O colombiano Max Eidelman acaba de assumir o posto de diretor da RCI para o desenvolvimento de produtos hoteleiros fracionados na América Latina e já viajou para o Brasil. Na semana passada a equipe do Hôtelier News se encontrou com o executivo para conhecer e entender melhor o conceito dessa novidade que chegará em breve ao país.

Graduado em Administração hoteleira pela Cornell University, nos Estados Unidos, o diretor conta com uma extensa experiência profissional, incluindo passagens pela Northcourse Leisure Real Estate Solutions, HVS International, HCI International, Hospitality Partners-Embassy Suites Chevy Chase Pavilion e diversos empreendimentos hoteleiros.

Confira abaixo a conversa com Eidelman e esclareça suas dúvidas sobre o novo projeto que, de acordo com o executivo, promete estourar no Brasil.

Por Thais Medina


Max Eidelman
(fotos: Peter Kutuchian)

Hôtelier News: Como funciona o projeto de empreendimento fracionado?
Max Eidelman: No sistema fracionado a pessoa compra um imóvel com outros sócios, normalmente de quatro a 12, e passa a ter escritura deste. A partir de então, é organizado um cronograma no qual os proprietários definem as datas que querem utilizar o local, que conta com serviços hoteleiros.

HN: Quais são os potenciais mercados deste tipo de produto no Brasil?
Eidelman: Estamos ingressando no país a fim de atrair dois tipos de público: pessoas que podem comprar uma segunda casa para lazer mas não têm interesse nesse investimento e jovens que querem luxo mas não têm dinheiro suficiente para ter um imóvel próprio na categoria dos empreendimentos fracionados.

HN: Qual a vantagem para o cliente de fazer parte do sistema?
Eidelman: Além de ser sócia na propriedade e ter escritura desta, o que não acontece quando a opção é por obter semanas no sistema de tempo compartilhado, a pessoa ganha direito de uso e a possibilidade de fazer intercâmbios para outros destinos por meio da RCI, podendo, contudo, conhecer destinos diferentes e se hospedar em outros empreendimentos.

HN: E qual a vantagem para o hoteleiro?
Eidelman: A vantagem é uma margem de lucro adicional que varia entre 30 e 40%, já que os proprietários precisam pagar um custo de operação e adicionais, como contratação extra de chef de cozinha, caso julguem necessário, e babás. As novas UHs contam com cozinha, mas estas não são muito utilizadas já que os “hóspedes” buscam comodidade. Além disso, quem viaja por esse sistema ou mesmo com tempo compartilhado costuma gastar mais que quem paga a diária.

HN: Qual a diferença entre o sistema fracionado e os condo-hotéis?
Eidelman: No fracionado há mentalidade de uso e investimento. Além disso, o proprietário conta com infra-estrutura suficiente para morar e tem escritura do imóvel. Já nos condo-hotéis, a mentalidade de compra é focada no investimento, tendo em vista que uma pessoa não consegue viver confortavelmente em uma UH de 30 ou 40 m². Para completar, os últimos são encontrados mais em destinos urbanos enquanto os empreendimentos fracionados e de tempo compartilhado são voltados a lazer.

  

HN: Há planos de incluir empreendimentos fracionados no Brasil?
Eidelman: Sim. A primeira unidade com vendas fracionadas será em Itacaré, na Bahia. Minha visita ao Brasil inclusive é para desenvolver esse projeto de construção, que deve durar entre 12 e 18 meses. Os apartamentos terão mais que 100 m² e contarão com pelo menos duas suítes e cozinha. A casa modelo já está pronta e à exposição no local e estamos definindo um lugar entre Brasília e São Paulo para montar outro ponto de vendas.

Certamente esse imóvel vai ser bastante importante para o Brasil e vai abrir caminho para unidades em outros destinos localizados no Nordeste, como em Porto de Galinhas (PE), por exemplo, e na região Sul, onde já há negociações da RCI. Além disso, vai ser bastante atrativo para os hoteleiros devido ao seu potencial de incremento no faturamento.

Uma vantagem é que a partir da comercialização – terá início ainda este ano – será possível ao proprietário, mesmo sem seu imóvel estar pronto, intercambiar e passar períodos em outros empreendimentos.

HN: Qual a meta de expansão desse projeto no país para os próximos anos?
Eidelman: Ainda em 2007 queremos conquistar três empreendimentos fracionados. A partir daí, nosso objetivo é de cinco unidades por ano, focando principalmente o Nordeste, a região central do país e o interior de São Paulo.

No futuro acredito que tanto o fracionamento quanto o tempo compartilhado e os condo-hotéis vão disparar no Brasil assim como aconteceu nos Estados Unidos e no Canadá, com registro de taxas de crescimento de 30% ao ano. É muito fácil para os brasileiros viajar pela América do Sul, já que não há necessidade de passaporte para alguns países.

  

HN: Que países da América Latina já contam com o sistema?
Eidelman: Considerando a América do Sul, há unidades distribuídas pela Argentina, Colômbia, Venezuela, pelo Chile e Equador. Apenas o México é sede de cerca de 35 estabelecimentos e na América Central o projeto também é bem aceito.

HN: Como está o desempenho global dos empreendimentos fracionados?
Eidelman: No ano passado as vendas fracionadas chegaram a US$ 1,7 bilhão, valor 30% maior que o de 2005. Comparando-se 2006 a 2005 o incremento foi de 40% na quantidade de resorts no sistema. Os projetos em operação já são cerca de 250 atualmente nos Estados Unidos, no Canadá e Caribe.

Serviço
www.rci.com
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