Classe emergente busca educação em outros países
(imagem: shoppingjoaopessoa.com.br)
 
O recrudescimento da insígnia classe C tem apontado resultados concisos em se tratando do setor turístico. Para se ter dimensão, a expectativa do Data Popular, instituto especializado em pesquisas para este segmento, é que os chamados emergentes movimentem, este ano, em R$ 11 bilhões a economia do turismo no País. Em 2010, eles representaram R$ 13 bilhões para a indústria de viagens, e sua participação total saltou de 18% para 34% em oito anos.
 
O coordenador do Centro de Políticas Sociais da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Marcelo Neri, afirmou recentemente que as famílias que sobem da classe D para C tendem a triplicar os gastos com viagens – haja vista que, comumente, mudar de classe leva consigo a ideia de que se mude de aspirações.
 
O Data Popular prevê que a soma de brasileiros que vão viajar pela primeira vez de avião este ano chegue a quase 9 milhões. Imbuído a esses dividendos, há alguns aspirantes que intencionam cruzar a fronteira e fazer jus a palavra emergente quanto à educação – buscando aprimoramento profissional em outros países, principalmente quanto a idiomas.
 
A agência de intercâmbio STB (Student Travel Bureau) diz que, mesmo que minguado, este mercado tende a ganhar efervescência dentro de 3 a 5 anos – com pessoas que, primeiramente, vão consumir turismo e, depois, programas como cursos de idiomas no exterior.
 
Isto é sim positivo para o País, levando em conta a imagem débil que permeia a educação brasileira. O próprio jargão de que a Copa do Mundo veio para enobrecer e expandir o turismo tupiniquim, presente na boca e no imaginário de dez em cada dez porta-vozes do setor, tende a se favorecer com isso – caso esses estudantes voltem ao País para atender à demanda proveniente dos mundiais esportivos e por aqui permaneçam.
 
Todavia, soa dúbio, em parte, que o brasileiro favoreça, seguindo a via de regra do que se desenha no País, a economia de outras nações – mesmo que a tendência ainda permaneça em estágio incipiente. “As pessoas da classe média usam o poder de compra para estudar no exterior, e não trabalhar, porque veem a educação como mecanismo de ascensão social”, articulou Neri, em entrevista ao O Estado de São Paulo.
 
A visão do especialista é uma tentativa de mundo ideal. Ainda assim, o nascimento de um cenário tão conciso e profícuo é precedido por uma longa gestação, por isso a necessidade de se refletir a que passos o País caminha neste sentido. Não há nuvem cinzenta que consiga embaçar o momento econômico que soa como tarde de verão por essas paragens; porém, o Brasil clama por continuidade desta estrutura desenhada com simbologia de pseudo-eficácia – notadamente, provendo desenvolvimento efetivo à população.
 
O cerceamento de uma educação com atributos de excelência é uma das barreiras que o Brasil carrega há anos e precisa findar caso queira amadurecer não somente no poderio econômico – mas também na construção de uma nação dotada de consciência quando o assunto é agregar cultura e aprimoramento ao que simboliza ascensão social.
 
Se ignorados tais pontos, o País e sua economia tendem a se ferirem neste contexto de incompatibilidade: com um povo que precisa buscar educação em outros países e, involuntariamente, favorece economias estrangeiras – muitas vezes já consolidadas. É questão de escolha, num problema que vem de cima – sem que tal afirmação tenha cunho religioso. O Estado precisa dispor meios para que a população se desenvolva culturalmente e, por conseguinte, fomente o amadurecimento de todo o País.
 
É assertivo dizer que classe C pode ser motor desta mudança, robustecendo o turismo e muitas outras áreas. Porém, a força motriz não parte dela e nem nasce da noite para o dia – uma peleja extensa e necessária que precisa figurar na pauta do governo.