Para Orlando de Souza, presidente do São Paulo Convention & Visitors Bureu, seria ingenuidade querer transformar São Paulo numa cidade de lazer. Afinal, seu foco é o turismo de negócios. No entanto, é perfeitamente possível incentivar as pessoas a visitarem a capital por razões culturais. Quem viaja para trabalhar, também pode prolongar a estada. Afinal, opção para se divertir no local é o que não falta – se engana quem pensa que Sampa é só trabalho, trânsito, concreto.

Quem visita a cidade pode escolher entre 12,5 mil restaurantes de 52 tipos diferentes de cozinha. Se a preferência estiver nos bares, o leque de opções também é intenso – são aproximadamente 1,5 mil, para todos os gostos. Teatro? Em 120 você pode escolher uma ou mais peças para incrementar os dias culturais, isso sem contar 71 museus, 280 salas de cinema, 39 centros culturais, 46 parques, 184 danceterias e nove casas de espetáculos. Estes números mostram que na paulicéia só não se diverte quem não quer.

Nesta entrevista ao Hôtelier News, Souza fala sobre turismo de negócios, visitantes e ações para atrair as pessoas ao turismo cultural, levando em conta a infinidade de opções de lazer e entretenimento que São Paulo oferece. Como ele mesmo diz, a capital paulistana é o lugar onde você encontra de tudo. Basta querer.
Por Karina Miotto



Orlando de Souza
(foto: Karina Miotto)

Hôtelier News: O principal foco da cidade é o turismo de negócios, certo?
Orlando de Souza: Certo, esta é sua principal vocação. Nas últimas duas décadas, a cidade trabalhou pra isso. No ranking da IECCA, importante associação de eventos internacionais, estamos em 27º lugar. Há um ano a cidade ocupava a 58º posição. E quanto mais bem posicionada, mais será lembrada para sediar eventos. Seria ingenuidade querer transformar São Paulo numa cidade de lazer.

HN: O número de visitantes na capital tem aumentado?
Orlando de Souza: Sim. Em 2004, tivemos 7,5 milhões de visitantes. Em 2005, nove milhões. Para este ano, estimamos receber dez milhões. De 2004 para 2006, o fluxo de eventos cresceu 200% – calculamos uma média de R$ 8 bilhões anuais em volumes de negócios. Só este ano, já fechamos 65 eventos apoiados e captados pelo convention.

HN: No caso de São Paulo, como o turismo de negócios pode ajudar a aumentar o fluxo de turismo de lazer?
Orlando de Souza: Por exemplo, em dez anos a cidade quadruplicou sua oferta hoteleira, além de aumentar o número de espaços para eventos e convenções. O turismo de negócios impulsionou o surgimento de diversas opções de lazer – até a quantidade de casas de shows cresceu. A indústria do entretenimento evoluiu a tal ponto que não existe nada parecido em toda a América do Sul e o turismo de negócios foi um dos responsáveis dessas boas mudanças.

 
Fachada do bar José Menino, na Vila Madalena. O bairro é conhecido por suas inúmeras
opções. À direita, Bar do Sacha
(foto:vilamada.com.br e bardosacha.com.br)

HN: É possível transformar a grande oferta cultural em produto turístico?
Orlando de Souza: Sim, isso é um desafio e já vem acontecendo, de certa forma. Vejo diversos receptivos trazendo pessoas à cidade para assistirem a shows e, quando terminam, levam todos de volta para casa. É gente que vem, vê o espetáculo e volta. Turismo de compras também tem potencial para atrair turistas. Portanto, interesse em conhecer outras coisas aqui existe. O que queremos é que as pessoas que vêm fiquem mais tempo. Que o executivo que comparece à trabalho prolongue a estadia, volte em finais de semana.


Bairros como Brás e Bom Retiro têm lojas de roupas a
preços muito mais baixos que em shoppings
(foto: terra.com.br)

HN: Como atrair estes turistas?
Orlando de Souza: Precisamos mostrar a essas pessoas que prolongar a estada pode ser muito interessante. É preciso criar produtos para que venham à cidade por tudo de bom que ela oferece: excelentes espetáculos, restaurantes, casas de shows, muitos bares e opções culturais e de entretenimento.


Museu do Masp, na avenida Paulista: para quem procura cultura
(foto: simpase.com.br)


Avenida Paulista – abaixo, à esquerda, está o Masp
(foto: accorhotels.com.br)


O Museu de Arte Moderna é um dos mais famosos
(foto: simpase.com.br)


Uma visita ao Mercado Municipal enche os olhos…
(foto: simpase.com.br)


São Paulo tem famosas áreas verdes, como o Parque do Ibirapuera,
que chega a receber 130 mil pessoas nos finais de semana…
(foto: simpase.com.br)


…e parques menos conhecidos, caso do Cidade de Toronto,
no bairro City América
(foto: Karina Miotto)

HN: A campanha “São Paulo é tudo de bom” é um destes produtos?
Orlando de Souza: Sim. Ficar torcendo para que as pessoas estendam a estada e até mesmo para que venham à cidade aproveitar todo o entretenimento que ela oferece não adianta. É preciso agir. Uma importante ação neste sentido foi a criação desta campanha, que começou a ser veiculada em janeiro em todo o Brasil nos principais meios de comunicação. Diversas parcerias possibilitaram a sua criação – se tivéssemos que pagar tudo, gastaríamos R$ 12 milhões. Nesta campanha, famosos como Ana Maria Braga, Luciano Huck, Luana Piovani e Regina Duarte apresentaram opções culturais e de entretenimento da cidade. Nenhum ganhou cachê. Todos toparam participar por amor à cidade.


Uma das frentes da campanha, com Luciano Huck
(foto: divulgação)

A campanha foi criada para mostrar que São Paulo realmente é tudo de bom – e esse nome é excelente, pois podemos trabalhá-lo de várias formas, em diversos segmentos: lazer, cultura, baladas, gastronomia, business. A primeira fase acaba agora e não podemos parar. A próxima campanha terá outros eixos, com mais famosos. Ainda não temos nada definido, mas ela deve continuar.

HN: E você, gosta de São Paulo?
Orlando de Souza: Muito, apesar de não ter nascido aqui. Sou de Araraquara e, de todas as cidades que morei, São Paulo é a que estou há mais tempo. O que mais gosto é que a cidade te dá a sensação de que você pode fazer tudo, pois opções não faltam. Basta querer fazer e pronto, você faz. Eu, por exemplo: faço esportes ao ar livre, vou à academia, restaurantes, adoro conhecer novos bares… e olha que costumo conhecê-los durante a semana mesmo, não preciso esperar sábado e domingo chegar. Se me dá na telha de sair do trabalho numa quarta, sei que tem algum bar legal por aí.

Serviço
www.visitesaopaulo.com