Caricatura de Orlando Giglio na parede do seu escritório
no Rio de Janeiro
(fotos: Rhaiane Sodré)
 
No ano de 2002, um brasileiro percebeu que a beleza do rio Amazonas não possuia uma embarcação que representasse sua força como um destino atrativo. Acreditando que a região era propícia para o turismo receptivo foi buscar na Europa modelos de barcos para serem construídos no Brasil.
   
Ao gerar empregos e recursos para o país, o projeto, que neste momento já tinha um sócio espanhol envolvido tomou proporções maiores pela sua qualidade tornando necessário uma companhia hoteleira para realizar a administração do produto. Daí o surgimento do Dom Miguel Fluxá, presidente do grupo Iberostar, como sócio majoritário.
 
Em 2004, nasce o barco-hotel Grand Amazon, um luxuoso empreendimento que realiza cruzeiros pelos rios Negro e Solimões com saídas de Manaus, e com conforto de um meio de hospedagem cinco estrelas. As idas e vindas para o Brasil fizeram Dom Miguel perceber o grande potencial do país para o turismo.
 
“A atividade era insipiente e, como até hoje, não era levada a sério como contribuinte do PIB como deveria. Não existia Ministério do Turismo, apenas a Embratur. Uma visão a longo prazo permitiu que a Iberostar acreditasse na possibilidade de crescimento na Bahia, destino que na época era governada por um profissional interessado pelo turismo e tinha como característica apelos naturais propícios para receber demanda da Europa. Em 2005 as obras da primeira parte foram colocadas em prática. O investimento total estimado era de USD 250 milhões”, explica Orlando Giglio, primeiro colaborador brasileiro do grupo e diretor da rede no Brasil.
 
 
 
Foram 14 meses de construção para que a primeira fase do Iberostar Bahia com 406 apartamentos ficasse pronta em junho de 2006. “A chegada da rede, que possui 105 hotéis pelo mundo, foi um marco para a hotelaria brasileira. Foi feito um investimento alto em decoração, além de inovarmos e movimentarmos o mercado com um empreendimento de grande magnitude no sistema all inclusive”, acredita Giglio. Atualmente, o resort opera com 632 acomodações, cinco piscinas, cinco restaurantes, spa, heliponto, salas de convenções e outros inúmeros serviços.
 
O segundo empreendimento na Bahia foi concluído em 2008. O Iberostar Praia do Forte que conta com 536 apartamentos já entrou no mercado conquistando o prêmio de resort do ano do Guia Quatro Rodas 2009, o que dispensa maiores comentários.
 
A equipe do Hôtelier News visitou Orlando Giglio no escritório da Iberostar no Rio de Janeiro. O botafoguense de coração e hoteleiro de corpo e alma contou um pouco da história da rede espanhola no Brasil e os projetos futuros. O grupo, existente há 70 anos, que movimentou o país desde sua chegada, promete não parar por aí e buscar a realização de novos investimentos em terras brasileiras.
 
Por Rhaiane Sodré

 
 
Hôtelier News: Como tem sido o ano de 2009 para a Iberostar? O resultado do primeiro semestre foi satisfatório em comparação com 2008?
Orlando Giglio: Foi menor em relação a 2008 no volume de hóspedes. A crise nos afetou, mas temos que levar em consideração que no ano passado só tínhamos o Iberostar Bahia com 632 apartamentos. Duplicamos a capacidade com o Praia do Forte, que possui 536 acomodações. Verificando a situação e o panorama mantivemos o resultado. O mês de junho foi o pior da Iberostar no Brasil por causa da suspensão de voos charter originados da Europa. No somatório de janeiro a junho não registramos nada fora do previsto, uma vez que buscamos sempre crescer. A média do complexo dos dois hotéis foi de 67%, até o final do ano esperamos passar dos 70%.
 
H.N: O Iberostar Praia do Forte foi inaugurado no final do ano passado. O resultado de ocupação tem sido favorável? Foram os estimados?
Giglio: Vem surpreendendo até porque com a abertura e ampliação do centro de convenções podemos passar a atender uma maior gama de clientes compensando a falta dos voos charter. É um mercado muito novo, não temos comparativos. O grande crescimento tem sido nos eventos de lazer e negócios. Já no barco, novos mercados estão sendo explorados como a terceira idade e premiações de empresas.
 
 
H.N: Há previsão de novos investimentos nas unidades já existentes? E em novos empreendimentos?
Giglio: Temos um terreno em Salvador, na praia de Stella Maris, mas ainda não foi decidido o que será feito. Realizamos investimentos recentes no spa do nosso empreendimento na Bahia, e futuramente construiremos mais um salão de convenções para 750 pessoas até março de 2010, na Praia do Forte, além da tenda mix que está sendo efetuada. O momento é de preparo para o Iberostate.
 
H.N: A rede não continuou a administrar o antigo Le Meridien no Rio. Haveria interesse em um novo hotel na cidade? E em outros destinos?
Giglio: A Iberostar participou das negociações. Assumimos seis meses e fechamos para reformas, entretanto a companhia proprietária (Previ) optou por desfazer o contrato e vender o prédio. Fizemos propostas, mas não era interessante no momento para a rede. Isso não quer dizer que não tenhamos interesses ou que estamos fechados para negociações tanto para administrar, quanto para a compra.
 
