"A hotelaria brasileira é uma indústria incrível", diz Alfredo Stefani
(foto: Filip Calixto)

Alfredo Stefani é um apaixonado por hotelaria. Nas suas próprias palavras, um "hoteleiro atípico". Completando 35 anos de atuação na indústria, Stefani vem de êxitos alcançados em empreendimentos que vão desde hotéis urbanos a importantes projetos como o Uxua Casa Hotel & Spa, em Trancoso (BA), Pousada Maravilha, em Fernando de Noronha (PE), e Anavilhanas Jungle Lodge, um dos mais conceituados hotéis de selva no coração da Amazônia.

Stefani é formado em design industrial pela Universidade Estadual de Minas Gerais e em direito pela Faculdade de Direito Milton Campos. "Cheguei a trabalhar com design imobiliário e de interiores, ganhando inclusive alguns prêmios do segmento. Mas era uma época em que o design estava começando e se ganhava muita notoriedade e ainda, pouco dinheiro na época. Sempre gostei de receber pessoas, sendo motivado pela família e amigos para entrar no ramo da hotelaria. Um dia, aconteceu por acaso, eu estava andando pela Oscar Freire e notei que um dos hotéis dali, o Regente Park, que existe até hoje, estava admitindo recepcionista bilíngue. Como já havia residido nos Estados Unidos, arrisquei uma conversa e saí contratado, iniciando ali a minha trajetória", diz o gestor em entrevista exclusiva para o Hôtelier News.

Em uma época em que ainda eram raros os cursos de hotelaria, Stefani – designer por formação – diz que aproveitava para extrair o máximo de conhecimento durante a sua permanência na unidade. "Resolvi direcionar, porque naquela época para você cursar hotelaria ou ia-se a Gramado (RS) ou Lausanne (França). Nem se falava muito em Cornell e a hotelaria era baseada no modelo europeu e um pouco também no americano. Priorizei empreendimentos onde eu pudesse sempre aprender na prática", explica.

Depois da segunda experiência na hotelaria, que se deu no Holiday Inn Crowne Plaza, também em São Paulo, Stefani fez uma pausa na hotelaria para auxiliar uma amiga na abertura de um antiquário. "Dentro da loja eu conheci o Valter Gerbara, que estava montando o L´Hotel [Porto Bay] na Alameda Campinas. Foi uma experiência muito profunda, aprendi muito ali sobre a arte de receber", relembra.

Diversificando e sempre buscando por novos conhecimentos e vivências, Alfredo Stefani teve uma breve passagem pelo Rio de Janeiro, retornando a São Paulo para a sua primeira experiência na gastronomia, a convite do Gino, um restaurante tradicional de Nova York cujos proprietários escolheram a capital paulista para a primeira filial fora dos Estados Unidos. Nos anos seguintes, Alfredo teve passagens por hotéis como o Normandie, no centro de São Paulo; Tropical Manaus (AM); Grand Bittar, em Brasília (DF); Pousada Maravilha, em Fernando de Noronha (PE), onde participou da implantação; Tropical Araxá (MG); Tropical Cataratas (que foi convertido a Belmond); Radisson Faria Lima (atual Radisson Blu), da Atlantica Hotels; Uxua Casa Hotel & Spa (BA); e Anavilhanas Jungle Lodge, em Novo Airão, no coração da Amazônia.

Amazônia como destino turístico
"Fui apresentado à Amazônia por um casal de amigos, uma pesquisadora e um geógrafo que tinham um barco de pesquisas. Os conheci porque eles tinham alugado o barco para o corpo gerencial de um hotel que estava promovendo um evento. Anos depois surgiu a oportunidade de ingressar no Anavilhanas, e eu já conhecia inclusive a região, Novo Airão. O projeto é incrível, totalmente sustentável e passa constantemente por melhorias. Eles sempre estão fazendo movimentos no sentido de aumentar a experiência e o conforto do hóspede. Na minha permanência ali, melhoramos o restaurante, a cozinha, os depósitos, reformamos um barco para passeio, ampliamos a recepção, enfim, eles (os proprietários) não param. Acho o Anavilhanas um exemplo a ser seguido pelo conceito e pelo lugar esplendoroso", afirma.

"Acho que existem muitas amazônias dentro da Amazônia. Existem muitos micro-cosmos que deveriam ser explorados turisticamente. A Amazônia no primeiro olhar, parece igual, mas se você prestar atenção nos pequenos detalhes, você percebe a sua riqueza. O Estado do Amazonas tem muito a oferecer, a cidade de Manaus também é singular, cheia de atrações. Existe sim, muito a ser explorado, é um destino para aventura, eco-turismo, lazer, cultura, gastronomia, enfim, tudo ali é forte demais", opina o profissional.

Alfredo Stefani por si mesmo
"Acredito muito na gestão de pessoas. Me considero um grande gestor no sentido de compreender o produto, seu conceito e transmitir isso para a equipe. Acho que motivação vai além do jargão de vestir a camisa. É ter consciência de que é uma parte do mecanismo que faz tudo funcionar e fazer a diferença naquilo que lhe foi confiado. Gestão de pessoas é aproveitar o melhor de cada pessoa, minimizando seus defeitos e exponenciando as qualidades, gerando paixão pelo que se faz", declara Stefani.

A hotelaria no Brasil
"Tenho muito orgulho da hotelaria no Brasil. Somos desbravadores, somos guerreiros, somos empreendedores. É muito difícil fazer hotelaria no Brasil e ainda assim, somos uma indústria que emprega muito, cresce muito e que tem muitos desafios a serem vencidos em um País como o nosso. A hotelaria brasileira é uma indústria incrível. Temos produtos aqui que competem com os melhores hotéis do mundo sem dúvida alguma. O brasileiro não tem só uma latinidade, tem a brasilidade que encanta", finaliza.

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