Os serviços tradicionais do minibar já não fazem mais tanto sucesso entre hóspedes e hoteleiros
(foto: Pixabay / cesarharor0)

Em post publicado no blog da Escola de Hotelaria de Lausanne, a estudante Marie Charrière faz um panorama da história do minibar nos hotéis, desde seu nascimento, queda e mais recentemente, reinvenção. Com a maior procura dos hóspedes por lojas de conveniência e supermercados, em vez da oferta de petiscos das unidades habitacionais, os hoteleiros foram forçados a mudar a forma como oferecem tal serviço.

Conforme lembra o texto, em 1960, quando o frigobar foi inventado pela empresa alemã Siegas, a venda de bebidas alcoólicas nos quartos aumentou 500%, tornando-se um sucesso. O primeiro hotel internacional a oferecer bebidas nas pequenas geladeiras foi o Hilton Hong Kong, com 840 apartamentos, estimulando um aumento de 5% para o lucro liquido da empresa naquele ano. Desde então, o minibar se tornou um padrão da indústria quase universal.

Porém, quase 60 anos depois da invenção, a popularidade do item já não é mais a mesma. Segundo pesquisa do TripAdvisor, somente 21% dos entrevistados consideram a geladeira importante. Em comparação, 89% escolheram o wi-fi grátis como serviço mais desejável.

A popularidade entre os hoteleiros também não é a mesma. Uma pesquisa de 2012 realizada pelo lastminute.com com 500 hoteleiros constatou que o trabalho de manter o serviço é um “pesadelo”. Dentre os pesquisados nesse estudo, 84% relataram que os hóspedes tentam burlar o sistema ao substituir os itens consumidos por outros de qualidade inferior, ou simplesmente preferem não consumir os itens. “Nós descobrimos que os hóspedes não usam mais o minibar como pensávamos. Na Times Square, várias lojas ficam abertas 24 horas, bebidas e lanches estão disponíveis em todos os lugares, todo o tempo. Além disso, os itens do minibar tem data de validade, e acabamos jogando vários no lixo. Foi uma decisão de negócios: minibares não são rentáveis.” declarou um gerente geral de Nova York para Food Arts.

A solução encontrada por várias redes foi a de oferecer itens exclusivos, artesanais ou locais, como por exemplo, kits para fazer seu próprio drink e cervejas artesanais. O Epiphany em Palo Alto (EUA) oferece couve-flor em conserva, águas saborizadas e iogurte grego com granola feitos no hotel, indicando uma nova tendência para as mini geladeiras. Segundo Sawdon, diretora da marca Ace, em declaração ao blog da Escola de Hotelaria de Lausanne: "O minibar nos ajuda a aprofundar a experiência nas cidades que estamos sediados e mostramos o que elas têm de especial.”

No Brasil, os hoteleiros têm há muito tempo tentado se livrar do "problema" que é fazer a operação dos minibares. A principal solução encontrada é a terceirização do serviço, cuja operação garante uma receita e não traz riscos, já que funcionários, produtos e possível perda fica sob responsabilidade do contratado. 

Para Adinei Botjuk, diretor da Anserve, a maior empresa de terceirização do Brasil, o consumidor brasileiro é diferente dos de outros países como os citados pelo post da estudante. Na maioria das vezes, comparações de produtos são feitas pelos hóspedes, por isso a diversificação dos produtos é uma saída. Se não há como comparar, a aquisição é faz com mais facilidade. De outro lado, se o minibar oferece um produto que não traz credibilidade ou é proveniente de uma marca desconhecida, o cliente não faz a compra.

"O hóspede brasileiro é diferente do que dos outros países, por isso é preciso saber qual é a maioria dos clientes para pode oferecer o produto correto, potencializando as vendas e trazendo receita para o hoteleiro, mas de uma forma geral, há outros aspectos para serem considerados na operação como tempo de validade, distribuição, prazos de entrega, tudo para podermos garantir qualidade para todos", explica Adinei.

Mercado atual no País
Para o diretor da Anserve, verificada a tendência de queda no faturamento, principalmente nos últimos cinco anos, acrescidos do aumento dos custos principalmente da mão-de-obra, existem operações em alguns hotéis que não cobrem mais os custos, sendo as despesas fixas com colaboradores o principal entrave atualmente.

Em casos mais específicos se disponibilizam produtos em geladeiras próximas à recepção na modalidade de auto serviço, inclusive com pratos congelados que substituem o Serviço de Quarto, dispensando-se a necessidade de pessoal para o atendimento, pois a própria equipe do front cobra ou lança na conta do hóspede.

"Muitos hotéis buscam a terceirização pois estão tendo prejuízos na operação. Como terceirizados também estamos caminhando para prejuízo na operação que mantinha esta tendência, talvez no médio ou longo prazo será inviável realizar a operação", finaliza Botjuk.

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