pandemia- reaberturaHoje, 49,5% da população gostaria que a quarentena continuasse

Com a flexibilização da quarentena, a retomada do turismo começa a ganhar força, com número crescente de reaberturas. Porém, o afrouxamento das medidas parece preocupar grande parte dos brasileiros. É o que aponta a pesquisa realizada pela Hibou. O estudo levantou a visão da população sobre o momento de pandemia e o futuro do país em meio às decisões dos governos estaduais e federal.

Executando um papel de traduzir a perspectiva dos consumidores, a pesquisa pode auxiliar ainda na estratégia de vendas e possíveis mudanças no comportamento. Algumas exigências, inclusive, já foram temas de debate durante FOHI 2020, abrangendo também as tendências de consumo.

Ao todo, foram entrevistadas mais de 6 mil pessoas em todo o país, entre os dias 23 e 25 de junho de 2020. Dentre os participantes, haviam 57% mulheres e 43% homens, entre 18 e 80 anos, de classes sociais A, B e C. A pesquisa tem 98% de significância e 1.5% de margem de erro.

Pandemia: opinião em números

Dentre os resultados, a empresa constatou que 79% dos brasileiros foram a favor do fechamento de comércio e serviços quando a pandemia chegou ao país. Hoje, 49,5% da população gostaria que as portas continuassem fechadas, enquanto 26,1% são favoráveis a abertura. Aos que querem a volta das atividades, a justificativa não tem relação direta com seu trabalho ou consumo. Há os querem apenas "pelo bem da economia e direito de ir e vir".

A pesquisa questionou ainda que ações o entrevistado faria se fosse governador de seu Estado. Nas respostas, os campeões foram Testes gratuitos (80,2%), EPI para profissionais (79,0%) e uso obrigatório de máscaras (77,9%). Seguido da proibição de eventos, shows e cinema (74,1%), apoio ao pequeno empresário (73,5%) e isenção de pagamento de água e luz aos mais necessitados (67,7%). Ao todo, 33 medidas foram analisadas e as menos populares foram o rodízio diferenciado (21,7%), fechamento dos serviços (20,9%) e antecipação dos feriados (10,3%), estes últimos também com alta taxa de rejeição (31,6%, 25,4% e 44,3% respectivamente).

Quando questionados se eles manteriam todas as medidas no momento atual, foi possível notar quedas entre 1% a 8,8%. A maior variação sendo sobre auxílio salário para as empresas, de 47,4% a 38,6%. O que mostra que o brasileiro espera menos ações e austeridades agora que no início das ações de controle. Ainda que acredite que o pior da pandemia ainda está por vir: apenas 15,3% acredita que o pico da doença já ficou no passado. 40,7% considera hoje como o pior momento e 44,0% espera enfrentá-lo nas próximas semanas.

Houve um registro também de queda no apoio a outras ações governamentais. Por exemplo, no início da quarentena, 62,1% dos brasileiros eram a favor da suspensão das aulas. Hoje, apenas 56,2% manteriam a medida. Antes, a proibição de jogos de futebol era apoiada por 61,8%, hoje por apenas 56,6%. No início, 41,1% concordava com fechamento de aeroportos, e hoje somente 32,7% dos brasileiros manteriam a decisão.

Outro tema central do debate relativo ao coronavírus é a economia. E os brasileiros estão receosos, segundo a pesquisa. Pouco mais da metade (51,4%) acredita que o país deva levar entre 1 e 3 anos para se recobrar do impacto econômico, enquanto para 31,2% essa recuperação deve levar até 10 anos. 9,7% são mais otimistas, acreditando que um ano seja o suficiente para a retomada, enquanto 7,8% não contam com isso pelos próximos dez anos.

No âmbito governos estaduais, o apoio tem média de 54% dos entrevistados. E 51% acredita que eles têm tomado as medidas necessárias para proteger a população. Alguns Estados se destacam como Bahia, com 76% de apoio a seu governador e RJ com apenas 20%. Em SP, 55% dos paulistanos dizem apoiar o governador do Estado, onde 62% concordam que ele está tomando as medidas necessárias durante a pandemia.

Quando posto em comparação, 60,4% da população brasileira acredita que todos os países estão sofrendo impactos parecidos na economia. Enquanto 38,3% acredita que o Brasil está sofrendo mais que outros países. Para 1,3%, o Brasil sente menos impacto.

A pesquisa apresentou também aos entrevistados o case da Islândia, país que conseguiu controlar a contaminação do vírus rastreando contato de pessoas infectadas. O modelo dividiu os brasileiros, onde 49% acredita que o Brasil seria capaz de fazer o mesmo, e 51% acredita que não.

Em seguida, foi apresentado que o Brasil possui quase 10 vezes mais agentes comunitários de saúde que o que seria necessário para executar o mesmo processo. E em seguida, questionou os entrevistados por quais motivos tal solução não seria viável no país. As principais respostas foram: 69,0% dos respondentes acredita que a população não respeita e nem ajuda as iniciativas do governo. Seguido por 66,9% que acredita que a maioria dos governantes não toma atitudes eficientes. E ainda 47,7% enxergam que a desigualdade no país impede trabalhos desse tipo. Ao que 33,6% acredita que boa parte dos agentes públicos são funcionários fantasmas.

(*) Crédito da foto: Roberto Santini/Arquivo Pessoal