Alejandro de la Peña Navarrete, embaixador do México no
Brasil, e a ministra de Turismo Gloria Guevara Manzo
(foto: arquivo HN)

 

Copiosamente o Brasil tem como referência outras nações norteando seu comportamento na economia e em muitos setores. É cediço dizer que no turismo a postura poderia ser análoga. A recente visita da comitiva do Ministério do Turismo do México a São Paulo deve entrar nesta seção.
 
Naquele país, a atividade turística é responsável pela bagatela de 9% do PIB (Produto Interno Bruto), número que hoje figura na casa dos 3,6% no Brasil e, segundo expectativas otimistas do mandatário do setor, Pedro Novais, pode chegar aos 6% em meados 2020 – como afirmado esta semana no Workshop Internacional de Certificação para o Turismo, realizado em Foz do Iguaçu (PR).
 
De carona na leitura dos comparativos, o número de turistas que o México recebe anualmente ultrapassa, há anos, a margem dos 30 milhões. O mesmo dividendo em terras tupiniquins vem com o freio-de-mão puxado, na marca dos 5 milhões, há mais de cinco anos. A Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo) ainda está tentando entender por que o número de turistas estrangeiros não cresce. Mas a resposta parece ser incógnita.
 
Outra novidade, talvez a de maior relevância e a favor do turismo no México, foi o novo programa do SAE (Sistema de Autorização Eletrônica), que dispensa a emissão de visto nos parâmetros burocráticos para os brasileiros – com permanência de até 180 dias no destino. Uma autorização, válida por 30 dias, pode ser emitida nos sites da Embaixada do México e dos consulados do Brasil. O Ministério do Turismo do país pretende, com a diminuição da papelada, elevar de 117 mil (no ano de 2010) para 500 mil o número de turistas do Brasil que visitam o país. Em tempo, mais uma vez, a expectativa é que o brasileiro deixe o que ganhou aqui em outro país. Mas a ambição mexicana é compreensível, em se tratando do que está sendo preparado para tal cenário.
 
A própria realidade social do México faz frente ao turismo, a exemplo do Calendário Maia, que de acordo com especialistas prevê o fim do mundo para o final de 2012. As supostas indicações históricas estão em Quintana Roo, estado localizado no extremo sudeste do México, que cada vez mais está sendo alvo de turistas e pesquisadores interessados no tema. Os hieróglifos que preveem o término da existência humana se converteram em atração mercadológica a favor do turismo.
 
O Brasil tem fôlego para ações idênticas e a demanda da economia no País continua muito forte para que isso ocorra, apesar de poucos sinais de arrefecimento. Por que não fazer? Por que não criar meios para que o setor deslanche de forma robustecida? Por que não tornar as tantas fronteiras deste Continente Brasil em porta de entrada para o dinheiro estrangeiro?
 
Talvez a leniência de ações deste timbre, sinônimo de retrocesso do setor, tenham em seu bojo a estrutura atravancada em vários setores do País, que mais servem de emplastro do que modelo de austeridade. Vale o belo exemplo do sigilo para a bandalheira, aprovado em Medida Provisória na última semana, que institui regras especiais para obras relacionadas aos mundiais esportivos. As facilidades do RDC (Regime Diferenciado de Contratações Pública) versam todo tipo de farra, como a que desobriga as empresas privadas interessadas no quinhão da Copa a apresentarem projeto básico da empreitada antes da licitação.
 
Num modelo em que o País corre o risco de não saber se a União gastou menos ou mais com a Copa do que foi orçado, resta a inveja de um México que, no que tange ao turismo e à história como povo civilizado, está décadas à frente do Brasil.