(foto: reprodução RCI Directory of Resorts)

Atrás de novas informações sobre férias pré-programadas e tempo compartilhado, batemos um papo com a Resorts Condominium International (RCI), empresa americana especializada e pioneira no assunto, que, aliás, acaba de lançar seu site em português. Quem nos recebeu foi o gerente de novos negócios Maurício Alexandre.

Por Karina Miotto


Maurício Alexandre
(fotos: Karina Miotto)

Hôtelier News: Quando surgiu a RCI?
Maurício Alexandre: Em 1974, nos Estados Unidos, graças ao movimento imobiliário, que começou a fazer uso do que hoje chamamos de tempo compartilhado. Em 1992 chegamos no Brasil.

HN: O que é tempo compartilhado?
Maurício Alexandre: É um conceito em que se dividem diferentes aspectos de um mesmo produto, imóvel ou unidade habitacional como o preço da compra, a manutenção e seu uso.

Surgiu na década de 60, na Europa, a partir do mercado imobiliário, quando pessoas queriam ter uma casa de campo, por exemplo, mas não tinham como comprá-la. Até que uma única casa foi dividida entre algumas famílias. Cada uma pagou o equivalente a uma semana ao ano no local e, assim, todos ganharam a casa de campo, sem a necessidade de fazer grandes investimentos.


Maurício Alexandre e o diretor geral da RCI para a
América do Sul Alejandro Moreno

HN: Como o tempo compartilhado chegou na hotelaria?
Maurício Alexandre: O conceito foi migrando aos poucos a partir do mercado imobiliário e ganhou força ao longo dos anos na hotelaria, onde adaptou-se muito bem. Hoje, é difundido internacionalmente. A RCI contribuiu muito para o crescimento sólido da indústria. Somos uma empresa intercambiadora de tempo compartilhado, pioneira no segmento, com mais de 4 mil resorts do total de 6 mil que atuam com tempo compartilhado em todo o mundo.

HN: Como funciona o trabalho da RCI?
Maurício Alexandre: Fazemos a ligação entre hotéis e consumidores para férias pré-programadas e consequentemente para vendas antecipadas de diárias. Cada hóspede que participa do programa em um dos empreendimentos que estão conosco automaticamente torna-se sócio.

Uma família que vá a um desses resorts afiliados pode comprar um programa que garanta sua reserva no hotel pelos próximos dez, 20, 30 anos. A família compra as férias por dez anos, vamos supor, em um resort X. Isso não significa que ela viajará só para aquele destino. Como temos muitos afiliados, poderá escolher um hotel entre diversas opções de países para aproveitar as férias. Chamamos isso de intercâmbio. Uma forma de negócio boa para os hotéis e agradável ao consumidor. Para mudar o local das férias, o consumidor paga apenas a taxa de intercâmbio e manutenção.

   
Maurício Alexandre e Moreno, entre um bate papo sobre o mercado e
a entrevista ao
Hôtelier News

HN: Como um empreendimento pode se afiliar à RCI?
Maurício Alexandre: Paga-se uma taxa de afiliação de US$ 15 mil por dez anos, renováveis por mais uma década. Também recebemos uma pequena porcentagem de cada contrato vendido.

HN: O consumidor tem diferentes tipos de programas para escolher na hora de fazer a compra das férias pré-programadas?
Maurício Alexandre: Sim. De acordo com o que for oferecido pelo hotel, poderá adquirir tanto o programa semana fixa, por exemplo – uma semana por ano garantida em um hotel durante uma ou mais décadas -, ou semana flutuante, que tem mais flexibilidade e permite que a viagem seja feita na alta, na média ou na baixa temporada. Se comprar a semana na alta, também pode viajar na média e na baixa. Se comprar na média, viaja também para a baixa. A vantagem é que as pessoas podem escolher uma semana para aproveitar as férias durante os meses que durem as temporadas. E, por fim, temos o sistema de pontos. Costumamos falar que funciona como um programa de milhagem ao contrário, onde o consumidor compra uma cesta de pontos que são trocados por diárias com base em uma tabela de resgate. A família compra uma quantidade de pontos que vão sendo descontados na medida em que ela viaja e em função de sua capacidade em número de pessoas. O público final poderá fazer um programa de férias pré-programadas e gastar entre R$ 12 mil e R$ 37 mil, no caso da compra de um programa no Brasil, por exemplo.

HN: E quais as demais vantagens para o consumidor?
Maurício Alexandre: Os sistemas de férias em tempo compartilhado são muito vantajosos, pois acabam tendo acesso a produtos superiores a custos bem inferiores aos praticados no mercado.