 
H.N: Acredita que o Rio de Janeiro é uma boa opção de investimentos mesmo diante de tanta concorrência?
Giglio: Tenho 18 anos como hoteleiro na cidade e ainda sou do tempo em que se procura 10 hóspedes para cada apartamento e uma média de 90% de ocupação. Considero o Rio como um ícone no país e internacionalmente, além de ser um destino propício para o crescimento, mas é necessário mudanças na infraestrutura da cidade. O Iberostar no Rio buscaria seu diferencial para atender a demanda da cidade trabalhando com o lazer e corporativo sem ser all inclusive.
 
H.N: Em quais destinos brasileiros você enxerga potencial para o turismo?
Giglio: Pantanal, Foz do Iguaçu e Recife. Mas como disse anteriormente, a rede Iberostar também tem muito interesse no Rio de Janeiro.
 
“A rede programa complementar as atrações oferecidas na Bahia com um empreendimento de uma das suas marca, a Grand Coletion. O projeto imobiliário Iberostate, integrado ao Iberostar Praia do Forte, ficará pronto no segundo semestre deste ano. Serão comercializadas casas e apartamentos de luxo com estrutura separada do hotel oferecendo lojas, parque aquático e centro comercial”

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
H.N: Qual é o diferencial da Iberostar?
Giglio: A nossa intensa busca em surpreender e encantar o hóspede, além dos serviços de qualidade oferecidos e a nossa estrutura. Temos uma praia maravilhosa, diferentes opções gastronômicas e de lazer, grandes atrações e shows diários.
 
H.N: Mencione o principal mercado para a Iberostar e o perfil dos hóspedes? Existe alguma ação para atingir novos nichos?
Giglio: A rede é uma empresa familiar com visão de reinvestir os lucros em seu próprio negócio. O corporativo é importante, mas o conjunto familiar é o principal segmento. A representação do mercado estrangeiro é de 20% ficando o restante dividido entre o público interno com destaque para as capitais e o interior de São Paulo, Minas Gerais, Brasília e Goiânia. Esperamos elevar a procura dos destinos Porto Alegre e Rio Grande do Sul.
H.N: Metas e ações para o segundo semestre deste ano?
Giglio: Recuperar o que não ganhamos no primeiro semestre, pois acreditamos que o segundo será mais estável e não tão volátil. Iremos investir em eventos sociais de grande porte, como campeonato de triatlon, show do Timbalada, torneio de golfe, festa do reveillon.
 
Curiosidade
Abaixo alguns consumos médios mensais do complexo Iberostar na Bahia.
 
H.N: Quais os canais usados para a comercialização dos hotéis? Quantos colaboradores existem na equipe de vendas?
Giglio: Trabalhamos com 30 colaboradores nos setores de reservas, marketing e grupo de eventos. Temos um diretor comercial e de Marketing para a América Latina, um gerente de Marketing, um comercial, escritório de vendas em São Paulo, Salvador, e no Rio para atender as regiões sudeste e centro-oeste, além de uma área de reservas na Bahia e Manaus.
Nossos grandes aliados no início foram as operadoras brasileiras e internacionais. Hoje podemos dividir a representação das vendas entre as agências daqui (50%) e as de outros países junto com outros canais como internet e eventos.
 
 
H.N: Qual a melhor maneira de atrair turistas?
Giglio: Depende do momento. Acredito que um bom começo é estar sempre atento às tendências do mercado para buscar inovações  e alcançar os desejos dos clientes para satisfazê-los.
H.N: Grandes shows são promovidos pela Iberostar. A ação tem garantido saldos interessantes? Existem outras atrações previstas? 
Giglio: Gera resultados satisfatórios por conseguirmos agregar inúmeras atividades num único local, e também por atrair um público habitual em busca de novidades, como hóspedes que acabam sendo atraídos pelo evento.
 
Iremos receber, em setembro, o grupo Timbalada e, em novembro, a Associação Brasileira de Golfe Senior para comemorar os seus 30 anos.
 
H.N: Como é feita ação de marketing da rede?
Giglio: Agimos em três grandes níveis de atuação: trade/consumidor/consumidor direto. Temos suporte em campanhas promocionais, realização de eventos e apoio da assessoria de imprensa externa. O marketing internacional da rede também participa de inúmeras feira para divulgar o nosso produto. Quem não é visto, não é lembrado.
 
H.N: Com tantos resorts no Nordeste, como se destacar da concorrência?
Giglio: Temos o apelo de sermos um produto novo e em constante renovação. A grandiosidade da infraestrutura e dos serviços oferecidos reforça a ideia de não nos preocuparmos com os custos gerados, mas sim em conquistar os clientes mais exigentes.
 
H.N: O que os hóspedes mais gostam? Qual é a frequência deles?
Giglio: Elogiam muito o ambiente, decoração, apartamentos, piscina e diversidade da alimentação oferecida. Temos o índice de retorno acima de 40%.
 
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