos de informações para turistas e adequar a sinalização nas áreas mais visitadas com informações em inglês, por exemplo, o que pode facilitar e melhorar muito a recepção de estrangeiros.”

 

Walter Strub, gerente geral do
Sofitel São Paulo Ibirapuera

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A cidade passa por um momento importante, pois sua hotelaria está muito mais audaciosa do ponto de vista de infra-estrutura de serviços, produtos e tecnologia – todos amplamente aceitáveis em nível internacional. Nosso parque hoteleiro demonstra grande solidez e sua manutenção nos próximos anos é crucial para que a capital continue a melhor opção no segmento de turismo corporativo, uma vez que São Paulo é a principal plataforma de negócios da região sul-americana.”
 

Patrício Alvarez, gerente geral do Hilton Morumbi São Paulo

 
“A hotelaria de São Paulo vive um momento bastante positivo, com índices de ocupação, diária média e RevPar superiores aos dos anos anteriores. Para o futuro precisamos manter esta curva de crescimento, apoiando candidatos que apresentem projetos exclusivos para nosso setor, ainda com muito espaço para desenvolvimento. A criação de programas de incentivo pelo governo, tanto para o público interno quanto o externo, seria uma forma de evidenciar as belezas e a riqueza cultural do Brasil e aquecer ainda mais o setor hoteleiro.”

 

Daniela Pereira, diretora de Vendas
e Marketing do InterContinental
São Paulo

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A hotelaria será um dos setores com maior crescimento nos próximos dez anos no Brasil. O país tem uma grande extensão territorial e um litoral que, além de amplo, é maravilhoso, com grande potencial e este ponto está começando a ser explorado. A expansão de meios de hospedagem que acontecerá nos próximos anos trará um desenvolvimento muito expressivo a este segmento da economia, com a entrada de divisas e incremento no mercado de trabalho, absorvendo a mão-de-obra recém formada. Quanto ao crescimento do setor em São Paulo, hoje já se constata a falta de oferta na hotelaria, isso em função da cidade estar cada vez mais consolidada como um grande centro comercial e financeiro da América do Sul. Acreditamos que surgirão nos próximos anos novos produtos principalmente na Zona Sul.”
 

Paulo Brazil, gerente de Vendas
da rede Estanplaza

 
“O turismo em São Paulo e nas cidades limítrofes têm dados históricos bastante interessantes e promissores. O futuro pode ser observado com otimismo se compararmos os números da plataforma hoteleira no Brasil e, em especial, São Paulo, com outros países. Veja que o país tem hoje 26.372 habitantes por hotel contra 9,8 mil da Argentina e 7,8 mil do México, sem falarmos da Espanha, com 2,5 mil habitantes por empreendimento. Partindo para o Pib, o Brasil é adolescente se comparado com estes países. Todos os complicadores que afetam o desenvolvimento deveriam ser colocados de lado pelos governos municipal, estadual e federal, já que muitos destes entraves são irreparáveis e afetam o desenvolvimento. É o caso, por exemplo, de alguns artigos da Lei Geral do Turismo, que passou sem vetos importantes do presidente da república. Agora os holofotes devem ser focados na municipalidade e na qualidade de gestão, como todos sabem, nada fáceis, visando darmos sempre um passo à frente e nenhum para trás, como sempre pudemos observar.”

 

Ronaldo Albertino, diretor
geral da Hotelaria Brasil

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“O futuro para o turismo e a hotelaria na cidade de São Paulo é bastante otimista por conta do aumento da demanda, que vem crescendo a cada dia por meio do trabalho do São Paulo Conventions & Visitors Bureau, da SP Turis e da força de vendas dos hotéis. A desaceleração na construção de novos meios de hospedagem em São Paulo trará um equilíbrio entre oferta e demanda. Os empreendimentos na capital são muito defasados. Alguns já estão se atualizando e outros ainda não visualizaram essa necessidade e perderão mercado. Uma mudança que pode ocorrer é o surgimento de novos edifícios em regiões menos privilegiadas pela falta de terrenos disponíveis na cidade. Estamos vivendo o melhor momento da hotelaria paulistana, contudo, para que o cenário favorável se mantenha, a crise econômica mundial deve ser sanada, já que pode afetar a metrópole, que vive de negócios.”
 

Carlos Bernardo, gerente
geral do Novotel Jaraguá

 
“Não há dúvida: São Paulo continuará a desempenhar sua maior vocação como grande centro financeiro e de negócios no hemisfério, permanecendo como o principal hub da América do Sul para a aviação. A cidade tem, no entanto, problemas ligados ao desenvolvimento desordenado que precisam ser trabalhados e que requerem tempo. A principal conseqüência hoje em dia é a dificuldade de locomoção por terra devido principalmente à insuficiente infra-estrutura de transporte público. Neste cenário, o hotel que puder proporcionar alternativas para vencer as dificuldades de tempo, por intermédio da disponibilização de serviços de front office e de comunicação cada vez mais eficientes, além, é claro de contar com localização privilegiada e elevado padrão de qualidade, será vencedor. Portanto, o futuro da hotelaria em São Paulo dependerá da expansão da cidade e da própria criação de infra-estrutura que permita um deslocamento mais rápido.”

 

Bruno Ferraz, gerente geral
Golden Tulip Paulista Plaza

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

“Com a atuação de entidades como o convention bureau, a tendência é de crescimento. Os anos 2000 a 2007 foram meio ruins para os investidores, mas isso passou. Considerando a Riema, entre o ano passado e este o retorno de investimento cresceu 300%, gerando distribuição de cerca de R$ 900 por apartamento em São Paulo.”

 

Adriano Araújo, gerente
comercial da rede Riema

 
“O turismo em São Paulo está ficando saturado. É preciso criar centros de convenções maiores com área de alimentos e bebidas integrada. Há bons espaços na cidade, mas poucos com capacidade para mais de 1,5 mil pessoas.”

 

Carolina Massocrato, coordenadora de Vendas e Marketing da rede Posadas

 

“São Paulo tem um futuro promissor. A cidade passou por momentos críticos, com queda na diária média e ocupação, mas de dois anos para cá vem se recuperando. A situação está muito boa para a hotelaria, o mercado corporativo está bastante aquecido e a tendência é isso melhorar ainda mais, sem a inauguração de novos meios de hospedagem.”
 

Daniel Santos, diretor
da Trend Operadora