Tradicionalmente, o time share desenvolveu-se como braço de uma indústria imobiliária deprimida, migrando posteriormente para a indústria hoteleira. Assim sendo, existem muitas propriedades, principalmente no Exterior, que localizam-se em condomínos de casas, no estilo de uma segunda propriedade da família, algo como a casa de campo ou de praia. Desta maneira, o proprietário pode intercambiar suas semanas por casas completas, com capacidade para oito ou 12 pessoas, em pólos tradicionais do tempo compartilhado no mundo, como a Flórida, o Caribe ou as estações de esqui. Outra vantagem é a garantia, hoje, das férias no futuro, além da possibilidade de intercambiar sua propriedade por outras pelo mundo afora.


No diretório da RCI…


… informações sobre os afiliados em todo o mundo

HN: Como o consumidor pode tomar conhecimento de que o hotel em que está é afiliado da RCI?
Maurício Alexandre: Divulgamos os empreendimentos associados no nosso site, o www.rci.com, por campanhas junto à base de sócios e também via centrais de atendimento. O consumidor pode procurar um dos resorts afiliados para tomar conhecimento do tempo compartilhado. Por sua vez, o
s hotéis participantes convidam os hóspedes para uma apresentação de uma hora, mais ou menos, com direito a brindes para quem se interessar.

HN: E como um hoteleiro pode saber o quanto a afiliação à RCI pode ser vantajosa para o seu negócio?
Maurício Alexandre: Fazemos consultorias gratuitamente com o intuito de orientar quanto à melhor maneira de entrar no mercado, além de demonstrar os benefícios, em termos de resultados, em um breve período de tempo. Somos parceiros dos hoteleiros antes mesmo de entrarem no negócio. Depois que entram, seguimos lado a lado em uma relação de longo prazo.

HN: Qual é o público-alvo da RCI?
Maurício Alexandre: Hotelaria de alto padrão – resorts ou hotéis de muita qualidade. Fazemos controle do que oferecemos. Quanto ao consumidor, não é a classe AAA, está mais para a classe média alta. Primeiramente, pensamos em férias familiares, mas nada impede que um casal ou que pessoas solteiras façam parte do programa também.

HN: Por que este tipo de negócio não é tão difundido no Brasil?
Maurício Alexandre: Internacionalmente, é muito conhecido. Vacation Club, Holiday Club e Vacation Ownership são as principais denominações atribuídas à divisão de tempo compartilhado em redes de hotéis como Sheraton/Starwood, Hilton, Fairfield, Wyndham e outras tantas mais. No Brasil, time share não é tão conhecido porque a maioria das redes hoteleiras são administradoras e não proprietárias. Não podemos fazer esse tipo de negócio com outras pessoas que não os proprietários dos empreendimentos. Essa é uma das principais razões. A outra é porque o conceito de resort ainda é muito novo por aqui. As pessoas só ouviram falar em resort no final da década de 80, começo da de 90. No entanto, nossa perspectiva atual para o mercado brasileiro é bastante promissora.

HN: A tendência é que o tempo compartilhado cresça na hotelaria nacional?
Maurício Alexandre: A difusão do segmento no país não está nos primórdios, mas ainda resta muito espaço para ser ocupado por tempo compartilhado. O negócio está em um momento favorável. O Brasil vai se consolidar cada vez mais como destino turístico, o que só vai alavancar este conceito por aqui. Além disso, há o aumento de empreendimentos de qualidade. Desde a década de 80, observamos o crescimento contínuo do tempo compartilhado no mundo. Agora chegou a vez do Brasil.


Equipe RCI: Luciana Kuzuhara, Maurício Alexandre, Erica Vacchi Soares, 
Lorayne Colliri e Alejandro Moreno

HN: Você poderia citar exemplos deste crescimento, em termos globais?
Maurício Alexandre: Em 1985, foram vendidas 2.450 semanas, com volume de vendas de US$ 1,580 bilhão ao ano. Em 95, este número passou para 6 mil semanas e US$ 5,117 bilhões. Em 2004, foram 12.227 semanas vendidas e US$ 10,490 bilhões. O número de resorts credenciados também cresceu. Em 95 eram 2.983. No ano passado, 4.066. As famílias associadas seguem este fluxo. Em 95, eram 2.048.804. Em 2005 chegaram a 3.284.252.

HN: Quais redes ou resorts são afiliados da RCI no Brasil?
Maurício Alexandre: Pestana, Rio Quente, Beach Park e Marina Palace, entre outros. No momento, temos 81 empreendimentos credenciados no país.

HN: Qual é o volume anual de negócios gerados no Brasil e no mundo graças ao tempo compartilhado?
Maurício Alexandre: No Brasil, cerca de US$ 32 milhões. No mundo, US$ 10 bilhões.

HN: O que você diria para os hoteleiros que se sentem inseguros para se afiliar à RCI?
Maurício Alexandre: Conversem com quem já entrou no negócio. Um afiliado é a melhor fonte que um não-afiliado pode ter.

Serviço
www.rci.com