Com 20 anos de experiência em hotelaria, Paulo Benedet está de volta, desde abril, ao comando do Grand Hotel Rayon, no centro de Curitiba (PR). Anteriormente, já havia trabalhado para o empreendimento durante quatro anos e meio. Entre outras coisas, nesta entrevista o profissional fala de sua carreira e do projeto de revitalização do hotel.

Por Cristina d’Azevedo


Paulo Benedet durante entrevista
com o Hôtelier News
(foto: Cristina d’Azevedo)

Hôtelier News: Como iniciaste a trajetória em hotelaria?
Paulo Benedet: Eu comecei em hotelaria em 1986 no Sheraton Mofarrej, em São Paulo. Fiquei lá até 89, quando vim para Curitiba trabalhar no Slaviero, que foi a minha primeira experiência como gerente geral, onde trabalhei durante três anos. Fui para uma empresa organizadora de eventos minha e, em 97, vim para o Rayon. Estive aqui até setembro de 2001, quatro anos e meio ao todo. Saí e fiquei por mais quatro anos e meio fora, praticamente todo o tempo na Blue Tree. Em janeiro, me pus à disposição do Rayon e, em abril, acabamos nos entendendo para eu voltar para cá.

HN: Por que o Rayon?
Paulo Benedet: Confesso, sem demagogia, que sempre tive um carinho muito grande pelo Rayon porque foi onde pude desenvolver uma série de coisas que acreditava em Hotelaria e que acabaram dando certo.

HN: Desde que assumiste, o Rayon está em processo de revitalização. Quais são os objetivos da iniciativa?
Paulo Benedet:  Na verdade, é um processo de revitalização completo. O Rayon era ligado à uma cadeia internacional de hotéis de luxo independentes, inclusive em 2000 ganhou um prêmio mundial de qualidade de serviços. É essa posição que nós queremos resgatar.

HN: O que se tem feito para isso?
Paulo Benedet:  Agora mesmo terminou um processo de treinamento de pessoal, de mais ou menos 90 dias. É um processo de postura comercial também, mais competitiva, mais aberta e flexível para negociações, com oferta de novos espaços. Então, esse projeto de revitalização é muito mais do que reformas, é um resgate de uma posição que a gente já teve, tomando todos os cuidados com a personalização do serviço.

HN: Quais ambientes foram modificados?
Paulo Benedet:  A sala de reuniões foi totalmente revitalizada, está de acordo com a concepção que a gente quer. É um projeto do Julio Pechman, um dos arquitetos mais famosos e bem conceituados de Curitiba, que revitalizou também o restaurante franco-italiano Galla, que atende jantar. A boate, o lobby e os salões de convenções também foram totalmente modernizados.

HN: O que ainda falta ser feito?
Paulo Benedet:  Vamos fazer ainda os 136 apartamentos, incluindo as sete suítes. A única coisa que não havia sido contemplada era a área de lazer, que contará com academia. Da mesma forma, a piscina está sendo reformada a fim de melhorar a filtragem da água. A revitalização dos quartos deverá estar concluída em agosto.

HN: Que novidades podem ser aguardadas?
Paulo Benedet:  Tem muita gente que já tem andar feminino, mas eu quero que a gente desenvolva em termos de serviços, além da estrutura física para um andar feminino e decoração adequada, especificidades como por exemplo uso de água de cheiro para pôr na roupa de cama que seja condizente com o aroma que a cliente preferir.

HN: O que difere o Rayon dos demais concorrentes?
Paulo Benedet: 
Por exemplo, para um hóspede que já esteve no hotel, a gente está tendo o cuidado de, na véspera de uma nova estada dele, avisar inclusive sobre o clima durante sua estadia em Curitiba, para que ele possa fazer a mala de acordo esta informação. Se a gente manda uma cortesia de queijos e vinhos, utiliza o vinho que ele pediu no restaurante da última vez que esteve no hotel. Vamos começar em julho com o guest service, que é justamente a personalização do serviço, adequando a cada cliente.

HN: Que outros cuidados podem ser citados?
Paulo Benedet:  Alguns produtos de núpcias são um pouco mais elaborados. O tratamento para estrangeiros contempla a cultura original e oferece algumas coisas da nossa cultura, que são muitos singelas, como uma miniatura de cachaça ou um kit de caipirinha para ele poder levar. Para o oriental, é muito importante ter chaveiro no apartamento. Então, a gente tem esse cuidado.
Na equipe de recepção, queremos ampliar o número de pessoas que falem outros idiomas, além de português, espanhol e inglês. Nós temos um profissional que fala e escreve chinês mandarin e do Cantão. Temos também uma pessoa que fala e escreve japonês, que é brasileira. Queremos contemplar outros idiomas que têm a ver com a demanda em Curitiba, principalmente o italiano, o alemão e o chinês.

HN: O Rayon recebe muitos estrangeiros?
Paulo Benedet:  Hoje, em torno de 30% dos hóspedes são estrangeiros. Eu acho que é uma tendência isso aumentar ainda mais porque o produto um pouco mais sofisticado é muito acessível para o estrangeiro, que trabalha com moeda forte.

HN: O que mais pode ser destacado?
Paulo Benedet:  Apesar de se manter um hotel clássico, depois de terminado esse processo de revitalização, ele passará a ser o melhor apartamento em termos de inovação tecnológica e a ter uma série de requintes e serviços que outros não têm.

HN: Existe a possibilidade de o Rayon se associar à alguma bandeira?
PPaulo Benedet:  O Rayon elegeu fazer carreira solo, até pelas suas particularidades e peculiaridades. A concepção de rede é de um tratamento mais padronizado e isso não vem exatamente ao encontro daquilo que o Rayon acredita que deva oferecer ao mercado e que o mercado esteja necessitando.

HN: Como competir com as grandes redes?
Paulo Benedet:  O que o Rayon tem consciência é que o acesso aos mercados em um projeto exclusivo de um hotel fica muito mais difícil, mas viabilizar executivos de vendas nas principais cidades do país é possível até mesmo para um hotel independente. Eu ainda não posso dizer exatamente quais, mas nós estamos nos associando a parceiros que vão nos colocar em todos esses mercados em uma posição de destaque.

HN: Qual o envolvimento do Rayon com a comunidade?
Paulo Benedet:  Existem alguns benefícios fiscais em Curitiba que permitem a gente destinar parte dos tributos municipais para essas ações sociais e tem uma preocupação muito grande do hotel em incentivar a cultura, um projeto que envolve uma série de ações – o ubernauta, o astronauta do espaço urbano. Tem comunidades de pessoas idosas e institutos de cegos em que há contribuições do hotel quando não em espécie, em produtos. Existem também as parcerias nas feijoadas beneficentes, que são feitas a cada semestre em benefício da Fundação Pró-Renal e do Hospital Pequeno Príncipe.