No Amazonas, um caso muito especial de gerenciamento de apart-hotéis chamou a atenção do Hôtelier News. A Manaus Hotéis, empresa dirigida por Regina Avelino e fundada pelo grupo Unipar, que existe há 23 anos, é tocada apenas por mulheres, quatro delas no comando de três empreendimentos. Homens são encontrados nas recepções, em cargos de mensageiros e na manutenção, mas os postos de gerência são todos delas. Como isso aconteceu, como lidam com as pressões do dia-a-dia e como é trabalhar só com mulheres? Você vai saber agora…


Equipe da Manaus Hotéis: Juliana Borba, supervisora de Vendas,
Marileide Gama, coordenadora comercial, Camila Sampaio, gerente
operacional do Century, Lorena Tres, gerente geral, Ana Oliveira, 
gerente operacional do Saint Paul, Priscila Dutra, gerente operacional 
do Adrianópolis, e Usthane Rodrigues, assistente comercial
(fotos: Karina Miotto)

Por Karina Miotto

Elas garantem que, quando a Unipar resolveu fundar a Manaus Hotéis, há três anos, muitas pessoas foram entrevistadas. “Já tivemos homens em nossa equipe, mas todos saíram. Aconteceu que as mulheres estavam mais preparadas para o que a empresa procurava”, afirma Lorena Tres, que, com 26 anos, é gerente geral de todos os empreendimentos da rede: Saint Paul, inaugurado há 21 anos, Adrianópolis, construído há 16, e Century, lançado em 2005.

Suas bases ficam no escritório e dentro dos apart-hotéis, onde conta com o apoio integral de três gerentes operacionais: Camila Sampaio, de 22 anos, Ana Oliveira, de 24, e Priscila Dutra, de 29. A separação dos cargos ocorre porque além de possuir UHs para hóspedes que geralmente viajam a Manaus a negócios, os prédios também têm apartamentos para moradores.

Lorena trabalha separada das outras meninas, mas está sempre antenada. “Tenho que saber de tudo o que acontece. E, não sendo preconceituosa, prefiro trabalhar com mulheres porque a gente se compreende” conta. Elas se orgulham em serem gerentes. “A hotelaria é uma profissão muito masculina, são raros os casos de gerência para as mulheres. Mas agora o mercado está nos dando mais espaço”.


Lorena Tres: “As mulheres se compreendem”

Juntas e com o apoio do comercial — que também só tem mulheres —, as executivas comandam empreendimentos que somam 427 apartamentos, 300 deles destinados a hóspedes que estão em Manaus só de passagem. E o número de UHs vai aumentar ainda mais. “Faz parte dos planos da rede a construção de um novo hotel. Até o segundo semestre definiremos muitas coisas para dar início ao projeto. Este é um passo que está sendo mais do que esperado por todos nós”. Atualmente, a Manaus Hotéis tem 127 colaboradores.

Surpresa
As quatro gerentes já tinham experiência em hotelaria e a promoção ao cargo chegou como uma surpresa inesperada e benvinda. Ana está há um ano gerenciando o Saint Paul. Antes, era recepcionista, mesmo cargo de Camila quando foi convidada a se tornar gerente operacional do Century. Lorena há seis meses é a gerente geral dos três empreendimentos (antes era gerente comercial) e Priscila atuou por seis anos na governança, em diversos empreendimentos, até assumir o Adrianópolis. Foi a mais nova a integrar a equipe. “Estou aqui há dez meses, mas parece que já faz anos”.

Lorena e Camila contam que, quando surgiu o convite, não tiveram tempo de se preparar para o tamanho da responsabilidade que as esperava. Não tinham experiência na gerência de um empreendimento, simplesmente aceitaram e arregaçaram as mangas. Arriscaram e deu certo. “Aprendemos a ser gerentes”.


Elas tocam a Manaus Hotéis

Números da rede   
Adrianópolis – Diária média: R$ 183,60 – Ocupação: 58,51%
Century – Diária média: R$ 229,53 – Ocupação: 55,1%
Saint Paul – Diária média: R$ 135 – Ocupação: 70%

“Manaus Hotéis, bom dia!”
Muitas vezes é assim que se pegam atendendo o celular pessoal em pleno sábado à tarde. Todas na mesma sala, deslancham a contar uma série de histórias. Depois de gargalharem com a maneira como atendem o telefone, engatam outro assunto: namoro.

Namorar alguém ciumento? Em uníssono respondem “nem pensar” porque provavelmente muitos não entenderiam a ausência quase diária, seja porque viajam a negócios, seja porque chegam tarde em casa. “Dizem as estatísticas que é difícil hoteleiras se casarem, a não ser que namorem pessoas com rotinas bem parecidas. Não poderia nunca me relacionar com alguém que trabalhasse das 9h às 18h”, afirma Camila. “Tem cliente que liga no meu celular para avisar que está chegando no hotel. Como vou explicar isso?”, dispara Priscila. Camila completa: “e a gente também ganha presentes”. Todas namoram? Sim! E há bastante tempo.

Ela continua: “Nossa cabeça fica conectada no hotel mesmo que a gente esteja fora. Já aconteceu de eu acordar de madrugada e ligar no meio da noite para saber se estava tudo bem”.

O que também é comum entre as mulheres da Manaus Hotéis? Viajar a passeio, só em sonho. Dizem elas que isso é raríssimo. “Para ir até Presidente Figueiredo, que fica perto daqui, já é bem difícil”, conta Lorena. “Nas férias, só temos coragem de desligar o celular e relaxar depois da segunda semana”. Claro, na ausência de uma, as outras ficam super ligadas para que o trabalho aconteça direitinho.

  
Priscila e Camila em um bate-papo no corredor: amizade dentro e fora do escritório

“Na época da inauguração do Century, não tinha elevador. Eu subia 19 andares de escada todos os dias. A gente não dorme direito, fica estressada, cai cabelo, nos enchemos de espinhas”, conta Camila. De fato o trabalho é duro, mas largar a hotelaria por alguma coisa menos apaixonante e mais fácil de fazer está completamente fora de cogitação.

E como vocês relaxam, meninas? Respondem que vão ao salão de beleza pelo menos uma vez por semana. Elas também organizam festinhas, happy hour, saídas noturnas e churrascos entre si. Se percebem que uma está cansada demais, triste ou qualquer coisa do gênero, as outras três se reúnem para um bate-papo, querem ajudar. São amigas dentro e fora do escritório. Será que este é um dos segredos da Manaus Hotéis?

Serviço
www.manaushoteis.tur.br