O Rio Convention & Visitors Bureau tem 26 anos de atuação no mercado com o objetivo principal na promoção, inclusive internacionalmente, do Rio de Janeiro. A atividade contribui para a captação de eventos corporativos e a conquista de mais turistas para o destino, movimentando assim a economia local.
 
Com Paulo Senise há cinco anos à frente da diretoria executiva, a entidade possui atualmente 156 mantenedores do setor turístico divididos em 17 categorias, dentre hotéis, agentes de viagens, organizadores de eventos, shopping centers, restaurantes e centro de convenções. Nos últimos três anos, o número de parceiros cresceu 40%, inclusive com a adesão de novos segmentos.
 
Equipe do Rio CVB na comemoração dos 25 anos da entidade, realizada em 2009 no Rio Scenarium
(fotos: Rhaiane Sodré e divulgação)
 
Inspirado com a leitura de um livro sobre hotelaria que contava o dia a dia de um gerente geral, Senise deixou um projeto de escola de inglês no Paraná para desembarcar no Rio de Janeiro, em 1975, com 18 anos. Após uma estada no antigo Hotel Nacional, ícone da hotelaria devido a sua estrutura arrojada projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer, o executivo decidiu ficar.
 
A leitura de um livro despertou uma nova 
vocação em Paulo Senise
 
No mesmo ano que iniciou graduação em Turismo pela CUP, faculdade formada pelo corpo docente da PUC, Senise conseguiu uma oportunidade como recepcionista no então Hotel Nacional. Sua dedicação à atividade garantiu promoções e o fez chegar ao cargo de gerente de Reservas. De lá, o profissional seguiu para o Sheraton Rio e permaneceu, dentre idas e vindas, por oito anos na rede. Um dos seus principais desafios foi atuar como diretor de Vendas e Marketing para o Brasil. 
 
Dentre outras experiências de Paulo Senise estão: diretor de Vendas Brasil para o InterContinental Rio, diretor de Marketing para o RioTur e para a Kontik Fanstur (operadora de turismo do Banco Econômico).
 
“Resolvi deixar a hotelaria para atuar em uma área que me desse a oportunidade de representar a cidade que me identifico. Ao invés de vender apenas um empreendimento passei a representar toda a cadeia produtiva do turismo, com uma produção que reflete em 54 setores”, declara Senise. 
 
Pão de Açúcar, um dos cartões postais do Rio que
é apresentado no material de divulgação da cidade
 
A fundação de direito privado sem fins lucrativos mantida pelas empresas do setor turístico fornece material promocional que engloba informações sobre a cidade do Rio de Janeiro e das empresas mantenedoras do Rio CVB, apresentando sua infraestrutura. A entidade também tem como objetivo fornecer apoio institucional à captação e realização de congressos e eventos no destino e realiza a atividade por meio da promoção e divulgação do Rio, tanto no Brasil como no exterior. Participação em feiras e recepção de jornalistas são outras iniciativas.
 
A sua diretoria é formada por:
Michel Chertouh – presidente e também gerente geral do InterContinental Rio
Luiz Antonio Raposo – vice-presidente executivo
Alfredo Lopes – presidente curador e também presidente da ABIH-RJ
Manuel Vieira – vice-presidente curador
 
Confira abaixo o agradável bate-papo com Paulo Senise, que nos recebeu na sede do Rio CVB, em Botafogo.
 
Por Rhaiane Sodré
 
Hôtelier News: Como é o trabalho do Rio Convention & Visitors Bureau?
Paulo Senise: É estratégico e em conjunto. Uma sinergia entre alguns setores, como Embratur, TurisRio e empresários locais, contribui para bons resultados. Em 25 anos conseguimos captar 325 eventos com esforços diretos. Segundo o ICCA, em 2009, atingimos o 26º lugar com a realização de 62 eventos. Acredito em um crescimento de 5% para este ano.
 
Temos dois departamentos focados em diferentes segmentos, sendo um de captação de congressos e eventos e outro para propor parcerias com a entidade, atividade essencial para a existência da mesma. Pesquisas são elaboradas para verificarmos as oportunidades de lançar o Rio como sede de um evento. Analisamos também a concorrência e os impactos na internet.
 
 
 
HN: Quais são os projetos atuais em andamento na entidade?
Senise: Dentre alguns deles, estamos apoiando iniciativas para o aumento das ofertas de voos diretos para o Rio de Janeiro. Em novembro iremos para Londres promover uma nova frequência de Frankfurt, por exemplo. O trabalho que foi realizado durante a última Copa do Mundo na África do Sul está tendo continuidade com um foco no momento nas agências de viagens. A presença nas feiras é uma atividade constante.
 
Interessado em transformar o Rio em um destino para locação de filmes, firmamos uma parceria com a Rio Film Commission para trabalhar na captação de produções audiovisuais. O potencial desse nicho de mercado é extraordinário, já que o período de permanência das equipes de filmagens, entre pré-produção e gravações, pode chegar até sete semanas, gerando, a cada produção, cerca de US$ 500 mil em negócios para o turismo local.
 
HN: E as futuras metas do Convention?
Senise: Conseguir uma boa atuação neste convênio firmado com a Rio Film Comition. Também temos interesse em buscar novos mercados emergentes com grande potencial de crescimento para o turismo de lazer, como a Índia e Rússia.
HN: Muitos destinos turísticos do Estado passaram a ter um Convention. É fundamental que uma cidade tenha este serviço em conjunto com os empresários do setor?
Senise: Não é toda cidade que comporta. É necessário ter uma instalação que justifique, como hotelaria, espaço para eventos. Os principais destinos estão contemplados e totalizam nove. Outros podem se estruturarem e vir a ter.
 
