Othon Palace Hotel dá seus adeus definitivoCercado por Martha Bezerra de Mello e Bruno Heleno, dos Hotéis Othon, o prefeito João Dória descerra a placa da nova sede da secretaria

A despedida definitiva do Othon Palace Hotel foi oficialmente hoje (26) pela manhã. Depois de dois anos de obras, o icônico edifício na Rua Líbero Badaró deixará saudades. Hóspedes famosos como Yuri Gagarin, a Rainha Elizabeth II e Ella Fitzgerald dão lugar a 1,3 mil servidores da Secretaria Municipal de Finanças e Desenvolvimento Econômico de São Paulo. A cerimônia de inauguração da nova sede da pasta teve presença do prefeito João Dória, além de representantes dos Hotéis Othon, como Martha Bezerra de Mello (neta do fundador), e Bruno Heleno, gerente geral corporativo de Vendas e Marketing.

“Cumprimentamos os empreiteiros pela obra, que está muito bem feita. Ainda há alguns andares que necessitam de acabamento, mas está tudo muito bem feito”, afirmou o prefeito. “Gostaríamos de enfatizar a economia que a mudança proporcionará, que chega a R$ 10 milhões ano, sendo R$ 7 milhões só de custos de locação”, completou Dória, lembrando que a secretaria ocupava outros edifícios alugados espalhados pela cidade.

O prefeito também ressaltou a relevância do Othon Palace Hotel para a hotelaria paulistana. “Este foi o melhor hotel de São Paulo durante uma época. Chegou a ser um dos 300 melhores do mundo. Eu mesmo vim várias vezes aqui com meu pai. Na cobertura funcionava o melhor restaurante de cozinha francesa do Brasil”, disse o prefeito. “No Othon, reis, príncipes, chefes de estados, ou seja, figuras importantes que visitavam São Paulo, hospedavam-se aqui. Então, o prédio tem uma história muito importante, com uma arquitetura bonita e representativa do passado da cidade, e que está sendo preservada pela reforma”, acrescentou.

Othon Palace Hotel - ambientes O lobby e o resaurante do Othon Palace eram locais concorridos nos anos 1950 e 1960.

Othon Palace Hotel: história 

Fechado desde 2008, o antigo Othon Palace Hotel foi declarado pela prefeitura de utilidade pública em 2009. Um acordo de venda, por meio de desapropriação, foi homologado em 2012, por cerca de R$ 42 milhões, de acordo com o que foi divulgado na imprensa na ocasião. Entre o fechamento do empreendimento e o início da reforma, o prédio foi invadido por 200 pessoas vinculado ao MLMD (Movimento de Luta por Moradia Digna).

A reforma durou dois anos e consumiu cerca de R$ 63 milhões, financiados pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), com recursos do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).

“Encontramos o prédio em situação muito ruim internamente. Para adaptar o imóvel para receber a secretaria, por exemplo, foram feitas intervenções estruturais, como reforço da laje em alguns andares”, descreveu Walter Makhohl, dono da Makhohl, escritório que conduziu a reforma. “Os estudos iniciais demoraram um ano e as obras perto de dois anos, começando em paralelo aos estudos”, completou.

Com linhas modernistas, o edifício foi projetado em 1947 pelo arquiteto Philipp Lohbauer. Com 26 andares, além dos dois subsolos, o empreendimento foi construído pela família Bezerra de Mello ao longo de sete anos. Como destacado por João Dória, foi durante décadas o hotel mais luxuoso da cidade. No 25º andar ficava o restaurante Chalet Suisse, ícone da gastronomia francesa no País.

O atendimento era um ponto alto do Othon Palace HotelEquipe treinada: o atendimento era um ponto alto do Othon Palace Hotel

Com o aumento da competitividade e a posterior migração dos principais hotéis de luxo para outras regiões da cidade, caso da Berrini, o Othon Palace Hotel foi perdendo mercado e relevância. O fechamento, e a posterior venda para a prefeitura de São Paulo, acabou sendo um caminho natural, destacou Bruno Heleno, dos Hotéis Othon.

“A questão da região foi determinante. Houve uma mudança de eixo na hotelaria de luxo da cidade e o empreendimento deixou de ser tão atrativo”, afirmou. “Investimos bastante no Rio Othon Palace quase na mesma época da venda, então o negócio fez bastante sentido para empresa”, acrescentou.

Mesmo tendo um empreendimento na região da Berrini, Heleno conta que os Hotéis Othon têm o desejo de voltar com sua bandeira de luxo para a capital paulista. “Não há nenhuma negociação em andamento, mas é um objetivo retornar com a Othon Palace para cá. Continuaremos avaliando o mercado em busca de uma oportunidade”, concluiu.

(*) Foto de capa: Hotelier News

(*) Fotos na matéria: Divulgação/Hotéis Othon