 
HN: Fale um pouco sobre a importância da conquista dos Jogos Mundiais Militares 2011, Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016.
Senise: Eventos importantes geram visibilidade e demanda por consequência. A cidade já está recebendo solicitações de seminários, visitas e inspeção que foram desencadeadas pela Copa de 2014. A marca Rio criou uma força maior e desde a candidatura da cidade estamos usando essa vantagem competitiva e cada vez mais ela poderá ser aproveitada.
 
O Rio CVB participa diretamente dessas conquistas por meio de análise dos requisitos para sediar eventos em conjunto com a entidade de classe anfitriã, desde o auxílio no preparo do Dossiê de Candidatura e elaboração de cartas de apoio institucional de órgãos oficiais de turismo.
 
Fazemos as apresentações necessárias, como infraestrutura, cultura, esporte, para os representantes e realizamos contato nacional e internacional com jornalistas.
 
Aproveitamos também a Copa deste ano para apresentar nosso produto. Uma parceria da Riotur, TurisRio e o Convention levou um pouco do Rio de Janeiro e seus atrativos gastronômicos para Joanesburgo, que foi uma das principais sedes do campeonato mundial. Na ocasião foi montado um boteco temático com as características dos bares cariocas durante um mês na cidade.
O local foi todo decorado com as cores brasileiras, além de contar com painéis e exibição de vídeos com atrações turísticas do Rio. Além disso, foram realizadas ações promocionais, como distribuição de brindes e material de divulgação. 
 
HN: Na sua opinião, a hotelaria carioca está pronta para receber os turistas que serão gerados com os grandes eventos esportivos. Há tempo hábil para ampliação do número de leitos?
Senise: A prefeitura local se movimentou e regulou medidas que incentivam a oferta hoteleira. Temos o desafio de ampliar em até 10 mil unidades habitacionais para atendermos de forma confortável o turista. Acho muito positivo esse momento, pois estimula o mercado. E não acho que a oferta adicional vai estar em desequilíbrio com o crescimento.
 
A hotelaria cresce 1 mil acomodações por ano e, se forem construídas 10 mil em cinco anos, acredito que será de forma projetada e com uma demanda mais acelerada. A grande visibilidade do destino permite uma força maior na captação de outros eventos, o que consentirá um convívio positivo com a oferta adicional, sem colocar em risco a existente.
 
A cidade conquistou eventos que são sonho de consumo do mundo. É um momento muito oportuno para o setor privado participar dos esforços comuns, investindo mais no seu próprio negócio. O turismo é uma atividade que não tem risco de extinção, só entra em decadência se o destino perder o foco no bom atendimento ao turista. Primeiro vendemos o destino, uma vez feito que os diversos setores vão disputar os fornecedores.
 
 
HN: Como você vê o turismo do Rio de Janeiro atualmente?
Senise: A cidade oferece atrativos para cada segmento e o conjunto de todas é o que a torna especial. Acredito que se o Rio foi escolhido como sede não é porque tem o equipamento necessário e poderá cumprir as datas estipuladas, mas porque o destino como um todo proporciona confiança por causa da diversidade de atrativos. Ela gera convicção ao organizador de eventos por agradar nacionalidades, culturas e faixas etárias diferentes.
 
HN: Em relação aos pontos negativos. Há alguma melhoria necessária?
Senise: Sim. A sinalização turística de todo o Brasil é carente, assim como a capacitação dos profissionais do atendimento, que muitas vezes não falam outros idiomas. Na questão dos aeroportos, por exemplo, estamos atrasados em relação aos concorrentes. Em relação à segurança na capital fluminense é notória a melhoria.
 
O Cristo Redentor abençoa o Rio de Janeiro
e recebe inúmeros turistas
 
HN: Os preços dos hotéis no Rio são considerados altos diante de outros destinos. Isto é um fator prejudicial na captação de eventos?
Senise: É um destino caro, mas oferece um retorno pelo custo. O Rio não é vendido pelo preço, mas pelo que proporciona de valores culturais, belezas naturais e hospitalidade. A vida noturna também é destaque.
 
HN: Qual a maior procura atual de turistas na cidade? Lazer ou corporativo?
Senise: O fortalecimento da economia contribuiu para o crescimento do mercado business no Rio de uma forma despercebida da população, representando hoje 52% do resultado conquistado. A adequação de equipamentos e a visibilidade do destino fazem com que a procura pelo lazer seja positiva. Podemos atender os dois públicos, pois a cidade absorve bem e está preparada. Mesmo assim acredito sempre em uma melhora, como da frota de táxi e capacitação. O nível de atendimento dos hotéis, por exemplo, não é padronizado.
 
HN: Qual o destino que garante maior demanda de turistas para o Rio?
Senise: Em primeiro lugar está os Estados Unidos, seguido da Argentina e Europa, divididos entre Reino Unido, Alemanha, Itália e França. O mercado doméstico está em ascensão. A previsão é de que o Rio receba 4,9 milhões de visitantes este ano.
 
 
HN: Para finalizar, diga para o nosso leitor internauta qual a importância da ferramenta internet para o Rio Convention?
Senise: É um universo de oportunidades que buscamos o melhor aproveitamento. Ela oferece velocidade na divulgação, reduz custos e distância. A internet possibilita a entrada direta do mercado e a oportunidade de atingir o segmento internacional com mais facilidade.
 
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